Em meio a multidão de animes que surgem a cada temporada, sempre tem aqueles que surgem com umas ideias bem incomuns e que de algum jeito acabam se misturando ali para ver se colam. Esse daqui é uma dessa peças, fazendo uso de um mundo criativo e uma premissa interessante para criar uma história que ocupe os protagonistas, será que vai funcionar?

Se eu disser que esse primeiro episódio não clareia minhas ideias sobre o futuro dessa série, não estou mentindo, assim foi. Apesar de eu achar a ideia central legal e até diferente, o anime não conseguiu me dar uma direção, tudo ficou mediano e regular demais.

A construção por trás do mundo de Gatepia chama atenção e a forma como as coisas se desenvolvem em torno das empresas de aventureiros e dos portões, mostra um diferencial que pode ser explorado, para além do “vamos desbravar o desconhecido por aí” – mesmo que o foco da obra seja claramente a comédia.

O problema do grupo principal é reerguer a empresa Kibou, que pertence ao pai desaparecido do protagonista, que por sua vez está pouco preocupado com isso. O que eu bem vi no Minato é uma pessoa extremamente desinteressada na vida e preguiçosa – uma maravilha de líder.

Agora me digam, onde que um sujeito na casa dos 20 ia se comportar como um colegial sem perspectiva de futuro como ele? Em contrapartida sua melhor amiga Yutoria, é uma trabalhadora focada e dedicada, tendo a dificíl missão de trazer ele a terra e fazê-lo sair da sua inércia, principalmente com a necessidade recente.

Falando nisso achei curioso o fato da equipe toda ser composta de gente adulta, porque todos tem um visual tão ensino médio que choca, muito embora o comportamento um pouco mais contido deles no trabalho meio que denuncie isso. Outra bizarrice está no visual do Minato e do Makoto, com ambos parecendo duas “traps” de tão delicados que estão. Se não fossem as vozes masculinas, dava para considerar esse anime um CGDCT de boa.

As outras meninas me pareceram simpáticas do seu jeito e fora o novo presidente, todos se mostraram bem competentes em suas tarefas na exploração dos portais, quando exigidos. Para não parecer tão inútil pelo seu despreparo físico, a estreia nos mostra que o protagonista tem bom coração e demonstra ser bem inteligente, então se não for alguém braçal, espero que seja um bom estrategista.

Nas partes da aventura em si, notei que as piadas tentavam se fazer presentes em várias oportunidades, mas nenhuma delas colou de fato comigo. Senti que as ideias eram boas, mas faltava alguma coisa para deixar aqueles momentos de fato impagáveis. Detalhes nessa história – incluindo a questão da pobreza dos personagens e os problemas do líder -, me fizeram lembrar vagamente de Last Period, agora se conseguirão ser igualmente divertidos, só a direção dirá.

O embate com o chefão foi absurdamente estranho, porque o próprio monstro parecia tão confuso sobre o que fazer ali, que finalizá-lo não era uma tarefa difícil. Para melhorar a animação fez uso de vários quadros estáticos, cortando ainda mais qualquer empolgação na luta.

Até tentaram criar alguma dificuldade, já que a única combatente atual é a Akari e ele também tinha uns truques no corpo, mas convenhamos, aquilo não enganou nem o mais descrente – e olha que eu sou super tolerante. Espero desafios melhores daqui para frente, por favor.

E se na comédia e ação capengaram um pouco, no climinha de quase romance já foram mais espertos, induzindo e depois traindo as expectativas com alguma piada – porém já está óbvio que o Minato gosta da Yutoria e ela talvez dele. Me pergunto se no futuro pretendem usar essa possibilidade para alguma coisa além da enganação.

Alguns rivais já foram apresentados de relance e como a concorrência entre as empresas parece séria, eles podem ser o tempero que falta para a missão da empresa Kibou. No mais eu realmente torço para que explorem um pouquinho mais os detalhes da composição desse mundo, como as suas particularidades físicas – além dos portais – e as organizacionais, o esquema de funcionamento das empresas e etc.

Enfim, Shachibato – como abreviam – foi uma estreia bem ok, que não disse muito e aproveitou pouco, mas lançou o que tinha de bom e dá para ser trabalhado de agora em diante, podendo entregar um bom resultado e que valha a viagem.

Agradeço a quem leu este artigo e até a próxima!

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