Unidos dentro da trama, BB – vulgo Big Bird – e a Rei são os personagens que mais suam a camisa para manter o equilíbrio psicológico da família Aragaki e consequentemente os mais injustiçados, por razões diferentes.

Superando as expectativas que eu tinha para os conflitos correntes – advindos da “ressureição” do Jotaro -, venho para dizer que o episódio foi ótimo em contemplar ambos e finalmente dar solução aos problemas dessa dupla única e que se sagra como melhor filha e animal de estimação dos últimos tempos.

Uma tecla que eu sempre bati desde o começo do anime, era a maturidade absurda da Rei e como isso era conveniente e proveitoso para o pai. Porém, embora muito bonito, o que eu nunca entendi era a fonte desse comportamento e a forma como a menina controlava os sentimentos que deviam borbulhar dentro dela – afinal ela ainda é uma criança.

Com o episódio do bullying, pudemos ver uma Rei que engolia os sapos por amor ao pai e ao seu sonho, mas esse nos deu a oportunidade de ver uma menina que sofria com muito mais que a perturbação dos coleguinhas de classe, sentindo a ausência do pai em vários momentos.

Ainda que eu saiba que a mocinha carrega parte da culpa pela omissão constante do pai, não a julgo justamente pela sua pouca vivência e por ela fazer muito mais do que deve, praticamente invertendo os papeis com ele.

O Jotaro é uma pessoa maravilhosa e eu digo isso desde o começo, mas convenhamos, como pai ele é um desastre e algo que me chamou a atenção logo nas primeiras cenas, é a forma como ele lida com seus pesos e medidas.

Toda a dedicação dele a ginástica é admirável e o mesmo precisa ser profissional, certo. No entanto, por estar acostumado a resignação natural da filha, eu noto que ele meio que já se aproveita da bondade da bichinha – sem maldade, claro -, empurrando nela as decisões que toma e esperando que como sempre, a menina compreenda e apoie.

Assim como a Mari citou, a Rei buscou se inspirar na face errada da sua mãe, porque ele é uma pessoa lerda para entender os sentimentos dos outros e aí que entrava a Tomoyo que ela não conhecia, aquela que batia de frente com o marido, dava show, confusão e gritaria.

Como a boa atriz que é, ela sempre fez a filha ver a mulher admirável que era e não a que botava os sentimentos para fora. Por ver aquela postura como um modelo, a menina simplesmente replicou a doçura e força da mãe, mas não a sua autenticidade, chegando onde está.

Acompanhando de perto o crescimento dessa menina, temos o BB que deve ter chocado milhares por ser mais que um pássaro feio e paspalhão. Eu sempre achei curiosas as tiradas dele, por parecer que na sua idiotice, ele era inteligente e entendia as coisas – quem aí não lembra dele perguntando ao Leo se ele tinha noção de que ele era uma ave e não um humano?

Pois bem, nosso simpático animal sempre foi o grande amigo da Rei e aquele que substituía o seu pai até a chegada do Leo, sendo de longe o seu maior presente. Gostei muito de como ele sente as mudanças na sua dona, fazendo com que busque animá-la sempre que percebe a solidão dela.

A parte engraçada do episódio é que foi necessário ele protagonizar um momento de canibalismo involuntário – que eu ri horrores -, para que cada um se pusesse no seu devido lugar e a família assim entrasse nos eixos.

Com o pássaro em risco, a Rei toma uma atitude desesperada e isso força os demais a agirem para lhe encontrar. Diferente da menina que sumiu, o Leo finalmente retorna como se nada tivesse acontecido, porém acredito que isso é parte de uma preparação para chegar no arco dele.

A bagunça criada com o sumiço colocou a falta do Jotaro em xeque, mas também serviu como uma forma de habilitar a Mari a agir como a avó que sempre se esforçou para ser e que a neta limitava. Seus contatos ajudaram em um ponto, contudo a sua experiência e conselhos resolveram a outra parte.

Entendendo melhor a própria mãe e ouvindo a voz da razão, a Rei percebe através da avó que ela não precisa ser a filha perfeita, mas só precisa ser ela mesma, com suas infantilidades, seus desejos de ter o pai por perto e tudo o que vem dessa relação familiar.

O encontro entre pai e filha rendeu uma cena legal, em que ela finalmente se liberta das amarras e solta o que está preso, despertando ambos para suas realidades e aproximando ainda mais essa família tão cheia de sentimentos bons e antes mal direcionados – o BB em desespero na bicicleta foi outro plus que nem comento.

O Jotaro ainda vai pular o aniversário dela, já que deixou claro que participará do evento conjunto, mas ao menos pareceu ter aprendido a lição de se dedicar a menina e ouví-la quando não estiver em campo.

Passadas as questões familiares, o grande mistério agora é o que farão com o Leo, que por sinal acabei pagando a língua por ele não ser um ginasta oculto e sim um bailarino – ao menos na minha visão da cena pós créditos. Fico curioso para ver o que farão ao rapaz e qual o significado dele dentro dessa história, já que ele se amarra em uma outra ponta que não se conecta de forma óbvia ao Jotaro.

Aguardo pelo que virá junto com o treino de equipes, porque diferente do que induzia, o esporte nesse anime me parece apenas um fio condutor e não a estrutura, se mostrando algo mais pautado no crescimento pessoal de seus personagens e nas relações pessoais entre eles – um caminho bom e que até aqui tem sido conduzido de forma decente.

Agradeço a quem leu e até o próximo artigo!

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