Apesar de nem a própria produção do anime saber o que se passa nessa “adaptação” o episódio final de Tokyo Ghoul:re não foi tão ruim, né. Okay, ele foi. Teve “bons momentos”, mas no geral foi ruim e não podia acabar de outra maneira, não é? Vamos nos despedir de Tokyo Ghoul:re aqui no Anime21!

A luta do Kaneki com o Furuta até teve boa animação em algumas cenas e um pouquinho da fluidez a se esperar de grandes cenas de ação do estúdio Pierrot, mas para o clímax final do anime de uma das maiores franquias dos últimos tempos no Japão ficou aquém.

Aliás, essa é a marca que o anime deixa para seus fãs, a de uma produção desleixada, pouco qualificada e pouco recursada. Fico pensando se não era melhor não ter sido feito um anime da obra se era para ser algo medíocre assim. Melhor que só existisse o mangá mesmo – que pode ter tido seus problemas, mas não foi um irrefutável fracasso.

O anime de Tokyo Ghoul:re foi tão qualquer coisa que os primeiros números das suas vendas de blu-ray no Japão foram deprimentes. Okay, a perspectiva de vendas já não era tão boa não importasse a qualidade da adaptação, mas é triste ver uma obra tão apreciada pelo público e pela crítica ter o seu último pico de popularidade marcado por algo péssimo. Acho o anime um dos piores do ano de 2018.

Se o anime todo tivesse tido esse “sangue no olho” eu não estaria aqui reclamando…

Enfim, a luta do Kaneki com o Furuta pôs cara a cara o antes protagonista trágico, e agora o rosto e o coração de um conto épico peculiar, e o vilão que surgiu do mais repleto nada – mas também não foi bem assim. A verdade é que no mangá a construção do Furuta é bem melhor, e que toda a ideia dele não ser um personagem até o :re – ele até era, mas sempre agia das sombras, não era o personagem “consciente” na maior parte da história como o grande vilão costuma ser – também era interessante.

Mas era porque havia uma construção meticulosa que foi sendo destrinchada pelos fãs à medida que a série ia sendo lançada. Em um anime rushado como esse isso seria tudo menos possível. Adaptação à parte, no anime o vilão é ruim, suas motivações acabam se tornando confusas para o telespectador e fica difícil se apegar a ele, enxergar carisma no personagem ou refletir sobre o que ele desejava.

No final ele luta com o Kaneki e fica claro que ele só queria ser uma pessoa normal, mas nunca teve essa chance e por isso saiu por aí arrepiando geral com uns planos mirabolantes que deram certo demais até o momento no qual ele não poderia mais usar as pessoas – ou suas circunstâncias – ao seu favor.

De onde vinha a força do Furuta? De seu desejo de ter uma vida normal e tocar o terror no mundo ao ter isso privado dele? Acredito que sim, e eu nem digo que esse não seja um motivo honesto, mas foi a forma como esse vilão foi apresentado e desenvolvido que o tornou raso, raso demais para todo o seu tom “trágico”.

Ele é trash demais, caricato demais, clichê demais e sem graça demais para ser um personagem bom. Acho isso uma lástima, pois no mangá o personagem tem alguma profundidade e acaba sendo bem interessante, ainda que falho – mesmo com a forma incomum que fora concebido.

O pior é que não posso mudar muito tal discurso se falando do Kaneki. Um personagem carismático, complexo e interessante nos dois primeiros animes da franquia; mas um protagonista bem ruinzinho nesses dois últimos. A trama de Tokyo Ghoul no mangá é toda muito guiada por ele – e ainda assim a Kanekidependência não existe – e isso aprofunda demais o personagem, o conferindo camadas que a adaptação do anime jogou fora.

O problema dele nem é de motivação ou de trajetória, mas se refere ao que ele deixou a desejar como personagem, como uma pessoa que o público acompanhava e pela qual torcia. Quase tudo o que ele disse nesse episódio foi bem bacana – principalmente no monólogo antes de dar um fim na Rize –, aliás, foram os “melhores” momentos dele.

Mas esse foi o final de sua trajetória épica com Rei dos Ghouls? Cadê o outro lado da moeda? Só há final feliz para todo mundo?

E o pior nem foi só isso, mas você, caro(a) leitor(a), reparou na cena em que passou um “flashback da vitória” e o Kaneki lembrou de quando lutou com o Arima no meio da rua com o Hide nos braços? Do que eu esperava de ruim desse episódio isso foi o pior, porque aquela cena não faz sentido algum.

Se a equipe de produção fosse coerente jamais teria usado aquela cena, e não digo isso porque todos os indícios possíveis de que estavam adaptando o :re – cuja premissa base diverge daquele final do √A – foram dados, ou não só por isso, mas também porque dois episódios antes um fato eliminava toda e qualquer possibilidade – que já não existia – do :re ser uma sequência do √A.

Ele quis roubar do Kaneki o que nunca teve e conseguiu, mas o proporcionou tantas outras coisas…

O Kaneki não mordeu o Hide antes de lutar com o Arima, além de que parece bastante que o Hide havia morrido ali. Todavia, se não foi o caso, só com o fato de seu machucado horrível não poder existir para início de conversa, a cena se torna prova cabal do quanto a staff de Tokyo Ghoul é amadora.

Ninguém viu essa porcaria antes de soltar no ar não? Ou será que eles não estavam prestando atenção no que passava em tela? Talvez não soubessem, talvez não se deram ao trabalho de conhecer o que deveriam estar animando para manter o mínimo de coerência narrativa. Isso foi ridículo, mas já nem sei se eu esperava menos.

Eu conto ou vocês contam?

Como cereja do bolo – apesar da cena bacaninha na qual o Kaneki mata a Rize alienígena de uma vez por todas – há aquele final estapafúrdio no qual todo mundo acaba feliz – isso quem aparece. Dão a louca e Tokyo Ghoul:re acaba como um conto de fadas!

Não acho que era para acabar de uma forma trágica nem nada, mas era mesmo necessário curar o Shinohara do mais repleto nada? A imouto do Shirazu eu dou um desconto, afinal, a cura dela foi possível devido aos avanços no ramo da medicina que pesquisa os ghouls, mas por que mostraram o Naki casado com a Miza e seus nove filhos – sim, os dois tiverem nove rebentos – e não o método de alimentação dos ghouls que foi um baita avanço rumo a coexistência entre as duas raças?

E olha que já no mangá achei isso meio jogado, mas era sim necessária essa citação. Não engulo o mundo de conto de fadas sem que o “probleminha” da comida que tanto atormentou humanos e ghouls estivesse resolvido.

Aliás, é sério que o Kaneki – o assassino em massa que ele é – abriu um café e continuou vivendo de boa com a esposa e a filha fofíssima? Do que adiantou a breve reflexão dele, e seu “martírio”, sobre as vidas que ele ceifou sem consequência para o ocorrido? Ao menos não sem uma consequência prática, visível, palpável.

SABIA QUE O NOME DELA É ICHIKA E O NOME DA TIA AVÓ DELA É YOMA? ❤

Até entendo ele não ser preso, mas as cenas de finais felizes foram somente jogadas e nada foi realmente contextualizado sobre o que ocorreu e como, sobre o porquê desse mundo distorcido parecer bem melhor do que ele jamais foi pintado.

No final das contas, o que a culpa ser do mundo importava mesmo? A história de Tokyo Ghoul contada no anime quis dizer o quê? Que se você for um protagonista vai se transformar, vencer o boss final e encontrar um final feliz que parece muito meia boca? É, foi isso o que disseram.

Adeus Rize. Descanse em paz!

Para o que serviu o Ayato ter ido ao subsolo mesmo? Nem me lembro. Mas sequer explicaram isso? Não, e esse é mais um exemplo do quanto essa produção estava perdida, adaptando parte do mangá até enquanto dava para deixar de lado no rush de final de anime. Não me espanta o Kaneki acabar o anime com um sorriso bobo no resto. Deve ter sido para se igualar aos fãs que foram feitos de besta.

Em apreço a obra em si ainda vou dar duas estrelas para esse episódio, mas a minha vontade e só de esquecer que isso sequer existiu. O anime de Tokyo Ghoul:re é a verdadeira tragédia de Tokyo Ghoul.

O anime pode ter sido uma tragédia, mas ao menos o Kaneki teve seu final feliz! ❤

  1. Bom vou dar Minas considerações finais, não li o mangá e fiquei somente no anime. Não entendi nada dessa história e a única sensação que fiquei foi de frustração. A primeira temp do Tokyo Ghoul vi um grande potencial a ser explorado com um protagonista interessate, personagens secundários razoavelmente bons e uma história que escalaria muito bem mas no fim a falta de verba da própria produçao e até mesmo a falta de carinho sobre a obra que fizeram seu túmulo. Sinceramente depois de 4 temporadas se alguém me perguntasse se compensaria assistir falaria somente que não, procure outra coisa com o seu tempo. A única coisa boa que trago desse anime que fiquei com vontade de ler o mangá, devo ler nos próximos meses tranquilamente. Obs: Li os textos sobre os 12 episódios finais do anime e gostaria de agradecer, muitas coisas não tinha entendido e ficava só a dúvida do que tudo aquilo significaria e esses textos ajudaram demais. Fica aqui o meu agradecimento.

  2. Fico feliz que tenha gostado dos artigos, mas lamento que você, e nem eu, possa dizer o mesmo do anime… Faço das suas as minhas palavras, ver o anime de Tokyo Ghoul é perda de tempo, melhor é ler o mangá e dar uma conferida no filme Live-action, ou no máximo ver a primeira temporada e os ovas que também são bons. Agradeço o comentário e o prestígio, e espero que esteja gostando do blog e fique antenado para o início da nova temporada e todos os outros conteúdos que traremos esse ano.

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