Hello pessoas, como estão? Espero que estejam bem. Em mais um dia é a Bruna falando, e hoje irei resenhar um OneShot que gostei muito apesar de precisar ler duas vezes para entender todo o contexto. Não sei se isso já aconteceu com algum de vocês, mas, às vezes, algumas histórias necessitam ser lidas mais do que uma única vez para poder compreender tudo; confesso que quando comecei a ler Fukugaeru foi de forma rápida, sem muito compromisso, por isso senti a necessidade de reler.

Moral da história: NÃO LEIA RÁPIDO PORQUE VOCÊ SERÁ OBRIGADO A LER TUDO DE NOVO.

Deixando esta questão de lado, gostaria que vocês soubessem meus motivos para falar deste mangá hoje e não sobre um outro incrivelmente fantástico que irei resenhar na próxima semana. O primeiro motivo é concentrado numa metáfora sobre sapos e suas visão de mundo, achei isso muito legal por parte da mangaká e faz muito sentido quando paramos para refletir sobre; o segundo motivo foi em relação a personagem principal, assim que ela apareceu fiquei um pouco duvidosa quanto ao seu potencial, mas aos poucos entendi o porquê dela ser daquele jeito e me vi lembrando do manhwa Annarasumanara.

Não é novidade para ninguém que sou apaixonada por narrativas complexas ou que tenham mensagens importantes nas entrelinhas, graças a isso senti vontade de falar a respeito de Fukugaeru, pois, além dos avisos explícitos sobre a maneira que levamos a vida, também há uma chamada implícita por de trás de suas ações que só compreendi depois da segunda leitura.

O mangá lançado em 2006 conta a história de Kaoru Sanzawa, uma mulher solteira de trinta anos que vive em prol de seu trabalho e, depois de um tempo, começou a perder o gosto por sua vida. Sendo uma colecionadora de artigos – desde objetos mais pequenos a coisas grandes – sobre sapos, Kaoru compra um Fukugaeru (sapo da sorte) e o leva para sua casa; a grande questão desta aquisição é que o pequeno objeto está vivo e, percebendo as murmurações da mulher sobre sua vida e as escolhas que havia feito, leva-a até o corpo de uma conhecida sua, pois Kaoru achava que os dias desta moça eram mais felizes e melhores que os seus. A partir disto, a narrativa dá uma lição sobre estar satisfeito com a vida que tem.

Todos nós, em algum momento da vida, iremos reclamar sobre a forma como nossos dias estão seguindo, isto é fato. Mas, depois de alguns acontecimentos, notamos que estamos daquele jeito por uma escolha nossa ou por não conseguirmos encontrar nenhum atrativo em nosso cotidiano. Por que isso acontece? Esta é uma pergunta comum para muitas pessoas e é algo abordado neste OneShot.

Kaoru precisou fazer uma escolha no final do ensino médio (sempre no ensino médio, é claro) e graças a isso rumou para Tóquio em busca do emprego desejado, mas ela poderia ter ficado com um rapaz que ofereceu uma felicidade sem fim, algo muito bom para os corações românticos e algo sem segurança para as mentes racionais. Sanzawa ficou com o trabalho por ser o tipo de coisa que estava atrás há tempos, porém, perdeu a chance de se casar com um bom homem.

No início de sua caminhada como adulta ela sempre estava sorrindo apesar dos tempos difíceis, a jovem mulher estava séria quanto às experiências que iria passar e sentia-se confiante o bastante para enfrentar tudo com a cabeça erguida e bom humor. Porém, com o tempo, isso foi se desgastando e Kaoru acabou se tornando um típico adulto fazendo tudo aquilo que não gosta para poder sobreviver, por conta desta visão apresentada no mangá lembrei de Annarasumara, pois me recordei daquela chamadinha para a nossa vida e sobre que tipo de pessoa gostaríamos de nos tornar.

Outro ponto legal desta história é sobre como os dias das outras pessoas sempre parecem melhores do que os nossos. A protagonista da narrativa com sua visão de mundo faz jus àquele ditado: A grama do vizinho sempre é a mais verde. É bem interessante a forma que Yuu Watase coloca isto no mangá, pois quando Kaoru troca de corpo com uma conhecida sua da época do colégio fica bem claro os mundos diferentes e as dificuldades enfrentadas por cada uma.

Ninguém nunca vai conseguir imaginar o sofrimento alheio sem estar sob a sua pele, esta afirmação cabe bem neste caso por conta da forma que Sanzawa pensava que era a vida da outra mulher, sendo esta última casada e com filhos. É bom óbvio a diferença entre ambas, mas a protagonista só percebe isto quando estava no corpo da outra, foi neste momento que entendeu seus erros e aprendeu sobre como sua vida era maravilhosa por ter sido uma escolha sua.

Quando é que as coisas começaram a desandar? Conseguimos notar esta questão na personagem durante todos os capítulos, mas só obtemos a resposta próxima do final, pois é quando Kaoru percebe que suas escolhas não pareceram tão boas porque ela deixou de sentir gosto pela vida que tinha.

O mangá é altamente curto e bem leve de se ler, porém ele precisa ser lido com paciência e ser saboreado por nossos olhos e mente para fazer sentido. Caso contrário só será um amontoado de palavras com um sapo tentando mostrar o sentido da vida, então, certifiquem-se de estarem com a cabeça tranquila e com tempo para poderem entender as mensagens de Fukugaeru.

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