Eis que na reta final esses dois episódios chegam com cargas dramáticas totalmente diferentes, porém uma função idêntica, a de nortear os personagens rumo a suas definições de futuro. O que eu achei? Ambos ótimos e entregando um desenvolvimento decente para cada um, cabendo ao anime apenas encerrar a história com classe, baseada nas escolhas feitas.

Ao longo da temporada, vimos o empenho da Rei para apoiar o pai e seu sonho, assim como também o Leo, que do nada apareceu como um reforço significativo para o samurai. No meio do caminho já surgiram outras variáveis, como os percalços que esses dois encaravam para fazer o bem.

Rei tinha as suas questões quanto ao fato de não se dar ao privilégio de viver como uma criança de sua idade e uma garota comum, se privando de enes coisas – incluindo formar amizades e experimentar suas meninices.

O Leo se apresentou como um bom amigo e praticamente um irmão, porém convenhamos que assim como o BB, ele nunca representou de fato aquilo que a menina precisava. Eis que a Kitty surge e achei maravilhoso a forma como ela foi inserida cirurgicamente na história, ganhando até mais espaço e relevância do que eu esperava dela.

Com um espírito indomável, muita dedicação e foco, ela é do tipo de pessoa que persegue seus sonhos com muita vontade e clareza do que faz, o completo oposto da Rei, que sempre se resignou a sombra do pai, se colocando em segundo plano.

A amizade sincera que a Kitty oferece, dá a pequena samurai uma nova perspectiva de vida, uma na qual ela pode viver por si mesma, pensar no que quer fazer futuramente e enxergar além do limite que ela sempre se estabeleceu.

Gosto também que a ginasta não invade a vida da amiga forçando nela a mudança, mas sutilmente ela mostra como é possível fazer tudo e ser feliz com essas escolhas, uma lição fundamental para uma criança ainda verde na vida e que tem medo do peso de suas ações.

No fim foi legal ver a Rei escolher os mesmos caminhos da mãe, até porque indiretamente ela já dava sinais de que tinha no sangue o mesmo desejo artístico, vide as suas manias e hobbies, mostrando que um fruto realmente não cai longe do pé – como diz o ditado popular.

Como se não bastasse ajudar uma só pessoa, a Kitty ainda exerce um papel interessante no que tange ao Leo, já que conhece suas origens e entende pelo que o rapaz pode estar passando, deixando sua mensagem para ele refeletir sobre – mensagem essa que fez total sentido no final do nono episódio.

Desde que o passado do bailarino começou a ser desvendado, eu me perguntava o motivo pelo qual ele teria vindo atrás do Jotaro, sempre pensando que era uma questão de fuga pessoal, associada a algum fanatismo que ele tivesse pelo trabalho do protagonista.

Na verdade acaba sendo uma mistura desses dois itens e mais umas coisinhas, mas acima de tudo o ponto de interrogação mesmo é o porque de ele incentivar o samurai a ter aquilo que ele não tem, que é coragem.

Toda a coisa do ninja que ele vive, obviamente que poderia ser apenas uma questão de gosto e pronto, mas a frase da Kitty, junto a afirmação dele, me fizeram entender o significado do “ser ninja”. Diferente do que a Rei e a sua mãe visualizam como um espírito batalhador e que vive intensamente, para ele o “ninja” sempre foi um modo de se esconder.

Ainda que ame sua arte com a mesma intensidade que seu ídolo ama a ginástica, lhe falta a garra a cuca fresca e o “individualismo” que o outro tem, passando por cima das cobranças e julgamentos alheios.

O Leo se empenha para que o Jotaro não desista mesmo depois de todos os obstáculos enfrentados por ele, porém ironicamente ele próprio é incapaz de superar as angústias e pressões para seguir em frente. Seria esse incentivo apenas o apoio de um admirador, ou no fundo ele esperava que a vitória do outro lhe servisse como inspiração, assim como foi na infância?

Seja como for, eu fico satisfeito que agora o samurai possa dar ao rapaz uma mão amiga e o apoio que necessita para se reerguer – sendo bem dedicado nesse sentido -, mesmo que ele ainda ofereça resistência para tentar de novo.

Correndo por fora e não menos importante, o Jotaro dá um grande passo rumo ao seu reavivamento no mundo esportivo, aperfeiçoando o Aragaki Mark II que independente dos resultados obtidos, simboliza sua vitória pessoal – essa que é a mais importante para ele.

Minha única chateação real foi o anime ter inserido aquela coruja fujona, apenas para criar um problema que claramente podia ter sido evitado. O pior é que por mais inconveniente que o animal tenha sido ao aparecer exatamente nesse ponto da história, preciso ser honesto e dizer que o ginasta foi quem mais me aborreceu por ter se prestado ao papel de se meter onde não devia.

Ao meu ver esse foi o elemento que utilizaram para justificar uma eventual derrota do protagonista na competição, já que ele adquiriu uma nova arma que poderia lhe garantir alguma chance concreta. Seja qual for o resultado, eu sinceramente só espero que não invalidem o moço e acabem com sua carreira por conta desse evento inesperado, afinal fora a Rei, a ginástica é tudo para ele.

Bom, o anime segue agora com a missão de resolver o que será do Leo e do Jotaro, ambos feridos, um interna e o outro externamente, mas as vésperas de eventos importantes para suas carreiras e vidas no geral.

Nesse bolo doido algo que notei é que esqueceram do Minamino, mas ele é tão qualquer coisa que por mim fica na obscuridade mesmo – ou como diria uma amiga minha: “DANE SE!”. Penso que o único ponto problema aqui é o fato dele ser destacado como um personagem relevante para o enredo e o máximo que vem fazendo é ser desagradável sem profundidade alguma.

Não sei se nessa fase da corrida é vantajoso explorar algo a mais nesse personagem, ou se é melhor concluir com excelência quem já vinha sendo bem trabalhado até aqui, resolvendo dele apenas o básico. Enfim, ficam essas dúvidas para os dois episódios finais.

Agradeço a quem leu e até o próximo episódio!

Comentários