Um episódio ácido, com um ou outro defeitinho, mas no geral bem bacana. Gosto de como o autor de Dr. Stone não esquece de aprofundar os personagens secundários na medida do possível, não é só engenhoca científica promovida por um herói racional, mas, ainda assim, emotivo. É hora de Dr. Stone no Anime21!

Bem mais ilógico mesmo foi o plano do Senku e por um lado achei isso esperado, ele não é alguém que colocaria a vida de outra pessoa em risco com facilidade, por outro achei meio desnecessário, ele “perdeu” um dia só para mostrar o perigo aos companheiros.

Se a ideia dele era ir sozinho desde o princípio preparar logo as máscaras era o mais prático, ou ele temia desperdiçar esforços por não saber se havia mesmo um local daqueles por perto? Não creio ser esse o caso, ele tinha certeza de que acharia, então ponho na conta do autor, apesar de que não é exatamente ilógico “conferir” para depois agir, né.

Proceder com cautela talvez seja mais lógico nesse caso. Enfim, deixando isso de lado, não posso negar que o desdobramento foi ótimo, pois quando percebeu as verdadeiras intenções do Senku o Chrome não só negou sua “gentileza”, como também deu um passo a diante na relação dos dois.

Mais importante que um “mentor” que arrisca a vida e confia o conhecimento da humanidade a seu aprendiz é um companheiro que divide o risco e não age pensando na possibilidade de perder a vida, como se ela não fosse tão preciosa quando é. A extensão da cena com a conversa da Kohaku com o Chrome fechou esse momento com chave de ouro.

A segunda heroína dessa história passou por algo semelhante e pôde, de coração aberto, compartilhar essa experiência com o cienceiro. Foi por entender como ele se sentiu que ela o reconheceu como alguém forte, ainda mais com a realidade desconfortável relacionada a Grande Luta.

Claro, ainda precisamos conhecer a opinião da Ruri sobre com quem ela quer se casar ou não, mas o fato é que os caminhos dos dois, Kohaku e Chrome, se cruzam e eles entendem bem um ao outro. Lutam para realizar seus sonhos com armas diferentes, mas tendo a mesma convicção.

E foi aí que o anime brilhou nesse episódio, não na produção de tecnologia, nem na obtenção de material, mas sim no aprofundamento dos personagens secundários, sendo esse último o Ginrou. O medo que ele sentiu acometeu aos cienceiros também, mas por que só ele retrocedeu?

Porque o Ginrou precisava desse empurrãozinho para amadurecer, para não ser apenas falação e nenhuma ação. Isso o colocou de vez na prateleira dos personagens que têm o mínimo a oferecer a trama, como tem ocorrido com a Kohaku de forma mais gradativa e constante, com o Chrome em escala um pouco menor e com a Suika no episódio anterior.

É legal ver esses personagens aparecendo mais e tudo isso sem esquecer de dar bons momentos ao Senku, aliás, a “cola” que o autor usa para juntar tudo e o trabalho de personagem ser minimamente interessante em meio ao fascínio promovido pela ciência é um grande barato dessa obra. Não à toa a conquista do ácido sulfúrico foi tão gratificante.

Talvez não precisasse daquele suspense todo, porque é claro que o Chrome não fecharia a aba ali (que trocadilho horrível, eu sei), mas é um anime simplista, e um adaptado de mangá da demografia shonen, né, então usar aquela situação para fechar o momento do Ginrou e reforçar o laço de confiança bem amarrado entre os cienceiros foi bom para mim.

No geral, os momentos chave desse episódio me emocionaram, a comédia não me divertiu tanto, mas também não me desagradou e achei ótimas as saídas propostas pelo roteiro. Dr. Stone fecha bem o primeiro cour do anime, senão com a produção do antibiótico, com a última pedra em prol do objetivo.

E é de pedra em pedra que a ciência deve superar a ignorância.

Até a próxima!