Magatsu Wahrheit Zuerst é um anime adaptação de jogo do estúdio Yokohama Animation Lab (Starlight Promises, Lapis Re:LIGHTs) e uma das últimas estreias da temporada de outono de 2020. Teve uma boa estreia? Não, mas vai que o anime melhora e fica interessante? Duvido disso, mas, de toda forma, vamos lá!

Achei a história muito mal apresentada e, honestamente, a sinopse do MAL também não ajudou muito. Pelo que entendi, tem esse garoto, o Leocadio, cujo caminho cruza com o do entregador Inumael e a contrabandista Schaake em um reino no qual armas de fogo foram banidas para civis e existem monstros mutantes que ameaçam a segurança as pessoas. Existe magia, também mal apresentada, por sinal.

A primeira metade do episódio passa rapidamente, mas não porque estava bom, muito pelo contrário, é porque não havia nem o que refletir sobre, a única coisa de interessante a correr é o protagonista colocar o entregador em uma enrascada com sua bondade estúpida.

É sério que ele não pensou que aquilo poderia prejudicar o cara? Não falo nem de ser contrabando não, mas da carga ser enviada para o local errado e ele receber uma bronca por isso, afinal, o Inumael nem havia tocado nela. Além disso, não entendi bem porque uma arma de fogo proibida chegaria aos correios desse império e seria enviada sem checagem, é como se pedissem pela ação de contrabandistas.

Mas vamos lá, o anime é idiota e piora até o final, mas se tem algo que não piora é a animação, que inicia ruim e finaliza ruim. Parece um episódio para encher linguiça de um anime longo de TV, mas é uma estreia, além da ideia de combater armas de fogo com armas brancas não me parecer muito lógica em todo caso. Talvez fosse com contexto, coisa que faltou também para a magia usada em batalha. Além disso…

Além da animação ser mediana, inconstante no design e praticamente unidimensional quando precisava de fluidez, a coreografia de ação é péssima. A luta dos guardinhas contra os monstros, esses de design também bastante tosco, dão uma vergonha alheia que me faz questionar a competência de todos os envolvidos no produto final. É sério que querem fazer propaganda de um jogo assim?

Enfim, qual o sentido em resgatar o laranja? É sério que os contrabandistas eram bonzinhos assim, mas na primeira oportunidade não pensaram muito em atirar nos “homens da lei”? Mas sabe o que é realmente pior? Com contexto talvez não parecesse tão idiota, bastava uma historinha do passado dos personagens, um ideal que justificasse suas ações, alguma coisa que fizesse salvar o laranja algo não hipócrita/estúpido.

Isso só não é pior que a patética luta de armas brancas contra armas de fogos, em que, mais uma vez, não houve contextualização alguma sobre as capacidades sobre-humanas de nenhum dos dois lados. Direção de ação com certeza não é o forte desse anime, mas o pior é que a produção não é elogiável em nada, é sério, simplesmente nada. Mesmo o final, que tenta impactar, tem um fundo de estupidez gritante.

Por que o Inumael, o carteiro laranja, apunhalou o irmão do protagonista pelas costas e praticamente selou seu destino, sendo que ele foi posto naquela enrascada pelos contrabandistas? Dizer que ele seria condenado a pena de morte não justifica, honestamente, ainda mais quando quem poderia livrar a cara dele estava bem a frente e era irmão do soldado que matou. Cruel, eu sei, e estúpido na mesma medida.

Sei que no calor do momento o Inumael não deve ter percebido que o garoto que o ajudou estava ali e nem sabia de quem ele era irmão, mas o problema é que ao ajudar os contrabandistas ele não fez sentido algum, além de ter cometido um crime que eu imagino ser pior. Não faz sentido que não seja pior, né. Ao menos essa situação estúpida gerou algo minimamente interessante e extremamente cruel, mas válido?

Não sei, mas sei que o ato de bondade desmedida do Leocadio foi o que gerou toda essa situação louca, o combate talvez não pudesse ser evitado mesmo que tivesse confessado seu envolvimento ao chefe (não é possível que não tenha percebido, ele pareceu incomodado como se soubesse), mas dificilmente resultaria na morte do irmão. Isso se ele morreu mesmo, né.

Porque a covardia dele foi o que fez o curso de ação pelo menos dele e do irmão se manter o mesmo. Se ele tivesse contado ao menos para o irmão talvez eles tentassem primeiro resgatar o laranja e só aí entrar em confronto. O chefe deles não parecia muito aberto ao diálogo, mas duvido que o irmão não ouviria e ajudaria a desfazer a burrada do caçula, que gerou a pior impressão possível nessa estreia horrível, é o tipo de personagem que dá para detestar de cara.

Toda a bondade dele foi hipócrita ao extremo, pois na hora em que poderia se queimar ao tentar limpar a burrada que fez, o que ele faz? Permite que a situação se desenrole “naturalmente” e acabe em algo trágico que só o prejudica. No fim, o personagem meio que teve o que merecia, mas, repito, onde está a droga do contexto para eu entender o próprio personagem, além do mundo que o cerca?

Não há contexto, não há profundidade, há a tentativa de chocar por chocar, de convencer o telespectador a assistir na marra, sem dar o mínimo de qualidade técnica e coerência narrativa para o público comprar a ideia. Magatsu Wahrheit Zuerst teve uma estreia medonha de ruim e duvido demais que se recupere.

Se a animação já começa nesse nível rasteiro, e com direito a cenas de ação lamentáveis, é difícil imaginar que haja de onde tirar algo, sejam recursos técnicos ou criatividade. Na “abertura” tosca (é só uma música com créditos) o nome do diretor aparece em destaque no final, mas já esqueci e não quero lembrar. Aliás, quero lembrar para assistir qualquer anime dele com um pé atrás, apesar de ter visto e gostado de alguns de seus trabalhos anteriores.

Por fim, não veja Magatsu Wahrheit Zuerst, é muito ruim, a apresentação é confusa, falta profundidade nos personagens e contexto sobre os elementos dispostos em tela na estreia, tecnicamente é medíocre, além de não fazer sentido em momentos chave da história. É forçado, o desfecho é tão forçado que se torna esperado, afinal, é de se esperar que um anime ruim tente parecer bom, quando na verdade não é.

Nem falei da heroína bandida Schaake, mas tem o que falar dela? Parece que ela terá algum destaque, afinal, se envolveu na tragédia dos irmãos e já vinha ganhando mais closes que os colegas, o problema é que não sei realmente o que esperar, até porque não a conheço, não sei como se desenvolverá a relação dela com o protagonista (provavelmente será um relação cheia de mágoas, se houver uma relação, claro), a única coisa que sei é que, por mais que o final tente fisgar o telespectador, eu não caio nessa. Tô fora!

Até a próxima!

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