Neste artigo farei uma breve introdução e comentarei quais as minhas primeiras impressões de Log Horizon, série de light novels de autoria de Mamare Touno e ilustrações de Kazuhiro Hara, que está em andamento no Japão com 11 volumes, possui uma adaptação para anime com 50 episódios e há também uma adaptação para mangá, mas essa possui apenas 1 volume e adapta só o primeiro livro.

A light novel está sendo lançada no Brasil pela editora New Pop – que também lançou o mangá – e o anime completo se encontra no catálogo do Crunchyroll. Mas por que ler Log Horizon? O que torna a série uma leitura interessante e indicável? Me acompanhe neste artigo e desbravaremos a resposta!

Tudo começa com um pacote de expansão de um popular jogo MMORPG chamado Elder Tale. No dia do lançamento dessa expansão, 30.000 jogadores japoneses são confinados no mundo de Elder Tale – na verdade, em um mundo extremamente similar ao do jogo, mas que apresenta algumas diferenças que tornam toda a experiência ainda mais real e problemática.

É, Log Horizon é uma obra de isekai, e uma que ajudou a popularizar o gênero no Japão, entretanto, é a abordagem de sua premissa que faz com que ela vá além e se torne uma leitura interessante, não só pela experiência dos personagens em um outro mundo, mas também pela maneira como se organizam em sociedade, como eles adquirem problemas palpáveis e que condizem com sua condição, além da atenção que o autor dá aos detalhes que corroboram para a ótima construção de mundo que a obra entrega.

Log Horizon é bem mais que um simples isekai, e isso se deve aos seus personagens, afinal, light novels são, em sua maioria, escritas com o foco em dissecar seus protagonistas para só por ventura expandir a trama e explorar o mundo.

Sim, a premissa de Log Horizon lembra a de Sword Art Online, contudo, há dois pontos discordantes. Primeiro, a morte nesse outro mundo não significa a morte definitiva. Segundo, não se tem qualquer explicação sobre a causa desse fenômeno que na obra é chamado de Catástrofe. 30.000 pessoas são jogadas em outro mundo com corpos ajustados aos avatares do jogo e no mesmo level que possuíam nele, tendo que, antes de mais nada, pensar em como sobreviver; arranjar comida, abrigo, informação e apoio emocional uns com os outros.

É aí que o livro nos apresenta ao inteligente e perspicaz Shiroe, à Naotsugu, com seu jeito animado e extrovertido de ser, e eu não poderia esquecer da fofa e diligente Akatsuki. Juntos, eles começam a viver a vida em meio a toda essa confusão e a lidar com problemas reais, ainda que alguns desses problemas eles sequer poderiam imaginar que teriam.

Por exemplo, a comida nesse mundo só é nutritiva – não é saborosa –, há casos de guildas explorando aventureiros de level baixo – portanto, inexperientes –, as próprias atividades de PK – player killer, assassinato de outro jogador – passam a ser vistas com outros olhos e não há mais um sistema de controle do que é feito pelo jogador. Em uma terra sem lei, a insatisfação, o medo e a insegurança das pessoas tomam a pior forma possível e isso incomoda aqueles que buscam viver dignamente mesmo em uma situação adversa como essa.

E é por isso que Shiroe, um jogador experiente e que possui o raciocínio acima da média, enfrenta um dilema: ficar parado vendo toda a situação piorar ou tomar uma atitude. A partir disso toda a trama se desenrola, pois o protagonista tem muitas qualidades, mas também defeitos, e vai refletindo ao longo dos capítulos sobre o que ele vê de errado e o que ele quer que mude, só que com a consciência de que se ele não passar de um agente passivo para um agente ativo nada garante que o mundo ao seu redor vai melhorar; seja para ele, para seus amigos ou para os outros jogadores.

É com o prosseguimento da leitura que vamos sendo apresentados ao protagonista; aos seus valores, aos seus objetivos, seu modo de agir e pensar. A identificação com ele não é difícil, pois, apesar de se tratar de um adulto – e boa parte do público ser mais jovem –, ele também é falho, hesita e pondera.

É alguém equilibrado, mas não sem graça. Em Elder Tale ele já havia atingido o level mais alto, tendo a experiência de um veterano, mas por todo esse tempo evitou se unir a alguma guilda devido ao seu medo de assumir uma responsabilidade com os companheiros.

Mas é claro que ele não poderia ficar assim por muito tempo já que a obra trata justamente disso, da história de pessoas que tiveram suas vidas viradas do avesso, mas que têm a intenção de seguir em frente com elas, dando o máximo de si não apenas para “sobreviver”, mas para “viver” em uma realidade quase que totalmente nova e absurda.

No mundo para o qual eles vão há magia, os seres que no jogo eram NPCs – non-player gamer – são chamados de Povo da Terra – apresentam inteligência e personalidade iguais às de um humano – e coexistem com eles, Aventureiros.

Além disso, os monstros do jogo fazem parte desse mundo e isso implica que eles precisam aprender na prática o que brincavam na teoria, tendo que aprender a lutar e usar as habilidades de seus avatares. É como se eles tivessem entrado na tela do computador – ou do console –, passando a “viver para valer” todas as aventuras que seus avatares emulavam no jogo. Em Log Horizon não são necessários óculos de realidade virtual para isso, apenas um algo ou alguém que os enviou a esse mundo por algum motivo desconhecido que, sinceramente, não é relevante.

Se o autor quiser dar uma explicação com o prosseguimento da história tudo bem, o importante é que o protagonista e os outros personagens importantes ao redor dele desbravem tal mundo para o leitor, aguçando a curiosidade pela obra, para que ele “compartilhe” das aventuras desses personagens que estão gravando suas vidas em uma terra cujas páginas estão em branco.

Esse mundo não é só deles e eles sabem bem disso, mas sabem também que devem dar o melhor que puderem para “viver” nele.

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