Infinite Dendrogram é originalmente uma light novel que ganhou adaptação em anime de 13 episódios na temporada de inverno de 2020. Dendro retrata a vida de um jovem chamado Ray que entra em um VRMMORPG e passa a viver altas aventuras ao lado de seu Embryo (uma espécie de IA de combate específica para cada jogador), Nemesis. É hora de Dendro, espero que pela última vez, no Anime21!

Dendro é um anime ruim o suficiente para que eu não indique, contudo, também não é como se a série não tivesse uma ou outra qualidade que talvez divirta você. Para começo de conversa, não, Dendro não tenta ser SAO, a influência é óbvia (tudo que envolve VRMMORPG e veio depois bebe da fonte, né), mas a história se distancia o suficiente para não ser chamada de cópia. Infelizmente, até com o que SAO tem incontestavelmente de bom.

E o que seria isso? Animação de primeira. Dendro faz Tamayomi (o anime que teve duas versões, uma pior que a outra, de um episódio) parecer menos feio. Por que isso é importante? Porque animes de ação raramente se salvam sem sequências de ação fluídas e direção consistente. Tecnicamente o anime é medíocre e isso é um problema, pois não “ameniza” as fraquezas da produção, personagens mal desenvolvidos e roteiro desinteressante.

Ainda que Ray claramente evolua ao longo da trama tal evolução diz mais respeito ao status no jogo que a sua personalidade, seu amadurecimento. Não que jogos online façam necessariamente alguém amadurecer, mas é isso que o público espera ver em uma história. Entretanto, pouco ou nada vislumbra-se disso, o protagonista termina o anime mais ou menos como começou e ainda mantendo uma frase de efeito inventada na adaptação.

Acaba que lembro mais dele pela frase de efeito irritante que por qualquer outra coisa. Quanto a sua companheira, Nemesis, lembro que ela adora doces e essa é uma das característica mais comuns em uma garota de anime, então sim, a personagem é rasa, mesmo seus momentos de intimidade com Ray não saem muito do lugar comum, não vão além dos clichês. Os outros personagens me irritam ou não me interessam, exceto uma…

Mary é uma autora de mangá que entrou no jogo a fim de buscar inspiração. Aliás, a propaganda de Dendro se baseia nas infinitas possibilidades que o jogo promove e é justo a estrutura do jogo uma das poucas qualidades que consigo destacar no anime. Mas antes de tocar no tópico, posso afirmar que Mary é o mais próximo de uma personagem aprazível que o anime entrega, seja por suas circunstâncias, personalidade ou motivações.

Inclusive, uma das lutas mais legais do anime é dela, e está aí outra qualidade da adaptação (ainda que esta talvez seja a mais subjetiva de todas), a criatividade para desenvolver ações em uma sequência de combate. Há boas saídas para a vitória em Dendro, ainda que não sempre. Senti isso ao assistir o anime, mas é inevitável que tal característica seja prejudicada pela falta de qualidade na animação; há boas ideias, faltam recursos.

Quanto a estrutura, a ideia de possibilidade indeterminadas é bem passada através da mecânica do jogo e dos próprios eventos que se desenrolam ao longo da trama. Em um primeiro momento essa realmente é uma qualidade do anime e acredito que seja o maior (e um bom) apelo da obra. Porém, com a sequência dos episódios fica claro como o conceito é muito e mal explorado, se torna uma desculpa para forçar certos desfechos.

Resumindo, a ideia das infinitas possibilidades se torna um defeito do anime, uma desculpa conveniente para as vitórias do protagonista. Inclusive, sua habilidade, de reverter dano em poder, se alinha a isso. Não é como se ela precisasse se esforçar para progredir do zero, basta que apanhe e achará um caminho para a vitória. Com o tempo tudo que diz respeito ao Ray se torna sem graça por isso, tudo que ele faz e como faz é previsível.

Nisso o desenvolvimento dos personagens centrais e secundários se perde, ou melhor, nunca se acha, muito porque o roteiro é pobre, pouco criativo e sem um objetivo bem definido. Mesmo a motivação do protagonista ao jogar em tempo integral é passar o tempo até entrar na faculdade, então não é interessante assistir o anime para ver um ou alguns personagens alcançarem algo, porque não há nada que eles queiram além de jogar.

Okay, querem se defrontar com infinitas possibilidades que expandam seus horizontes, mas isso é subjetivo demais. Sei que não é como se jogadores de VRMMORPG precisassem ter grandes objetivos, mas aí cabe a trama se desenvolver em torno de algo maior e Dendro ameaça fazer isso ao deixar no ar que o jogo não é apenas um jogo (talvez um mundo alternativo), ponto apenas jogado e nada explorado ao longo dos 13 episódios,

Não que precisasse ser como SAO, mas só explorar mais a ideia do ultra realismo do jogo já seria interessante. Aliás, o pouco que fazem quanto a isso acaba já sendo um ponto positivo, pois é assim mesmo com anime ruim, a pessoa tem que catar coisa para elogiar, porque coisa ruim é só o que tem. Com animação que preste Dendro poderia ser um anime no mínimo razoável, sem é ouro dos tolos, mas há a possibilidade de você gostar, talvez?

Até a próxima!

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