Gostei desse episódio, apesar de discordar veementemente de uma das afirmações que o Senku fez nele, mas como é de Dr. Stone que estamos falando, não é nenhuma novidade essa visão mais positiva, até mesmo inocente, de seu protagonista sobre a ciência que ele tanto adora.

Além disso, o entendimento com o Magma se deu de maneira satisfatória e a surpresa no final foi uma cereja no bolo, cujos pedaços estão se acabando, aliás… É hora de Dr. Stone no Anime21!

Achei legal ver que até mesmo o Magma foi “comprado” pelas invenções do Senku e as novas sensações que elas provocam nas pessoas, principalmente naqueles que as desconheciam.

Ele não tem músculo no lugar do cérebro e foi ciente disso que o Senku correu o risco de levá-lo consigo, pois sabia que de alguma forma tudo o que ele fez já havia impactado o brutamontes.

Essa me parece uma forma coerente de “conquista”, mais que a subserviência pela posição hierárquica ou coisa do tipo. Mas, claro, o esperado era que a direção brincasse com isso, fazendo parecer que o Magma tentou atacá-los quando era o inverso, clichê.

Clichê demais, mas isso nem é ruim, porque não foge ao que você pode esperar do anime, ao que ele vem apresentando desde o princípio, além disso, esse “deslumbramento” do Tsukasa compactua com o objetivo inerente da obra, fazer a ciência até mais legal do que ela realmente é. Não que ela não seja…

Mas paremos para pensar, a exposição “romântica” do Senku sobre uma ciência que dá oportunidades iguais para todos e coloca as pessoas em pé de igualdade é realmente o mais comum em nossa sociedade? O mais comum não seria a ciência ser usada como instrumento de domínio e outros interesses? Isso, claro, se não falarmos só da teoria.

A visão de ciência que o Senku passa a quem não a conhecia é muito bonita, e em certo nível verdadeira, mas ao mesmo tempo é bastante falha, pois na prática a distância entre um trabalhador braçal e um cientista não diz respeito só aos músculos, mas ao contra-cheque de cada um deles, assim como a forma que a sociedade enxerga cada profissão.

Não estou aqui querendo dizer que o trabalho braçal não seja importante, não importa é a pessoa que o faça, sejamos realistas; já sobre o trabalho científico a história é outra e é ainda pior que mesmo gênios em suas áreas sejam muitas vezes usados por quem é esperto e tem grana. Esse papo de “caminhar lado a lado” é quase um desserviço a nossa inteligência…

Sim, sei que o anime é assim, mas depende do exemplo que é usado e esse não achei lá muito feliz. Em compensação, Dr. Stone tem seus momentos mais realistas também, claro, ainda que seja a fim de promover uma quebra cômica, como rolou após a declaração bobinha de amizade do Chrome. Aliás, eu adorei o timming cômico desse episódio. Novidade? Nenhuma.

Outro detalhe que curto muito é como em momentos pontuais o Senku dá uma amostra mais conteudista de seu processo de raciocínio. Acho isso bom para mostrar principalmente a criança, que muitas vezes ainda conhece pouco de ciência, que não é só ter imaginação e saber como funcionam as coisas. É preciso de matemática, física, química; não é só a diversão que faz parecer a maior parte da série.

Enfim, curti o que se desenrolou na caverna, apesar da ressalva feita, mas acho que posso escrever sem medo que o ponto alto desse episódio foi seu trecho final!

Por um momento eu, um esquecido leitor do mangá, achei que o Gen tinha dito ao Magma que se ele demorasse lá o Tsukasa chegaria e ele poderia entregar a cabeça do Senku, parecido com o que o próprio Senku pensou que era, mas não, muito pelo contrário, o que a gente viu foi um momento singelo de retribuição que teve todo motivo para acontecer, até porque a Vila Ishigami é a “casa” do Senku, né.

Aquele que viria a se tornar o novo líder foi chegando aos poucos, conquistando os moradores com sua ciência de uso prático no dia a dia, ficou com o cargo de chefe da vila e então a conexão entre ele e aquela comunidade foi revelada, mais um motivo para fazer dele alguém querido para aquelas pessoas.

São laços assim que espero que sejam valorizados e adornados depois do tempo de convívio do Senku com um povo que ele pode chamar de seu, além de que, quando estiveram em perigo (ainda que fosse por causa do próprio Senku), quem foi que resolveu? Quem propicia a essas pessoas uma vida mais alegre com seus luxos, mesmo trabalhosa? Aqui eu vejo a “ciência de comercial” que o Senku quer vender.

Sendo assim, e depois das próprias dicas que ele deu para aqueles no seu entorno, não foi demais ver as pessoas normais, os não “cienceiros”, construindo um telescópio, um presente adequado para aquele que deseja conquistar ainda mais o espaço? Senku deve ter se sentido de alma lavada ao ver a ciência que ele tanto valoriza ter sido usada dessa forma.

Ele não vai admitir, tem que manter aquela pose de machão duro na queda (que a gente sabe que é só uma fachada para que não o vejam fraquejar). Algo bobo, é verdade, mas irrelevante, pois dá para perceber pela expressão dele como é emotivo, e como não deixa nunca de ser um cientista, já que faz questão de arranjar uma utilidade prática para aquilo que vem a ele apenas pelo valor sentimental.

Enfim, o Senku merecia seu telescópio, e apesar de eu já estar me cansando um pouco desse ritmo de deslumbre quase que constante com a ciência acho que o anime vai bem. O lance é que falta no máximo quatro episódios para seu final, espero que adaptem em um ritmo mais intenso, não exatamente rushado, para dar tempo de finalizar bem a guerra da ciência contra o desprezo ao conhecimento.

A gente sabe quem vai vencer, sejamos honestos, só queremos saber como e o quão gratificante esse fim pode ser.

Até a próxima!

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