Shizuku Osaka tem medo de ser ela mesma, e quem não já sentiu isso em algum momento da vida? Sendo assim, podemos entender um pouco como a idol e atriz se sente, ainda que você possa questionar a volta que ela dá por algo que poderia ser mais simples. Após o episódio da Rina, que ainda foi melhor que esse, eu passei a achar que quando o drama da personagem puxa muio para si não tem como diminuir sua relevância. É hora de Idol Identity no Anime21!

Shizuku encarna o papel da idol amada por todos, mas quem ela é realmente? Dado que antes de ser idol ela era atriz, entendo a resposta que dá na entrevista para o jornal da escola, mas ali já dava para ver como ela distorceu um pouco a coisa. Não que eu ache que idols não atuam quando estão no palco ou mesmo quando cantam, mas há uma diferença entre admitir que esse é o objetivo e fazer porque é da alçada, há uma diferença entre ser apenas isso ou estar assim.

Tanto é que sua best friend no clube de teatro a tira do papel principal da peça da escola, no que achei um núcleo subaproveitado, apenas usado a fim de trabalhar o problema da Shizuku, sem personagens ou qualidades além, o que não é grande defeito, só lastimo. Em todo caso, é inegável que a intensificação dessa ideia precisava ser feita; da ideia de que a Shizuku precisava enfrentar seus medos, se aceitar como é; e a atitude da amiga, assim como a das companheiras idols, trabalhou em favor disso.

E apesar do ator ser sim um baita mentiroso, que precisa convencer a audiência de que é aquilo que na verdade não é, não havia mesmo como se sustentar essa ideia da Shizuku de que ela deveria viver só a persona, porque isso a limitaria. Mesmo um ator não é somente mentiroso, porque ele só consegue encenar a ponto de convencer as pessoas caso se envolva em algum nível, caso demonstre alguma humanidade. Fazer só o que os outros querem anula sua personalidade.

Enfim, uma das coisas que mais gostei nesse episódio foi da interferência da Kasumi e da Rina, porque enquanto uma era a amiga mais próxima da Shizuku dentro do clube, a outra era quem tinha a experiência de vida mais próxima do dilema pelo qual a atriz estava passando. Além disso, foi bacana o jeito todo sem jeito com o qual a Kasumeme lidou com a situação, tentando alegrar a amiga sem saber exatamente qual era o tom que deveria usar para falar com ela sobre um assunto delicado.

Mas foi aí que a experiência da Rina acertou em cheio e ela deu o toque que a Kasumi precisava para fazer algo mais útil pela Shizuku, algo que a ajudasse a mudar. A Rina falou com muita experiência sobre o assunto e é muito bacana ver esse link entre os problemas das garotas, entre as suas angústias. Inclusive, note como praticamente todos os problemas das idols são questões pertinentes a juventude, e que podem até parecer bobas para nós pela forma rasa como muitas vezes são abordadas, mas são bem mais profundas.

Se a Shizuku atua para evitar ser odiada por ser quem é, então quem gosta dela na verdade não gosta dela, mas de um ídolo de barro, e apesar dela ser uma idol, alguma coisa ali tem que ser verdadeira, para conectá-la ao público. Não à toa os fãs adoram conhecer curiosidades sobre as idols ou vê-las em situações incomuns e constrangedoras, porque eles querem o que está fora do script. Talvez menos do que querem o que é “falso”, mas em algum nível elas querem a reação natural, espontânea.

E é por isso que com toda a tensão que estava cercando a Shizuku dificilmente ela conseguiria fazer uma apresentação a altura da expectativa depositada nela por ela mesma. Sendo assim, ela precisava que alguém a enxergasse como ela é e a passasse a confiança de que ela poderia ser só a Shizuku, a garota que gosta de filmes antigos e outras coisas que seus fãs sequer devem imaginar. Para isso ela tinha a Kasumi, que do seu jeitinho todo especial (ela consegue ser autocentrada até nessas situações) a chacoalhou.

Foi muito legal isso, porque a maneira desajeitada como a Kasumi solta as palavras e saí meio que de supetão ao mesmo tempo em que tem o peso que precisava ter, também trouxe uma leveza a situação, uma sensação de que o peso que a Shizuku carregava talvez fosse menor do que ela imaginava, mas que, claro, só ela poderia confirmar isso, e ela só poderia confirmar isso deixando seu verdadeiro eu “sair”. A Kasumi deu um ultimato a Shizuku e fez isso por confiar nos culhões da garota para lidar com a situação.

Infelizmente, não houve tempo para vermos a Shizuku retomando seu papel e mesmo convencendo a amiga do clube de teatro de que estava mudada, acho mesmo uma pena o núcleo do teatro ser mais um artifício de roteiro bem circunstancial. Por outro lado, os trechos dela com a outra versão de si, a verdadeira; seja em sua mente ou de verdade, quando é o dublê da amiga; foi um detalhe que me agradou, assim como a “fusão” que ocorre para a música, desabrochando o “eu” sem descartar a “persona”.

Porque no mundo real as pessoas são um equilíbrio entre um e outro, entre o que são em seu íntimo e o que querem mostrar a outras pessoas. Quanto a apresentação de Solitude Rain e a própria música vou ter que ser repetitivo, foi outro ótimo som e montagem visual, mas eu confesso que gostei mais de algumas outras. Contudo, é inegável que nessa reta final de episódios solo as músicas, as apresentações e o poder da letra tem me impactado mais. Talvez seja porque só agora estou gostando mais das músicas e prestando mais atenção nas letras? Não sei…

Por fim, agora a Shizuku quer ser vista não só por quem os outros querem que ela seja, mas também por quem ela é, tudo no seu momento e o momento é de esperar o que as rivais da Karin farão para motivá-la a nos apresentar aquela canção pela qual mais estou esperando, pois não é segredo para ninguém que Miyu Kobota (a seiyuu da Karin) é demais. Ademais, foi um episódio muito bom, pois, apesar de seus defeitos, ainda assim as qualidades se sobressaíram, além da situação problema ter sido pertinente e interessante. Nosso “eu” sempre deve ser levado a sério.

Até a próxima!

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