Dois belíssimos episódios trouxeram as explicações que o público aguardava e não só isso, reafirmaram a capacidade de emocionar que a ciência tem.

Aliás, talvez este seja o maior mérito de Dr. Stone, nos lembrar a cada episódio o quanto a ciência é importante para a sociedade humana, é parte intrínseca de seu desenvolvimento e a razão pela qual somos capazes de ter esperança com os dois pés bem fincados no chão. É hora de Dr. Stone no Anime21!

Existirem pessoas em um mundo em que todos os humanos foram petrificados há milhares de anos é algo que só poderia ocorrer em dois cenários. Primeiro, pessoas despertaram antes, bem antes do Senku. Segundo, os descendentes primordiais da vila foram humanos não atingidos pelo fenômeno da petrificação.

Um caso não exclui necessariamente o outro, mas, cá entre nós, se unirmos a total falta de informação do povo da vila sobre a (des)petrificação a esse cruzamente de japonês com estrangeiro o segundo cenário não parece o mais provável? Além disso, o Senku sabia que o pai estava fora do planeta na hora da hecatombe.

Byakuya, o Astronauta.

Ele ter mantido a consciência ao ter ficado contando por milhares de anos eu já relevo, apesar de ser algo meio difícil de engolir, então foco na situação quase que predestinada para acontecer. Que pode parecer isso, mas para mim é muito mais fruto das possibilidades que a ciência produz que apenas uma cria do acaso.

O Senku não sabia nada do que aconteceu com o pai e vermos a vida dele após “o fim do mundo” foi uma forma bastante digna e emocionante de afirmar a força do laço que os une. Compartilhar o mesmo sangue não faria a mínima diferença aqui, não quando os dois compartilhavam a mesma visão e modo de vida, as mesmas convicções e confiança.

Porque Byakuya só foi capaz de direcionar seus descendentes a um futuro no qual Senku acordaria para reerguer a raça humana porque conhecia o filho e sabia que poderia encarregar essa missão a ele.

E ainda que sua estátua de pedra tivesse sido esmagada para sempre, tenho certeza de que confiar na mais ínfima possibilidade também é papel da ciência. Ciência também tem sua dose de esperança.

Parece o fim da internet, mas não, é só o fim do mundo mesmo.

A determinação de Byakuya, a determinação de um pai em acreditar em seu filho, foi uma das suas qualidades para manter a mente sã em meio a uma situação tão desesperadora e encontrar forças para não ser aquele que é salvo, mas aquele que salva.

É claro que a coisa não seria assim tão simples e é isso o que vemos no episódio seguinte, mas só de termos um grupo com o qual simpatizar e alguém de convicção para liderá-lo já ficou bem mais fácil de curtir o décimo sétimo episódio e assim se sensibilizar ainda mais com a história que deu origem ao vilarejo Ishigami.

Lembrando que eles podem não ter aportado no Japão, na verdade foi praticamente do lado oposto do mundo, mas nada impede que as crianças tenham recebido instruções e conhecimentos do Byakuya, principalmente através dos cem contos, e dos outros adultos para assim sair da ilha quando tivessem mais condições de chegar até o Japão.

Não exatamente no local em que o Senku morava, mas na mesma ilha, pois como sabemos o Japão é um aglomerado de ilhas, e como o protagonista não cruzou o mar, nem teriam como, é certo que milhares de anos depois os descendentes dos astronautas chegaram onde o Byakuya queria. O resto é história.

A determinação de um pai.

Como na tripulação de seis já havia um casal e procriar em uma situação dessas é praticamente um chamado dos instintos humanos não me estranha que crianças tenham nascido e nem que um casal tenha se formado.

Não fica claro se o Byakuya teve um relacionamento com a Lilian, mas se não tiver tido talvez eu ache até melhor, pois seria mais um clichê bobo de formar o máximo de casais para procriar a espécie, quando isso não era exatamente necessário, já havia um bom número de crianças ali.

Aliás, como não comentar as belíssimas músicas cantadas pela Lilian? Se tem uma coisa que encorpou esse episódio certamente foram elas. Em uma terra que o turismo espacial tem tudo para se tornar comum uma cantora de sucesso chegar a estação espacial e contribuir com a sua música para apoiar os outros tripulantes caiu como uma luva.

Uma pena que a pneumonia voltou a aparecer na história e foi dizimando os moradores originais da vila, mas não é como se pudesse se fazer muito a respeito, eventualmente eles morreriam mesmo e não tinham como combater a doença, nem lidar com praticamente nenhuma outra causa de morte. Era de se esperar que morressem e até ao dramatizar isso acho que a obra foi bem feliz.

O Shamil morreu agradecendo ao Byakuya, o que nos leva a um ponto em que sempre toco, como a ciência pode ser inclusiva.

Ele conheceu aquelas pessoas e mudou um pouco a sua forma de enxergar o mundo por causa delas em um encontro promovido pela ciência, além de que o próprio Byakuya confiou seu sonho de ver a raça humana reerguida para o filho que, como ele bem sabia, só seria capaz de fazer isso usando a ciência.

Como ele fez para construir a roupa especial que ajudou moralmente o pai a passar no teste. Como o garoto foi ao espaço junto de seus amigos, porque sabia que sozinho não seria possível. Como o Senku chorou ao lamentar a perda do Byakuya.

Debaixo da sua posse descolada de cientista louco o Senku é só um cara legal que se preocupa com os amigos e age da maneira mais digna e justa possível, ainda que precise trapacear um pouco para isso.

É esse personagem que foi salvo pela ciência e usa essa mesma ciência para salvar aos outros pelo qual eu torço, o cara que vai se digladiar com o Tsukasa após chegar ao topo da comunidade construída por sua família. Laços sanguíneos não são determinantes, os verdadeiros laços não precisam do respaldo científico para existir, mas nesse caso foram atados justamente pela ciência.

Li esse mini-arco no mangá, chorei, vi esse mini-arco no anime, chorei, e estou me segurando para não chorar de novo enquanto escrevo este artigo. Não sei como não me comover com uma história dessas e, honestamente, espero nunca saber. Ainda não tive contato suficiente com a humanidade para me tornar imune ao deslumbre que suas histórias provocam.

Histórias de humanos que por mais que tenham dedicado suas vidas a ciência nunca deixaram e nem deixarão de confiar suas vidas, seus sonhos, seus ideais, uns aos outros. Que o conhecimento seja uma dádiva em nossas vidas e que o próximo arco traga sorrisos para secar as lágrimas que este deixou.

Até a próxima!

P.S.: Você pode conferir uma entrevista bem bacana com o diretor do anime nesse link. Eu li e gostei muito, indico se você for fã da obra.

  1. chorei no momento em que o pai do Senku mostrava toda sua esperança em seu filho e chorei novamente junto com o Senku,opora meu quero assistir animes pra me trazer alegria,de tristeza basta os acontecimentos da vida

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