Adentrando seu último mês de exibição, a segunda temporada de Bokuben nos apresenta um “arco” sério, na medida do possível para o anime, que até destoa um pouco do que é o romcom. Contudo, esse episódio ainda teve seus méritos e é sobre tudo isso que escreverei. É hora de Bokuben no Anime21!

A Furuhashi voltou aos holofotes em uma treta cabulosa com o pai dela que eu não esperava, porque não lembrava que ele era o professor de dois episódios atrás. Em meio a isso, o que o Nariyuki quer ser quando crescer – na verdade, ele e as superdotadas -, entra em pauta e nos mostram tanto uma família que apoia o sonho do jovem, qualquer que seja ele, quanto uma que o renega, por não crer em sua realização.

O pai da Fumino é intransigente porque não quer que a filha siga o mesmo caminho da mãe, mas não acho que seja só porque ela claramente não tem aptidão, ou ao menos eu espero que não seja o caso, senão eu realmente vou achar o pai dela um babaca e, honestamente, o forte de Bokuben não é mesmo o drama. Ele teme que a filha “acabe” como a esposa, ou que ela o supere, já que se acha tão medíocre?

Entre pais que apoiam os filhos e pais que não poderiam desamparar mais.

Vou me surpreender se não for um desses dois cenários. O fato é que o pai analisa tudo muito objetivamente sobre a filha não ser capaz de seguir a carreira que quer, mas vem com uma conversa fiada de que a matemática tem emoção e a matemática da Fumino não tem emoção alguma. Será que ele diz isso se baseando na letra da garota, ou nos métodos básicos que ela deve usar já que não domina a área?

Eu entendi que esse toque subjetivo dele na forma como encara a matemática só existe para dizer que é daí, do gene que “provoca” isso, que vem o talento da filha para conteúdos mais subjetivos. Achei bobo, mas nada anormal para Bokuben. O design deles achei até passível de associação parental, mas o importante mesmo não é isso, é claro, e sim que o anime pisou em um território inexplorado dessa vez.

Foi um episódio bem mais dramático que a média, ainda que tenham sido adicionadas muitas cenas cômicas justamente com a intenção de contrabalancear isso. Não acho que a direção ou o roteiro foram maus, não para o que costuma ser o anime, é que drama nesse aspecto só tinha sido visto com a sensei duvidando do sucesso do Nariyuki e, ainda assim, foi bem mais brando, menos ríspido, menos negativo.

Fumino puxou bem mais a mãe, certeza.

Felizmente, quando a situação tomou contornos ainda mais pesados, voltou à comédia, o que achei bom porque a gente sabe que Bokuben tem um limite, e o limite foi praticamente alcançado com a resignação do pai em não pedir desculpas à filha e deixar que ela se rebele saindo de casa, sendo acolhida pelo protagonista de romcom corajoso, até sem noção em certo nível, que o Nariyuki foi. Meio inesperado, né?

Eu esperava que ele fosse tomar partido dela, ainda que tivesse que se meter na briga familiar, mas chamar a garota para ficar na casa dele, ainda mais dentro de suas circunstâncias financeiras, foi bem legal. O Nariyuki compra a briga por aquilo que acredita e foi aí que a diferença entre a família dele e a dela ficou ainda mais evidente. A mãe o apoia, confia no julgamento e na escolha do filho, já o pai da Fumino…

Voltando um pouco no episódio, foi até fofo ver o Nariyuki dizendo que quer ganhar dinheiro para ajudar a família, que o maior sonho dele é esse. É o tipo de pessoa que ele é, a responsabilidade que ele aceitou carregar. Acredito que ele seguirá a carreira de professor e que conciliará ela a situação financeira estável que quer para a família, mas para isso ele precisa de apoio, não de pressão e incompreensão, né.

Nariyuki fez o convite só pra poder dizer, “eu, você, dois irmãozinhos e uma imouto…”

O pai da Fumino pareceu egoísta demais para entender o lado da filha, mas a tendência é de que ele tenha seus “motivos” para ser assim, além de que eles não parecem mesmo ter um canal de comunicação, uma cumplicidade, uma amizade; como é comum a ficção retratar entre pai e filha, e filho e mãe. Enfim, na segunda metade o trecho cômico inicial aliviou um pouco a barra e abriu espaço ao romcom de fato!

Contudo, não ficou só nisso, e nem poderia. A cena da infância da Fumino certamente não foi agradável, mas também não vou jogar o pai aos urubus por ter sido mal daquela vez, de luto, apesar de que anos se passaram e ele segue bem cabeça dura em sua forma de enxergar os desejos da filha. O fato é que há uma intransigência muito forte da parte dele rolando e que isso precisa mudar ou a Fumino vai virar a…

Sério, ela precisa voltar para casa ou a parada vai se decidir rapidinho. Zoeiras a parte, a cena “violenta” na infância me pareceu aceitável para construir melhor a situação, mas se ela será bem aproveitada só saberemos no episódio que conclui o “arco”. Não espero muito visto que qualquer que seja o desfecho, em ambos os casos, entre os dois que supus, o pai ainda me parecerá bem desagradável e egocêntrico.

Acho que já saquei o pai, mas, em todo caso, peguei um baita asco dele por momentos como esse.

Okay, ele pode e deve dizer que só estava pensando no melhor para a filha, querendo protegê-la de uma decepção, mas se fosse só isso mesmo, por que não falar logo? Ele é tão preciso para apontar o que falta a ela para seguir a carreira que deseja, mas é incapaz de ser franco como deveria. É triste, e eu eté entendo, tem pessoas que são assim, né. O que me espanta é ele não esperar que ela ao menos o ouvisse.

Ainda que não acatasse, mas dialogasse. Esse pai é aquele clichezão básico de alguém distante que até pode ser um adulto respeitável, mas não tem lá toda essa maturidade e nem tato para lidar com uma filha adolescente que obviamente não vai aceitar um não sem motivos bem fortes, ainda mais depois de ser apoiada por alguém que acredita que ela é capaz e vem constantemente mostrando isso a ela, o Nariyuki.

Não à toa ele intercedeu quando ela mais precisou. Enfim, você gostou dos momentos bobos clássicos de comédia romântica que rolaram tanto na casa dele, quanto na dela? Eu me diverti, mas realmente não tenho o que acrescentar sobre isso, prefiro palpitar sobre o conteúdo da tal pasta com uma tese cabulosa. Aposto que o que tem lá dentro são fotos de família ou algo similar, que esse é o tesouro da mãe dela.

Nariyuki é pobre, mas tem fartura quando se trata dessas situações que todo homem adora…

Mas, de toda forma, isso só saberemos com certeza no próximo episódio. O importante é que apesar de eu ter achado que o drama, como ele foi trabalhado nesse episódio, destoou um pouco do resto da série, ao mesmo tempo entendo que momentos assim são necessários, pois sem existir esse conflito, tirando os internos de alguns deles, fica mais difícil ver a real evolução do personagem em prol do seu objetivo.

Espero que ao fim desse arco a convicção da Fumino saia fortalecida, assim como acho que seria razoável se ela mostrasse algo ao pai que o fizesse enxergar “emoção” na matemática dela e assim a aprovasse. Se é para lançar mão desse tipo de besteira, que ela ao menos seja usada para resolver a situação, né? É, o leque de possibilidades parece ter se expandido um pouquinho. Talvez acabe melhor do que imaginei…

Digo, do que imaginei até chegar nessa parte do texto. É, texto ganha vida enquanto é escrito. Será que com conta também é assim? Não sei. O que sei é que adoro a proposta do autor de explorar o plot do personagem dentro daquilo que ele pode oferecer de melhor levando em conta suas características. Por ora, a Fumino parece ter a trilha mais interessante nesse sentido, mas reavaliarei isso na vindoura resenha.

Até a próxima!

Fumino é rebelde de saia com muito orgulho, sim, senhor!

Não sabia que o tipo de comédia romântica tinha mudado…

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