Outro episódio legal e dessa vez focado no treinamento dos ginastas orientais – ou ao menos parte dele. Aqui o Jotaro reafirma para quem ainda não tinha ciência, que a ginástica tem um significado além de uma profissão, enquanto do outro lado, outros atletas parecem caminhar na incerteza das próprias escolhas, daí a pergunta: pelo que cada um deles está ali?

Na semana passada eu tinha comentado que o anime anda em uma direção que se importa muito mais com o desenvolvimento de seus personagens, do que a exposição do esporte em si – o que não diminui o seu valor -, pois bem, esse evento conjunto serviu exatamente para reforçar a minha ideia, começando pelo Leo.

Curiosamente, apenas parte do mistério dele é revelado, junto com a importância que ele tem para o cenário da dança. Assim como Minamino representa a beleza e o futuro da ginástica nipônica, Leonardo é dono de uma expressividade e beleza únicos em sua arte.

Como todo bom atleta de excelência em formação, o rapaz tem algumas dúvidas quanto ao próprio potencial e isso o coloca em sua condição de retirada, afim de encontrar o seu objetivo na dança. Tem um trauma de fundo, mas nada disso é explorado nesse primeiro momento, então só resta teorizar o que poderia ser, até que isso seja discutido em algum episódio.

Achei curioso que em sua doidice, o ninja foi buscar uma resposta justamente no Minamino, que honestamente não me soa um bom referencial – ao menos de quem pratica o esporte por amor – e o próprio Leo meio que aponta isso, quando fala que percebe que o Jotaro se diverte e ele deveria fazer o mesmo.

Ficou meio contraditório, mas por alguma razão eu penso que o rapaz associou a sua condição a do outro, daí a tentativa de diálogo, para talvez ambos se ajudarem dentro de suas forças – o que pode dar certo, afinal só gente doida igual o Jotaro e o Leo para conseguir ensinar alguma coisa ao chatinho.

Ainda falando do Minamino, a atividade conjunta serviu para mostrar algo interessante a respeito dele, do chinês Liu e do Jotaro, que ao fim da jornada acabou sendo o maior beneficiado com a experiência.

Fazendo algumas considerações sobre isso, confesso que eu esperava um mini arco desse treinamento – talvez uns 3 episódios -, de modo que novas questões surgissem e se calcassem no que acontecesse ali, inclusive para criar uma tensão maior com a competição final.

Enfatizo que seria interessante ver mais das habilidades de todos, o trabalho feito em cima da ginástica e tal, mas a obra busca ser sintética e não há o que fazer quanto a isso, o que é uma pena quando penso no conjunto da obra.

É algo que me deixa com aquela sensação de que poderiam oferecer bem mais se não fosse a pressa, porém não digo que chega a me aborrecer enquanto decisão criativa – justamente pelo fato de compensarem esse ponto nas demais áreas. Enfim, voltando ao trio de ginastas, o que me chama bastante atenção é como os três enxergam seu papel como ginastas de forma diferente.

Pessoalmente eu continuo achando o “príncipe da bandana” um saco, porque a impressão que ele passa é a de um rapaz soberbo e não um confiante/determinado. A crista dele não baixou mesmo depois de perder para o Liu, num desafio que ele mesmo inventou para se testar e intimidar os inimigos.

Entendo que persoangens com a personalidade dele são necessários a esse tipo de narrativa – já que o rival principal tem que ser altivo e por vezes chato -, porém meu incômodo com ele vai além da natureza pedante, porque muitos outros do tipo ao menos se justificam por terem razões coerentes, ou mesmo nuances de outras qualidades que te façam ter alguma simpatia por eles, o que não acontece aqui.

A obsessão pela vitória o torna cego e uma vítima do próprio comportamento, o que inevitavelmente estabelece uma limitação do seu alto potencial. Já representando o lado oposto temos o samurai, que em seu desejo de continuar em campo, conseguiu provar que ainda é excelente no que faz, da forma mais inusitada possível.

O psicológico do Jotaro é uma coisa a se admirar e desejar, porque debaixo de toda a pressão do ambiente e dos rivais, ele deveria se sentir incapaz, mas não. Diante de todo aquele cenário ruim e desfavorável, ele simplesmente “caga” para a opinião alheia e segue em frente, apenas focando na sua busca pessoal – que de fato é o que importa.

Nesse balaio entra o Liu, que embora reconheça os talentos do Minamino, se mostrou muito mais interessado no Jotaro enquanto rival, imagino que por ambos estarem em fases semelhantes da vida e compartilharem um mesmo gosto pelo esporte – além do histórico do protagonista.

A diferença entre Liu e Jotaro está no jeito com que encaram o futuro e seus desejos. Para o samurai o único caminho que existe é a ginástica, não existem barreiras ou problemas, ele vai viver para aquilo até que não aguente mais.

O chinês já é um pouco mais cético e pragmático, porque embora queira continuar, ele se prende as implicações da idade e do corpo, visualizando o momento em que precisará parar por não se igualar aos atletas mais jovens e promissores.

Posso estar errado e no fim ser só curiosidade, mas ter questionado o Jotaro é para mim, uma prova de que o moço ainda tem uma pontinha de dúvida dentro de si. Talvez um desejo de que o samurai esteja certo e que ele também possa partilhar dessa mesma fé e seguir lutando – o conselho dele é outro elemento que embasa ainda mais a minha tese.

Aqui cada um tem seu ponto, o Minamino até então luta apenas porque sim – o que deve mudar junto com a personalidade asquerosa dele, claro -, o Jotaro luta por amor a camisa e o Liu meio que está igual ao Leo, sem exatamente ter um motivo pelo qual lutar, buscando razões para insistir já que tudo tem seu momento e um limite.

Concluindo meu falatório com outras coisas boas, gostei muito da Rei ter ganhado uma nova amiguinha com a fã mirim de sua mãe – muito simpática por sinal – e a animação desse episódio estava um luxo só, com vários trechos fluidos em 2D nas performances de todos e o 3D aparecendo pouco, para compensar o fato de não focarem tanto nelas.

Estou bem curioso para ver as surpresas que o Jotaro vai aprontar depois dessa experiência proveitosa e como a nova relação da Rei vai se desenrolar. Agradeço a quem leu e nos vemos no próximo artigo!

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