A determinação necessária para superar o gelo de alguém frio até os ossos não é algo que se vê por aí todo dia, mas o Mista e o Giorno mostraram do que são feitos nesse episódio – e também do que Jojo é, de feeling. Nossos heróis usam suas determinações para preencher o álbum que conta as suas aventuras. Enquanto minhas palavras perdurarem em alto e bom som será hora de Jojo no Anime21!

O episódio já começou bem por ter começado mal. Não é toda hora que o sabichão do Giorno dá um tiro pela culatra – mesmo que o sniper seja o Mista, não ele – e não só isso, o poder do White Album na prática se provou perigosíssimo, mas nada imbatível ou incontornável.

A cena do Mista praticando um snowboard improvisado – coincidentemente, só um ano antes a modalidade se tornou oficial nas Olimpíadas de Inverno – me fez rir um bocado, porque saiu muito do nada. Em questão de segundos ele montou uma prancha de folhas congeladas, o quão criativo e habilidoso um sniper consegue ser?

Praticar snowboard com uma prancha feita de folhas congeladas não tem preço.

Pelo menos o plano dele foi frustrado e a forma como ele lidou com a situação, questionando a toda hora o que devia fazer ou não, mas sem em nenhum momento fugir do desafio, mostrou o quanto o personagem é forte, ainda que indeciso.

E não uma força que advém de um Stand versátil, poderoso, mas da capacidade de se adaptar, perseverar, ser combativo. As ideias dos personagens muitas vezes são mirabolantes demais em Jojo, mas nunca deixam de dizer alguma coisa sobre esses personagens.

Aliás, muito do mérito pelo resultado da disputa deve ir para o Mista, pois foi ele que, com um Stand bem limitado, conseguiu segurar um inimigo extremamente forte, e praticamente sem fraquezas.

Eu adoro como ele sempre imagina uma forma inesperada de usar os Pistols e como isso aproveita seus predicados da melhor maneira. Se eles são craques em desviar as balas, então que ele leve o alvo até o ponto exato no qual poderá provocar um ferimento fatal. Foi isso que ele fez e foi muito bem feito.

O Giorno já não, ele apenas deu um realce ao embate, interferindo de forma providencial, é verdade, mas sem aproveitar o potencial de seu Stand para lidar com um inimigo dessa envergadura. Um que, além de ser forte, conseguiu até encobrir a única fraqueza que demonstrou ter.

Eu sei que esse é um artifício que o Araki usa muitas vezes para estender a luta e fazê-la se engrandecer com reviravoltas, mas não é como se muitas vezes também não fosse forçado, né.

Tomar mais de 10 tiros no corpo foi outro exemplo disso, ao menos porque ele foi capaz de manter o Stand ativo até o final.

Não que eu esteja desmerecendo o esforço demonstrado pelo Mista, mas a gente sabe que isso foi mais o Araki forçando a situação até o limite. Só que isso dá um charme a Jojo, uma história repleta de bizarrices.

Enquanto minha guitarra gentilmente chora abaixo de zero.

Então eu não vejo por que não relevar esses detalhes mirabolantes, muito também por como a luta se desenrolou, com o Mista se engrandecendo durante ela e o Giorno sendo um baita de um coach.

A verdade é que a forma que o Mista queria resolver a situação a princípio não estava errada, e nem a forma do Giorno. Aliás, parece que o garoto seguiu os conselhos do Abbacchio de antes e quis agir assim nessa missão, mas, no meio do caminho, ele também percebeu que poderia se deixar queimar pelo fogo do amigo e assim incentivou ele a ir além e rasgar o caminho na marra mesmo. Isso é Jojo!

Determinação é uma lanterna e o Giorno pode produzir uma a partir de um organismo vivo.

Não vou questionar de onde o Mista tirava tanta bala, mas sim elogiar sua coragem, pois, quando foi preciso arriscar a vida ele fez isso sem pestanejar; diferente de seu questionamento sobre como agir.

Mesmo com a barreira apelona do White Album ele não se amedrontou e nem hesitou, aproveitando algo que ele sabia que o ajudaria a fazer sua própria reviravolta, a segurança que um inimigo sente se vê que a tentativa do adversário falha.

Ele já tinha feito coisa parecida antes, então não veio do nada a ideia de sequer dar tempo para o inimigo reagir – tornando desnecessário prever sua próxima ação –, aproveitando o que deu aparentemente errado para puxar seu tapete e virar a disputa a seu favor.

Se o Ghiaccio tivesse sido mais cauteloso, ainda que por uma fração de segundo, não acabaria sendo encurralado como foi. Além disso, ele não considerou que era uma luta de 2 contra 1 e foi por causa disso que perdeu, tanto é que o Giorno mal chega e logo o elimina – o serviço pesado já estava feito.

Isso significa que o Mista não seria capaz de derrotar o Ghiaccio sozinho? Não necessariamente, pois, e isso é algo que devo repetir pelo menos até o fim da parte cinco, as circunstâncias da batalha são o fator mais determinante para seu resultado. Ainda que geralmente acabe em porrada pura e simples, só dará um golpe de misericórdia aquele que souber usar melhor até o que não se tinha a disposição.

Ele ter levado todos esses tiros para só daí eles terem uma chance de vencer foi muito foda!

O Mista mereceu a vitória menos pela coerência do que ele fez na luta e mais por seu feeling, afinal, ele se manteve de pé quando normalmente ninguém ficaria e soube encarnar o seu papel, o de um sniper que dessa vez não deveria dar o golpe de misericórdia, mas sim preparar todo o cenário para um grand finale a altura da aventura bizarra que é a obra. Jojo não se lê ou se assiste, Jojo se sente!

Mais um sorriso protegido com sucesso!

E nesse episódio senti várias coisas boas que reafirmaram meu amor pela obra, mas não me tornam alheio aos seus problemas, ainda que, repito, eu ache que o que é dado em troca seja mais digno de nota; como foi aquela cena cômica no final. Tinha como não rir daquele mal-entendido? Se tinha eu peço que você não me conte, pois me diverti muito com aquela cena do enfermeiro faz tudo Giorno.

Enfim, tendo você chorado suavemente ou não com esse episódio, caso não saiba, o Gently Weeps, habilidade especial que o Ghiaccio usa, faz referência a uma música que integra o White Album dos Beatles. Um dos maiores sucessos compostos pelo lendário George Harrison e que foi inspirada por algo que, coincidentemente ou não, é essencial a Jojo.

A ideia de que tudo é relativo – coincidência não existe. Para que situações tão estranhas deem tão certo de formas tão tortas a ideia de destino não pode ser descartada, pelo contrário, Jojo é a expressão máxima de um destino esculpido a mão.

Não a mão boba do Giorno, ao menos creio eu que não. O episódio termina com nosso grande vilão ainda nas sombras e contando com o sucesso dos subordinados.

O que esperar dessa última missão que ele dará aos garotos? Qual será o destino de Trish? Esquentarão o Risotto para não servi-lo aos telespectadores gelado depois desse episódio? Ele será um prego como a pequena pista – ele mexe com metal, então? – dada sobre seu poder ou se provará o pior dos integrantes de seu time?

O pior inimigo eu não sei, mas o único agora ele é. Veremos como será a segunda metade do Vento Aureo. Eu estou empolgado. Você está empolgado? Espero que o vento sopre a nosso favor. Até a próxima!

Vamos ver quais serão as próximas rosas a serem colhidas…

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