Outro ótimo episódio, com algumas ressalvas a serem feitas, mas outro plot twist que gostei bastante e alguns aspectos que trazem uma boa variação a história. É hora de matar personagem que não pode morrer no Anime21!

A Michiru é uma tapada ou uma sonsa de carteirinha, como não deu qualquer sinal do segundo, fico com a primeira opção e, apesar de não achar incoerente ela ser tão inocente por tudo que foi mostrado da personagem até aqui, incomoda a Nana se livrar de um aperto daqueles tão fácil. O cliffhanger acabou sendo subaproveitado, menos mal que isso abriu caminho para algo até mais interessante.

Mais antes de focar nesse ponto, quero frisar dois detalhes, o temor da Nana sobre a evolução dos talentosos e o perspicaz uso da premissa inicial que ela fez para pelo menos abrandar as suspeitas do Kyouya. A Nana percebe rapidamente as mudanças no cenário em que se encontra, além disso, ela sempre vem com boas sacadas para limpar a sua barra, ainda que seja insuficiente.

Porque a manipulação que ela tentou emplacar com o Kyouya só vai servir até o momento em que ele não trabalhar com a hipótese dela não ser uma talentosa. Se ele ao menos imaginar isso, e faz sentido que o faça quando se tocar que o sistema está pouco se lixando para os talentosos, aí vai ficar ainda mais difícil para a Nana, ainda mais quando ela comete erros pouco ou nada calculados.

Mas antes de falar disso, queria reservar umas linhas ao necromante Shinji e a “Hulka” Yuka. Aliás, ao que ela dava a entender que eles eram. Enquanto o Kyouya não abandonou suas desconfianças e não faria sentido que o fizesse mesmo com a ótima lábia da Nana, o casal quente e frio se mostrou um perigo em potencial para a protagonista, mas um que novamente a expôs demais.

Porque, por mais que a existência de um necromante impedisse a Nana de cometer o próximo assassinato ou a deixasse em uma situação complicada caso outro corpo fosse encontrado, é inegável que ela fez aquilo que o Kyouya esperava e deu azar com o plot twist em que a Yuka se mostrou quase o oposto do que aparentava. Ela foi mal, talvez devesse ter esperado mais, contudo…

Ao mesmo tempo ela também deu sorte, porque, pensa aqui comigo, se a Yuka é uma doida de pedra, as chances dela dar alguma brecha para ser morta devem ser até maiores. Não digo nem que a Yuka é conscientemente má, ela só é obcecada pelo namorado e enlouqueceu com sua morte, mas essa moral torpe dela com certeza a torna alguém capaz de tudo para manter seu status quo.

Ela seria capaz de matar a Nana diferentemente do Nanao e do Shibusawa e como o Tsunekichi tentou fazer, o que toca em outro ponto que queria elogiar, a aparição desses personagens bem mais cinzentos, o que não justifica o assassinato deles, mas com certeza faz você pensar no perigo de ter esses poderes, em como eles podem subir a cabeça dos jovens e torná-los mesmo perigosos.

Gosto dessa proposta e desse desenrolar, só acho que a Nana tem vacilado em amarrar sua narrativa, pois deve chegar ao ponto em que ela vai ser insustentável visto todas as pessoas que ela deve matar e a falta de provas concretas que limpem sua barra. Além disso, é inegável que esse azar em um primeiro momento tem se tornado sorte, foi assim com o Tsunekichi, deve ser assim com a Yuka.

Quanto ao plot twist, achei ele sensacional, pois não estava esperando. Achei estranho o machucado na mão do Shinji ainda estar ali, agora imagino que seja tecido necrosado que a Yuka não quer que ninguém veja, mas juro que não havia associado o erro na história dela a condição “peculiar” em que se envolveu com o namorado. Aliás, com o corpo dele, pois ele não existe mais.

A Yuka é uma necromante com distúrbio de personalidade, afinal, faz um teatrinho com o corpo do amado, pois não é ele ali falando, mas ela falando pelo cadáver. Mas será que ela também é uma necroamante? Será que levanta? Desculpa a indiscrição, mas que é muito bizarro manter uma relação com um cadáver que você controla é. Dá para chamar de cúmulo da solidão?

Fica claro o quanto ela amava o rapaz, mas isso já passa do ponto do amor, é doença, obsessão mórbida que a torna uma personagem ainda mais digna de se matar segundo a lógica da Nana. Tanto é que a Yuka evitava fazer ele circular para que outras pessoas não tivessem contato com ele e descobrissem a verdade, além de provavelmente a desgastar demais controlá-lo por muito tempo.

Agora tudo faz sentido, assim como fez sentido a Nana deixar sua máscara cair mesmo em meio a uma pandemia. Não havia mais o que esconder ali, já passou muito do ponto de remediar a situação, pois até por ser em si um espécime “peculiar” de ser humano, é claro que a Yuka teria o mínimo de malícia para entender a ameaça que a Nana representava para ela ali.

Até porque a Michiru viu uma foto, não tentaram matar o cadáver de estimação dela e nem ela mesma. Enfim, esse episódio teve outro cliffhanger, do qual não desgostei, pelo contrário, mas preciso fazer uma ressalva aqui. O anime não precisa sempre acabar um episódio a mil para ser bom. Inclusive, o mais indicado seria a Nana dar uma sossegada após eliminar a Yuka.

Até porque ela vai ficar ainda mais visada pelo Kyouya, quer sua desculpa para a morte da colega seja boa ou não, pois se tem uma coisa que o Kyouya não é, é bobo. Ele deve suspeitar mais da Nana independentemente da argumentação dela fazer sentido, basta que a considere ainda mais maquiavélica do que imaginou ser até aqui. Aliás, ele nunca abandona o pé atrás com ela.

Por fim, foi outro ótimo episódio, mas fiz as ressalvas de que o modus operandi da Nana já está ficando manjado demais e que ela também está contando muito com a sorte, quer tenha uma lábia de primeira ou não, apesar, e claro, de também se meter em enrascadas devido ao seu azar. A balança está sempre virando a favor dela, mas até quando? Ela já cometeu crimes demais para ter um segundo de paz na vida.

Até a próxima!

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