Esse episódio final foi melhor do que eu esperava, mas, ainda assim, sofreu com a falta de tempo. Eu diria que ele cortou na gordura, onde poderia cortar, mas é inegável que faltou tempo, parece que o planejamento encaixaria melhor com 13 episódios, mas quem bancou o anime só conseguiu arranjar 12, então assim foi.

De toda forma, Iwakakeru termina com uma mensagem bacana e uma boa imersão no mundo da escala esportiva, isso por si só já torna o anime digno de sua simpatia, e mesmo que os valores de produção não tenham sido notáveis, entregaram algo decente. É hora de Iwakakeru no Anime21!

Não ficou parecendo que a Kurusu Anne queria “marcar território”, como se a intenção dela fosse esmagar o psicológico da concorrência, mas, principalmente o da Konomi? Sim, o esforço total dela quando poderia dosar forças evidenciou isso e se tem uma explicação lógica para tanto eu imagino que seja o desafio que a Konomi dirigiu a ela.

Mas não só isso, foi devido a ameaça real que a prota representava por seus próprios méritos. Esse episódio deixou bem claro quem era a melhor escaladora colegial no Japão e esta era Kurusu Anne, mas sempre esteve claro que Iwakakeru nunca se tratou de vencer sozinha.

É bem legal quando em um anime ou mangá uma personagem é elevada da estaca zero ao topo através de muito esforço e experiências, mas no caso da Konomi, e do esporte em si, essa ideia pertence mais a fantasia que a qualquer conexão com a realidade que uma história envolvendo o esporte possa oferecer.

Sendo assim, faz total sentido que em um ano a Konomi consiga se tornar uma grande escaladora, se sobressaindo em algo que era sua especialidade e dentro de circunstâncias bem específicas, mas não ao ponto de ser melhor que alguém que, creio eu, tinha mais talento e experiência que ela.

Na realidade o esporte é assim, as coisas não acontecem do dia para a noite e mesmo quando acontecem rápido, dificilmente cobrem o todo. A Konomi entrou no torneio já com essa ideia da vitória em equipe pelos motivos que comentei nos artigos anteriores, então fazia todo sentido que buscasse se focar para não cair na provocação da Anne.

A Anne queria vencê-la e esfregar na cara da rival o quanto era melhor e no fim das contas ela meio que faz isso mesmo, mas foi justamente essa falta de ponderação, motivada por uma autoconfiança exagerada, que a fez fraquejar na hora H, perdendo em algo também importante.

E pode parecer que a final foi daquele jeito para ajudar a Konomi, mas, não sei como é em competições de escalada, é inegável que fazia sentido, até para, como os comentaristas (extra animados e mal animados) disseram, dar a alguém com um talento especial em uma categoria e regularidade nas outras a chance de vencer.

Seria muito medíocre se só a Anne já fosse o suficiente para garantir a vitória dela no individual e a vitória do seu time. Da forma como era o regulamento acho que deu para quantificar melhor os resultados e tornar a competição mais interessante, ainda que não a tenhamos acompanhado de “fato”.

Infelizmente, não teve nada de bouldering e nem das outras escaladoras exceto o confronto de velocidade da Konomi com a Anne e as partes da final que interessavam de verdade. Foi a maior evidência do quanto faltou tempo, não houve fluidez no torneio, apenas as partes mais importantes.

Além disso, a falta de tempo também foi ruim em outro aspecto, mas um que acredito ser menor em comparação aos acertos da produção mesmo com tempo de menos. Por exemplo, aproveitaram todo o tempo gasto com o problema da velocidade da Konomi, o enfrentamento da duas e até os draminhas da Nono e da Jun.

Além disso, repito, essa rivalidade aflorada entre a Konomi e a Anne foi um dos fatores que fizeram a garota falhar na última prova, e sem isso não vejo como a Konomi poderia ter vencido, sem essa falta de equilíbrio nos esforços da grande rival a ser batida.

Assim pode parecer que o Hanamiya ganhou por sorte, mas foi exatamente o contrário, afinal, se a Anne botou o coletivo em risco por causa de sua rivalidade individual é sinal de que o time não era tão unido assim, que não estava comprometido na mesma causa. Tinha muitos talentos individuais, mas que sem união sucumbiram a quem a tinha.

Comentando um pouco detalhes técnicos antes de voltar a focar nas personagens, o trecho repetitivo indicando a rivalidade entre a Anne e a Konomi me incomodou um pouco, achei muito na cara, até desnecessário, mas no geral adorei a atenção da produção do anime com os detalhes, fosse com a trilha sonora, a sonorização ou o encaixe das cenas.

Eles encorparam bem os momentos ou a atenção em ilustrar a vitória da prota, além, é claro, das nuances que levaram não a Konomi, mas o Hanamiya a vitória. Não diria que Iwakakeru diz para o público que esporte seja a melhor coisa do mundo, mas com certeza nos detalhes passa a impressão de que não se precisa ser a melhor para praticar e se sentir realizada.

Outra coisa, essa já mais mérito do roteiro, que me agradou demais no anime foi a forma como a dificuldade da Konomi foi exposta, como ela foi encarada e como a Konomi melhorou, mas, mesmo assim, não se sobressaiu. É assim mesmo no esporte, o atleta precisa conviver constantemente com o fracasso, seja ele pessoal ou coletivo.

O mérito da Konomi foi não deixar seu demérito individual influenciar nos esforços para o todo, e o mesmo valeu para a Nono e a Jun, pois enquanto uma encontrou formas de compensar sua baixa estatura e foi onde ninguém do seu tamanho jamais esteve, a outra manteve uma regularidade absurda para quem quase desistiu do esporte.

Aliás, gostei das escaladas derradeiras de ambas, principalmente de como a Nono acabou indo um pouco além da Jun (até “coroando” sua relação com a Saya), a única coisa que me incomodou de verdade foi a forma boba como a Jun perdeu. Ela se desligou por um instante ao pensar na grande rival, sério isso?

Ao mesmo tempo em que gostei da lembrança dela, porque mesmo que uma rival torça por você para vencer você eventualmente e se sentir ainda melhor por isso, no fim a função da rival é atrapalhar mesmo, não tem jeito. Foi uma maneira perspicaz de se aproveitar da ideia da rivalidade, o que, aliás, o anime fez bem praticamente todas as vezes.

Enfim, daí veio a escalada final da Konomi e o momento derradeiro do anime, que a gente sabia que acabaria bem, é o clichê que todo o público gosta de ver (quem quer ver história triste para se divertir é masoquista, só pode), mesmo que alguns reclamem.

Não vou reclamar, porque no fim das contas acho que o anime fez um excelente trabalho em tornar esse final bastante realista, construindo uma personagem falha, mas também um time falho, só que ainda assim muito focado em um objetivo comum.

Objetivo esse que nunca foi individual, mas sempre coletivo, e mostrou que ganhar assim também tem seu valor, diria até que tem mais, pois não é uma vitória que você possa chamar só de sua, ainda que mesmo em modalidades individuais o atleta tenha apoio de várias pessoas.

Dentro da realidade, do tempo que a Konomi conheceu o esporte e foi capaz de avançar nele com todas as suas características (quer se tornassem um mérito ou um demérito na hora de escalar), penso que o resultado foi sim plausível.

Até porque desde o princípio a Konomi foi vendida a nós como alguém que tinha tino para a coisa, mas não exatamente o talento nato e preponderante de alguém igual a Kurusu Anne.

Individualmente a Konomi não tinha chances contra ela, mas, repito, a disputa da prota nunca foi essa, mas sim a disputa coletiva, para poder curtir a vitória de seu clube com as amigas que tanto a ensinaram e incentivaram. Olha, não tem como terminar esse anime insatisfeito não. Difícil…

O tempo (ou a falta dele) não potencializou esse final e ficou claro como rusharam tudo que era menos importante, mas da forma que foi feito ele também não comprometeu a acepção das ideias que o anime queria passar e boa parte do entretenimento em si.

Eu ainda teria cortado um pouco mais para dar dois episódios só a esse torneio final, mas acho que o mais importante não se perdeu e, de toda forma, não era difícil de pegar.

Esse não é o tipo de anime que vai reinventar a roda ou marcar época, mas que certamente tem o seu valor e conseguiu passar uma mensagem bacana dentro de uma coerência bastante razoável, ainda que se valendo de vários clichês. Não poderíamos exigir demais, né?

Por fim, só senti falta mesmo de um trecho das garotas comemorando a conquista, talvez até olhando para o passado com um olhar nostálgico pelo que de enorme elas fizeram (e fizeram mesmo sem a Sayo escalar, certamente a melhor entre elas).

Até nisso a falta de tempo influenciou, mas esse foi dos males o menor. Antes a conquista que a comemoração. Fica o sentimento de que dentro de suas possibilidades Iwakakeru foi como suas protagonistas, uma conjunção de coisas boas potencializadas por aquilo que só o coletivo poderia tornar ainda maior.

Até a próxima!

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