Animes curtos são bem conhecidos pela sua prática de contar historinhas divertidas – normalmente no gênero da comédia – em pouco tempo e principalmente, sem a intenção de tornar o enredo muito elaborado para se entender com as limitações.

Se 99% dos curtas seguem essa regra, Natsunagu seria – junto ao diferente Clione no Akari – uma das exceções que correspondem ao 1% restante, trazendo um leve drama que apesar de não ter explorado tanto quanto poderia, foi bom enquanto durou.

Assim como eu disse no artigo de primeiras impressões, essa obra me chamou atenção na temporada de Janeiro por tentar ser mais séria, utilizando um acontecimento real e trágico, como base para os eventos que acontecem com a personagem principal e sua amiga, que é a figura norteadora da coisa toda.

Natsuna é uma pessoa comum, mas que tem lá os seus problemas internos, tendo como porto seguro a Itsuki. Essa última mora na cidade de Kumamoto, que fora abalada por um terremoto e consequentemente acabou sumindo da vista e forçando a outra a buscar por ela.

O que é bem interessante na obra é o modo como ela explora com simplicidade as nuances da protagonista, apontando a sua natureza meio pesada e a forma como ela vai mudando aos poucos o seu olhar sobre a vida, ao observar como as pessoas que tem problemas maiores lidam com eles.

Inclusive falando nos personagens, gosto de como a obra utiliza todos, sem deixar que ninguém fique perdido ou sem função na história. Mesmo a Natsuna e a Itsuki – que teve uma estreia física mais tardia – tendo um destaque maior, os secundários tem bons momentos, motivos para estarem ali, já que eles fazem parte da “reconstrução” da menina em sua jornada.

Acredito que embora a história em si seja boa e os detalhes interessantes, uma das falhas daqui está no ritmo da obra. Se considerarmos que 4 minutos não dá para fazer tanta coisa, ser lento complica um pouco e Natsunagu carrega isso ao longo de seus 12 episódios.

Se havia algum intuito de se aprofundar mesmo que minimamente nos problemas da cidade afetada pela catástrofe, esse acabou sendo um pouco ofuscado pelas lembranças virtuais repetidas – e acho que desnecessárias – da protagonista.

Bom, eu entendi a proposta de mostrar que mesmo sendo algo a distância, a conexão entre as duas garotas jogadoras era bem forte, mas depois de alguns diálogos e flashbacks, penso que isso já estava mais do que esclarecido e embasado, não havendo a necessidade de esticarem mais esses recursos, deixando alguns episódios sem avanço algum.

A parte da resolução entre elas também acabou mais rasa do que eu esperava, ainda que o final não seja insatisfatório. Enrolaram tanto para chegar no clímax, que quando chegaram não tinha mais tempo para trabalhar o reencontro e concluir os detalhes com um pouco mais de refinamento, deixando o final até meio aberto, por falta de algo que de fato encerrasse o que seria das duas a partir daquele momento.

Tecnicamente acho que tudo estava bom para o que o formato pede e mesmo não sendo tão fluida, a animação cumpre seu papel e tem uma arte legal que encaixa com as ideias do anime.

Outro elemento que gostei bastante e já citei antes, foi como a produção do anime funcionou, se utilizando de vários profissionais que são da região de Kumamoto – da direção aos dubladores -, justamente para trazer o olhar que só alguém de lá teria, dando identidade ao projeto e tornando ele mais memorável.

Caso tivessem utilizado seu material com um pouco mais de prudência, esse certamente poderia ser um dos curtas mais bacanas já visto, mas acabaram se enrolando um pouco no processo. Ainda assim, no final acho que é uma obra que vale sim a pena, caso você queira algo diferente das comédias curtas comuns e com um toque realista pelo background e elementos da história.

Natsunagu é simples e tem pequenas falhas, mas continua sendo bom no que se propõe e merece a minha recomendação. Agradeço a quem leu e até a próxima!

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