Bom dia!

Mais um anime que o Kakeru escreveu as primeiras impressões e eu vou assumir a análise dos episódios. Mas isso não deve ser nada inesperado, já que o Kakeru escreveu primeiras impressões nessa temporada como se sua vida dependesse disso!

Um detetive desiludido com a vida e que veste um sobretudo, mas com um coração de ouro! Isso é noir? Mas ele também tem um revólver no lugar da cabeça em um mundo em que próteses corporais robóticas são comuns, então isso é cyberpunk?

É as duas coisas. Provavelmente.

Se bem que Juuzou Inui, o detetive cabeça-de-revólver, não parece ser exatamente um detetive. Ou pelo menos não o vi fazer muita investigação até agora, nem sei dizer se o anime irá ter alguma, mas estou disposto a apostar que sim.

O que ele realmente faz é resolver problemas envolvendo outras pessoas com extensões, como ele. Aliás, esse é mesmo o título dele, em um trocadilho entre revólver e resolver – com a pronúncia em inglês.

 

 

Um tropo comum de distopias cyberpunk é que os implantes robóticos ou cibernéticos são caros demais, de modo que seus benefícios se tornam exclusividade das classes mais altas, aprofundando a desigualdade social. São esses implantes que permitem à humanidade melhorar seu nível de vida, prolongar sua longevidade ou adicionar funções extras ao corpo, afinal.

Não é o caso em No Guns Life. Certamente extensões (como são chamados os implantes robóticos aqui) melhores são mais caras e poucos podem pagar por elas, mas há extensões baratinhas para as massas empobrecidas também, eventualmente ilegais ou perigosas para seus portadores.

As extensões foram inventadas como máquinas de guerra (ou a guerra acelerou seu desenvolvimento e adoção, não sei), e como resultado se tornaram um estigma nos tempos de paz em que a história se passa.

A maior empresa do ramo é também a empresa que controla por baixo dos panos a política e as informações na cidade (país?). Berühren é seu nome, que em alemão significa “toque”, mas um toque sutil, e devo dizer que sutileza é a última coisa que alguém deveria esperar da Berühren.

Completando o cenário cyberpunk, a população pobre vive em regiões abandonadas pelo poder público, dominadas pela máfia. O Grupo Kyusei, a máfia do distrito em que Juuzou se escondeu, já deu as caras, mas não tenho ainda a menor ideia do papel que ela vai ter na história.

 

 

O inimigo é evidentemente a Berühren, que sequestra crianças e conduz experimentos humanos nelas, no afã de criar extensões de uso militar mais poderosas.

E é uma empresa tão maligna, a despeito do quanto seus oficiais em campo até agora pareceram patetas, que o próprio filho de seu presidente se tornou uma de suas cobaias: esse é Tetsurou, o garoto que contratou Juuzou no primeiro episódio.

Parece que nem ele sabia disso, curiosamente. Nada muito inesperado, porém, considerando que o Juuzou também não tem memória nenhuma de antes de passar pelas operações que o tornaram um estendido. Se qualquer coisa, é conveniente para o enredo.

Não suportando mais o inferno que vivia nos laboratórios da Berühren, Tetsurou fugiu. No terceiro episódio, descobre-se que ele fugiu junto com outra garota, mas ela foi capturada.

 

 

Com um forte senso de justiça e a imprudência e idealismo típicos da adolescência, Tetsurou não consegue ficar parado. Ele nem consegue andar direito ainda, mas contra melhor conselho do calejado Juuzou decidiu não obstante agir por conta própria contra um criminoso misterioso que estaria atacando crianças para atraí-lo.

Seu idealismo é alimentado também por vários sentimentos de culpa: ele é filho do presidente da Berühren, não conseguiu proteger a garota que fugiu junto com ele, e agora essas crianças estão sendo atacadas por causa dele.

É difícil ser um adolescente nesse mundo.

Mary, a engenheira, completa o trio de personagens principais. Em um mundo em que extensões robóticas são comuns, engenheiros são praticamente médicos, e é nessa condição que ela trabalha e na qual presta auxílio para Juuzou e Tetsurou.

Está para se ver ainda se ela vai ter alguma importância maior ou se vai ser essencialmente a assistente dos outros dois.

 

 

Aliás, está para se ver se esse anime em si irá ter uma história mais interessante ou se será apenas uma sequência de casos com seus personagens peculiares.

De qualquer jeito está bom, seus personagens me conquistaram. Mas espero que os episódios pelo menos tenham algum tema para eu ter do que tratar nesses artigos – esse aqui eu enchi com introduções, o que certamente não poderei repetir.

O episódio anterior, que fechou o primeiro arco, fixou o tema que une Juuzou e Tetsurou e que deve aparecer mais vezes no resto do anime: a liberdade.

Ex-soldado, transformado literalmente pela guerra, Juuzou não quer ser apenas uma ferramenta. Com efeito, foi seu próprio parceiro durante o conflito que lhe disse isso enquanto se despedia.

A extensão cabeça-de-revólver tem uma peculiaridade: é capaz de disparar um tiro supostamente muito poderoso, mas o estendido que a possui não pode disparar sozinho: precisa de um parceiro para isso. O que torna Juuzou naturalmente uma ferramenta. Coisa que ele se recusa a ser.

Como cobaia da Berühren, Tetsurou era apenas uma ferramenta também. O pateta da corporação que o está perseguindo diz repetidas vezes como todos na empresa são apenas engrenagens da máquina maior. Em outra consideração, como a Berühren controla a cidade, é fácil imaginar o que sejam seus cidadãos para ela.

Tetsurou e Juuzou querem ser livres, mesmo que isso signifique ter que ir contra a organização mais poderosa e perigosa desse mundo.

Por outro lado, como visto no terceiro episódio, também os há aqueles que não tem para onde ir e podem considerar mesmo a tirania da Berühren um “lar” que de outra forma não teriam.

 

 

São tempos de paz, mas Anne e Ende são crianças soldado sob ordens da corporação. Elas não têm escolha, e se tivessem teriam escolhido de bom grado fazer o trabalho sujo da empresa.

Talvez elas tenham percebido seu erro de julgamento quando foram jogadas fora, mas me parece que agora é tarde demais.