Depois de reviver com sucesso o teatro Mankai e seus atores, a já experiente diretora Izumi, tem a difícil missão de seguir com o legado do teatro, erguendo agora a trupe do Outono. Depois de tirar de letra os primeiros, há de se pensar que ela não terá tantos desafios assim, só que olhando para as figuras que ela recrutou, será?

Algo que achei interessante na estreia é que mesmo apresentando outro grupo – que por sinal é bem menor -, a história não perde o ritmo e introduz de uma forma bem mais dinâmica os novos atores, usando até em alguns momentos eventos e vínculos da temporada passada para justificar a presença deles ali e seus objetivos pessoais ao entrarem para o grupo.

A Izumi segue firme, forte e capaz, como a conhecemos só que ainda melhor, porém diferente dos atores da primeira temporada – que oscilavam na experiência artística -, com exceção do Sakyo, os de agora são completos amadores com diferentes níveis de potencial e desejo real de atuar e crescer.

Outra coisa na qual eles se destacam é pelo temperamento, pois no geral os veteranos eram bem mais tranquilos e da paz, agora temos dois delinquentes de pavio curtíssimo e que se bicam por segundo, atrapalhando a harmonia deles como grupo e eles próprios na sua busca por desenvolvimento.

Banri e Juza são os famosos iguais, mas inversos, pois embora ocupem uma mesma condição de desordeiros, ambos enfrentam realidades distintas e tem posturas igualmente opostas, frente a seus problemas. Nessas características é que podemos perceber o ponto de maior trabalho do enredo e da própria diretora ao longo do caminho.

Banri é um rapaz vazio, mas que possui talento para qualquer coisa que decida fazer e por essa razão, ele nunca consegue ver desafios na vida ou alegria em qualquer coisa. O que é curioso nele é que na sua busca pela diversão, ele se mete em confusões voluntariamente sem se preocupar com as consequências de seus atos.

Juza por sua vez é o mal encarado que não tem jeito para nada, rotulado e condenado pela própria aparência e seu passado, buscando sair da lama em que ficou preso todo esse tempo. O rapaz se importa tanto com a cova que cavou para si, que mesmo tendo um coração bom e disposto a mudar, ele se sente indigno.

A união inesperada deles causa um choque entre esses ideais, porque um quer fugir e o outro encontrar, mas no caso do Banri é problema, ficando perceptível o quanto ele aborrece e instiga o outro por não querer perder para ele.

No meio dessa bagunça o Sakyo serve como a figura paterna, pois a sua natureza séria e rigorosa é o que os mantém sob controle, uma vez que o ator não admite falta de compromisso e criancisses. Do outro lado os mais serenos Omi e Taichi, tentam criar o ambiente pacífico e o elo entre o quinteto, sem permanecer apagados no processo.

Falando no Sakyo, gostaria de apontar a importância dele enquanto protagonista atual, já que ele trafega entre as duas fases da história do Mankai, e agora não mais como um pseudo vilão, mas como parte do grupo, tendo a chance de entrar em acordo consigo mesmo e o seu desejo de atuar – o que também rende um arco bem legal.

Enfim, a estreia em si foi bem legal e trouxe camadas para a história, já que os novos integrantes tem questões pessoais que correm por fora da atuação, tendo mais elementos a se trabalhar além de torná-los profissionais capazes. E, por mais clichê que os garotos problema pareçam, consigo ver potencial no que pode ser desenvolvido em cima deles, então espero pelo melhor.

Não sei dizer se também foi impressão, mas a trupe do Outono também carrega uma aura bem menos delicada e madura que o pessoal da Primavera/Verão, elemento esse que deu margem para a direção jogar um pouquinho mais com a comédia nas cenas. Isso ajudou a tornar o episódio mais divertido de acompanhar, mas não tirou o peso dos momentos que exigiam tensão e drama, para convencer quanto as dificuldades futuras do grupo.

Assim como na temporada anterior, a colaboração entre os estúdios P.A Works e 3Hz prossegue com a produção, entregando um resultado que não impressiona, mas ao menos é visualmente ok e deve se manter até o fim.

No mais eu acho que A3! Season Autumn e Winter, consegue causar uma boa impressão e interessar no que seu elenco pode trazer de extra, além do rostinho bonito. A base para um bom slice e drama eles tem, agora é trabalhar.

Agradeço a quem leu e até o próximo artigo!

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