Esse é o começo de uma jornada por dentre o universo de One Piece, na verdade, ao lado, pelas bordas, pelas partes e apêndices do cânone. Sim, pelos filmes. E né, acho que faz sentido, já que esse é o quadro do blog que resenha filmes.

Embarque nessa aventura! Ou não, só queria usar essa frase mesmo. Até o momento One Piece possui 14 filmes lançados, e a ideia é resenhar dois por mês, de modo intercalado, uma semana sim, e outra não, para não poluir essa seção com um anime só. Eu já fiz isso por quase três meses com Kara no Kyoukai, e não me arrependo, mas vou pegar leve desta vez. Acho, vamos ver.

O primeiro filme da franquia tem o nome original de “o filme” ou “The Movie” em inglês. Parece piada, na verdade eu ri, mas também pode ser reconhecido como One Piece, O Grande Pirata de Ouro.

 

 

Pra quem assiste One Piece, esse filme é não apenas equivalente, mas essencialmente, um episódio do anime, uma mini saga, um evento que não existe, mas que acredita em si mesmo existir, um sonho de verão.

Luffy e os Mugiwaras, na época compostos por Zoro, Nami e Usopp, navegam famintos pelo mar, uma semana sem comer adequadamente, e são abordados por piratas, ladrões, o que é praticamente sinônimo da definição da palavra pirata, que invadem e saqueiam o navio Going Merry. Curiosidade, a tradução do nome dos piratas de palha significa literalmente, indo feliz, um nome absurdamente legal para um navio.

 

 

Luffy persegue os ladrões, fracassa miseravelmente e se vê à deriva no mar. Zoro salva-o antes que ele afunde, akuma no mi e tals, vocês devem saber, usuários dos poderes da fruta são pedras na água.

No acidente e conflito com os ladrões, Luffy e Zoro conhecem um dos membros da tripulação do pirata El Drago, aliás, só pra esclarecer, sim os ladrões também são tripulantes do navio de El Drago, e esse jovenzinho que Luffy conhece, chamado Tobio, é um desses tripulantes, embora seja um escravo no bando, alguém forçado a fazer parte do mesmo.

A história gira em torno do conflito desse garoto. Tobio deseja se juntar ao bando do lendário pirata de ouro, Woonan, o homem que juntou uma montanha de tesouros e o enterrou em uma ilha secreta.

 

 

Luffy e Zoro também conhecem o avô de Tobio, Ganzo, um cozinheiro do mar que é dono de uma barraquinha de oden. E ele, assim como Tobio, são a espinha dorsal que sustenta o enredo desse breve filme.

A aventura se desenvolve na competição entre El Drago e os Mugiwara em busca da verdade por detrás do tesouro de Woonan, e assim como um episódio comum da série e do mangá, temos os elementos lentamente se desdobrando. Revelasse a identidade de Ganzo, que ele era o melhor e primeiro amigo de Woonan, o conflito que os separou. Ganzo ficou gravemente ferido e Woonan se sentiu culpado pelo ocorrido, mas ao mesmo tempo ele se sente extremamente comovido pelas palavras do amigo.

A moral da história, a mensagem que esse filme ambiciona passar é a seguinte: o valor da vida está em viver pelo bem dos outros, e não viver pelo bem de si mesmo ou de objetos inúteis, como o ouro. O ouro é uma ferramenta, algo que se conquista pelo trabalho para trazer felicidade às pessoas que ama, mas ele não é o fim em si mesmo, ele não pode sorrir, sentir, chorar, o ouro é vazio.

 

 

O pai de Woonan literalmente trabalhou até a morte pelo ouro, pelo bem estar de seu filho, uma vida trágica, sem dúvida, e Ganzo, sabiamente percebe isso. Infelizmente o rancor de Woonan, naquele momento, o impede de perceber a real mensagem de seu amigo, e mesmo de compreender o real sentimento de seu pai.

Após o evento em que Ganzo quase morre, Woonan parte para o mar, ele tem como objetivo juntar todo o ouro que puder no mundo, ele saqueia incansavelmente por anos, e assim como aprendeu com seu melhor amigo, ele distribui tudo para que possam sorrir, comer e sentir, ele retira de quem tem de sobra para dar para quem não tem nem o mínimo.

Os demais eventos do filme compõem o processo de descoberta da verdade sobre esse lendário pirata, a luta entre El Drago e Luffy é apenas um ornamento dentre a mensagem moral da história.

 

 

É um filme simples, de pouca ambição e muito competente em apresentar os seus elementos, não se destaca em nada, mas não erra em momento algum. Deixando ao fim um adorável gosto nostálgico de uma aventura exitosa e de um futuro brilhante.

Luffy e Zoro pagam as dívidas que possuem com Tobio e Ganzo, Nami limpa o tesouro de El Drago sem dó, Usopp traz o humor constante e cumpre o seu papel de guia que amarra os momentos da história, e a trilha sonora preenche o coração e alma de qualquer fã apaixonado por esse anime tão adorável.

Qual o desfecho de Woonan, Tobio e Ganzo? Assistam o filme e confiram, nem precisa ter visto o anime ou conhecer a história de One Piece. Vai na fé.

 

 

É interessante assistir a esse filme pensando em como a linguagem de One Piece vem mudando conforme a história avança. Assim como quando crianças, comparados com quando nos tornamos adultos, muitas coisas mudam, praticamente todos, outras, as vezes em número considerável, permanecem, e o mesmo acontece com a obra. A animação mudou, a atmosfera e o sentimento inocente e juvenil se transformaram, a Nami se tornou uma mulher e um objeto de culto sexista, e isso não é uma crítica, pra mim tanto faz, enfim, One Piece atual é um shonen tiozão e de meia idade muito diverso, mas que ainda brilha como sempre brilhou.

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