Deca-Dence daria um bom jogo, será uma pena se a produtora não aproveitar esse potencial do anime. Quanto ao episódio, foi legal, deu uma perspectiva interessante a obra. É hora de tapar buraco no Anime21!

A quest da invasão para polir recursos foi uma ideia tão interessante quanto cruel. Aliás, queria entender melhor o que levou o mundo a ficar assim, com humanos sendo tratados como mera figuração para um game real tão perigoso quanto complexo.

Enfim, o breve reencontro foi em meio a ação e não deu para tirar muito da primeira parte do episódio, no máximo que o Kabu tem sim privilégios, um admin do jogo é amigo dele, e ele conhece os caminhos que o levariam a ajudar a Natsume, e vai usá-los.

Isso me remete a natureza desse jogo, como ela é desumana, e como, por ter aflorado a empatia em si, um deles, um dos Gears, “mudou de lado” sem pensar duas vezes. As ligações entre os Gears são rasas, a sociedade não parece uma “comunidade”.

Diferente do que acontece com os Tankers e ficou claro nesse episódio, afinal, mesmo com todas as limitações e problemas eles se ajudaram, eles fazem parte de algo que podem construir juntos. Seja literal ou simbólico, como, por exemplo, é com os bugs.

Eles criaram uma comunidade ali no fundo da cadeia e é até por isso que deram ouvidos a ideia insana do Kaburagi. Daqui a pouco chego nela, antes não tem como não comentar as conversas da Natsume com a amiga Mei e seu sensei, ambas ótimas.

Na verdade, a conversa com o Kabu no novo avatar foi excelente, e a da Natsume com a Fei bem lúcida e até mesmo previsível dentro do que o anime vinha apresentando. Por quê? Porque mesmo sem tanto tempo parecia claro o porque do distanciamento.

A Fei tem medo de perder a amiga, mas a Natsume quer ser alguém de quem se orgulhe, quer fazer a diferença. Para isso ela precisa se arriscar, ganhar o mundo, enquanto a Fei quer outra coisa para sua vida, mas, ainda assim, não deixou de ajudá-la.

Pode parecer forçado por ela ser a protagonista, mas eu realmente comprei a boa vontade e atitude da Natsume. Ela é o tipo de personagem que dá a cara a tapa e age de acordo. Aliás, ela faz até mais se nós pensarmos que era a mais nova naquele meio.

Isso me fez sentir falta de administração naquela comunidade, mas talvez isso seja feito pelos Gears e nós sabemos que o interesse não era fechar nada. De toda forma, a Natsume se entendeu com a amiga sem exatamente se entender e mobilizou os Tankers.

Quanto a conversa com o Kabu, visualmente foi fácil o melhor momento do episódio, e não só isso, pois a dramaticidade e roteiro do trecho agregaram muito a construção da personagem, que a cada episódio se mostra mais madura, mas ainda é bastante frágil.

Não à toa chora copiosamente na frente de um estranho, mas, ainda assim, demonstra uma firmeza encantadora no discurso, encantadora porque é consciente de sua situação, do que pode fazer e de que mesmo não sendo tão significante deve tentar.

A Natsume é uma personagem muito consistente e simpática a qualquer audiência, tem sua história de vida triste, mas é bem irreverente, é impulsiva, mas repsonsável, vai na contra mão de tudo que poderia cortar suas asas e alça voos maiores a sua maneira.

Preste atenção na Natsume, ela ainda pode brilhar muito até o final da temporada. Quanto ao Kabu, nem preciso dizer que ela caiu nas graças dele ainda mais do que caiu nas minhas, não à toa ele se decide e traça um novo objetivo: cortar o mal pela raiz.

Aliás, cortar o mal no que ele acha que é a raiz, ou no que ele ainda consegue fazer, porque o problema de Deca-Dence não são os Gadolls, eles são apenas o meio, o problema é quem administra o jogo, quem produz os Gadolls e vai reagir a destruição deles.

Não sei se o Kabu pensou nisso, mas o bicho vai pegar (e não vão ser os Gadolls) alguma hora. Por fim, fica o gosto doce na minha boca por outro bom episódio, coerente dentro da proposta, ainda que eu ache que falta mais “choque” na trama.

Talvez o encanto do Kabu com a Natsume não esteja deixando ele perceber isso, que na prática ele nunca vai conseguir ajudar a garota de verdade mesmo se destruir os Gadolls, o que ela precisa é saber da verdade, para só assim trilhar um caminho livre.

Livre da crueldade de um jogo em que vidas humanas são ceifadas com desdém e não há escapatória dali. A mudança nos personagens já começou, vamos ver qual será a mudança de mundo que ela ocasionará.

Até a próxima!

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