O ano de 2019 contou com ótimas comédias românticas, mas acho difícil que alguma esteja no nível de Kishuku Gakkou no Juliet. Esta não é a primeira vez que a tragédia de Shakespeare ganha uma adaptação para anime – tivemos Romeo x Juliet, em 2007 – mas acredito que as mudanças em relação à história original foram muito bem-vindas para criar uma nova dinâmica entre os personagens.

Para começar, a trama se passa em um colégio e as “famílias” – que não deixam de ser famílias – foram trocadas por dormitórios. Então temos Romio Inuzuka, dos Black Doggies, e Juliet Persia, dos White Cats, como líderes destas duas facções e eternos rivais, até que ele se declara pra ela e começam a viver um amor proibido. A base está lá, mas é aí que começamos as mudanças.

Por exemplo, a comédia é um elemento muito bem explorado aqui, como nos momentos em que o casal se encontra escondido e precisa fingir que são inimigos quando aparece alguém. Também vale destacar as reações divertidas de Inuzuka, que fica muito empolgado por estar namorando Persia, e até mesmo o disfarce de Juliet como Julio, que resulta em diversas situações divertidas.

Apesar de dinâmica de comédia estar presente a todo momento, o romance não fica pra trás. O casal tem muita química juntos e realmente acreditamos no amor que existe entre eles. Muitas vezes vemos discursos como se o amor fosse maior que qualquer outra coisa e isso é crível pelas suas ações. Também é bem interessante pensar que Inuzuka, por exemplo, poderia ter ficado com Hasuki, que também é uma Black Doggie como ele, mas escolheu o caminho mais difícil para ficar ao lado de quem realmente ama. Vai dizer que isso não é fofo?

E como citei acima, os personagens de suporte são igualmente divertidos como o casal principal, tendo muito a acrescentar e movimentar a trama. Uma das minhas preferidas é a Hasuki, a amiga de infância apaixonada por Inuzuka. Ela é uma daquelas personagens que desde o começo sabemos que vai sofrer por ser rejeitada, mas continua tentando, o que nos faz sofrer junto com ela.

A verdade é triste demais.

Além dela, outro destaque é Char, a Princesa Tirana de West. Inicialmente apresentada como uma vilã, a personagem conta com uma personalidade que combina com seu apelido e conta com um twist interessante em seu arco, se tornando uma importante aliada. Entre os vilões de verdade, o principal é Airu, irmão do protagonista, que funciona como ameaça, e tem muita presença em cena.

Porém, nem todos os personagens recebem o mesmo tipo de tratamento e desenvolvimento. Claramente temos uma maior perspectiva por parte de Inuzuka, o que reflete em mais personagens do dormitório Black Doggie. Por conta disso, muitos alunos dos White Cats são prejudicados pela trama, como Sieber, Cait e Rex.

Um dos elementos que mais me chamou atenção, além do romance e comédia, é a presença de lutas, principalmente com espadas. A parte da ação do anime está presente em diversos momentos e se torna fundamental para a resolução de alguns conflitos, não ficando atrás de outras animações com foco neste gênero.

Kishuku Gakkou no Juliet com certeza é um dos principais romances do ano, adaptando uma história já conhecida, mas sem deixar de lado os clichês de animes. Uma mistura que funciona muito bem e já estou aguardando o anúncio da segunda temporada. Os fãs de comédias românticas encontrarão um excelente representante aqui.

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