Velhos companheiros se reencontraram logo no início do penúltimo episódio e eu me reencontro com os artigos de Golden Kamuy. Aqui comentarei os últimos acontecimentos dessa excelente terceira temporada já animado para uma quarta. É hora de fechar a m*rda do ano com o melhor anime dele!

O Ogata tem olhos de raposa, né? Logo ele notou que a Asirpa percebeu alguma coisa e associou isso ao ouro. Como nós já sabíamos o que ele havia feito com o Sugimoto e o pai da menina era de se esperar sua atitude, mas a história que contou para enganá-la até me surpreendeu por sua criatividade.

Foi muita cara de pau da parte dele, mas o mais bizarro foi a Asirpa perguntar de comida como se um moribundo necessariamente fosse falar disso. Considerei licença poética pelo quão bizarro foi, mas é de Golden Kamuy que estamos falando, né? Vejo alguém sendo pego na mentira pelo estômago!

E pelo estômago alheio, o que foi mais inusitado… Enfim, se a conversa do Ogata não surtiu efeito, não dá para dizer isso da do Tsukishima. Ele viu a Svetlana, a orientou a entrar em contato com os pais, mas foi legal que ela não voltou para casa. Se ela saiu fugida é porque havia um problema, né?

Não é por ser mulher que deveria necessariamente obedecer aos pais, além disso, estamos em um anime de aventura, então a ideia dela ter seguido a sua com o Gensoku foi muito mais divertida, até por causa do que ela faz após sair da barra da saia dos pais. Svetlana é uma mulher de espírito livre.

Quanto ao final da primeira parte do episódio 11, vários focos de ação se desenrolam e um deles culmina na facada que parece ter selado o destino do Kiroranke. O sinal de mau agouro era voltado a ele, um personagem importante, mas que parecia mesmo no fim da linha dado seu “extremismo”.

Enfim, a Asirpa, que parecia muito desconfiada desde o princípio da conversa mole do Ogata, descobre a mentira e se põe em posição de ataque, mas a gente sabia que ela não queria atirar. Não foi à toa que mostraram a história do Ogata com o irmão, era para sabermos dessa obsessão dele.

O Ogata quer que todos sejam iguais a ele, ele quer macular toda a pureza do mundo mesmo que sua vida seja levada com isso. Essa é a maior prova de que nada é capaz de detê-lo e se ele não tem nada que o amarre é certeza que ainda causará muitos problemas, o ouro é sua desculpa para “participar”.

O que ele não contava é com o aparecimento do Sugimoto, o protetor da pureza da Asirpa, acho que não por duvidar que ela seja capaz de aguentar, é mais por não querer vê-la sofrer mesmo. O Sugimoto não tem um pouco disso, dessa mania de cuidar dos outros levando a pancada pela pessoa?

Não é mais ou menos isso que o levou ao ouro, a “herança” não dita que herdou do amigo porque quis? Essa mania dele de querer abraçar o mundo com as pernas ainda pode fazer a sua cova. Isso se imortais morreerm mesmo, pois o Ogata não é um, mas tomou um tiro no olho e fugiu cantando pneu.

Ou seria ferradura? O caso é, Asirpa se reencontrou com o Sugimoto e se a emoção já nos acalentou o coração, a pálpebra pregada e despregada com mijo foi algo tão aleatório e engraçado que eu já poderia meter o selo Golden Kamuy de bizarrice sem pensar duas vezes. O anime precisava disso!

Como também precisava da persistência do ardiloso Kiroranke, um homem que dedicou a vida aos seus ideais, passando até mesmo por cima do amigo Wilk. Pelo que entendi ele achou que o Wilk “amoleceu” ao confiar o mistério do ouro a filha e decidiu se livrar dele para manipulá-la e obtê-lo.

Algo questionável para dizer o mínimo, mas que ao meu ver é só mais um aspecto humano diverso igual tantos outros abordados nessa história. De gente obcecada por um ideal a malucos vidrados em adrenalina, Golden Kamuy tem personagens viscerais em toda sua miséria e beleza.

Sendo assim, dá para considerar que o Kiroranke teve um final triste e foi um m*rda, dá para achar que ele foi um homem corajoso por fazer de tudo por aquilo em que acreditava e dá para achar os dois, pensando que seu final precário e solitário foi resultado de suas escolhas em vida.

E o maldito ainda tentou levar quem conseguisse com ele, o Koito e o Tsukishima deram uma sorte tremenda, mas foi tanta gente desmantelada que não tinha como não aparecer um médico. Após o desmaio do Ogata e a morte do Kiroranke a coisa esfriou só para pouco depois esquentar de novo.

A ideia de fazer o Ogata montar uma ceninha para conseguir escapar da cama de hospital aproveitou todo esse ar de resiliência que os personagens dessa história emanam, crias de uma época em que o mundo não tinha as mesmas facilidades que tem hoje, em que se sobressaíam os mais “durões”.

O Ogata é um desses e não fica claro se ele acordou antes do médico reportar seu estado, o ameaçando para mentir e criar uma abertura, maa a refém em suas mãos denota isso, nada surpreendente para alguém que mata o pai e senta a mesa com a filha para fazer uma refeição no dia seguinte.

O Sugimoto já sabia quem era o Ogata de muito tempo, agora imagino que a Asirpa também saiba que não dá para se aventurar mais com ele. Aliás, quando ela volta ao lado do Sugimoto a coisa não começou a acalmar? Ainda teve a fuga do sniper, mas a gente sabia que nada sairia dali. Era óbvio.

Mas que foi legal ver o Sugimoto jurando o Ogata de morte foi. A Asirpa tem o amolecido um pouco, não acho isso ruim, ela “doma” a natureza bruta, selvagem dele, mas é só repararmos em como ele foi um pouco mais descuidado e até violento durante o tempo em que esteve longe dela.

Um dá estabilidade ao outro, se tornou um ombro amigo e porto seguro, tanto é que a gente sabe do compromisso com o amigo que o Sugimoto tomou para si de bom grado, mas não parece demais que ele só está tão afim de resolver esse lance do ouro por causa da garota ainu que é a chave até ele?

O Sugimoto não é de mentir para um amigo, mas está omitindo coisas da Asirpa para não jogar nela as expectativas do pai falecido, que não a amou menos por tê-la criado para ser a revolucionária do movimento ainu de libertação, mas também não tinha o direito de decidir seu destino.

Ao menos eu acho que não a amou menos ou diferente por isso. Os seres humanos são criaturas muito complexas e apesar de ter uma filosofia de vida relativamente simples o Wilk não foge a isso. Resta saber se a Asirpa abraçaria o desejo do pai e conhecendo ela, como não temer por sua vida?

O que o Sugimoto está fazendo também não é certo, mas acabo entendendo o lado dos dois, do amigo e do pai, só que ai lanço a minha expectativa em Golden Kamuy. Será que faria mesmo sentido a Asirpa sair ilesa depois de tudo que viveu e sentiu? Não é mais lógico deixá-la encarar essa provação?

E não é que perder o pai em vias de encontrá-lo seja algo banal, mas dá mesmo para manter essa pureza intacta passando por tudo que ela está passando, vivendo tudo que ela está vivendo? E ainda que não consiga mantê-la, isso não quer dizer que ela será infeliz. Aliás, isso seria o mínimo.

Nem peço isso para o Sugimoto, mas espero que ao menos a Asirpa acabe a história bem, só que isso ainda está distante. Para você ver, ela nem mesmo revelou o que notou e a deixou tão inquieta, dando a nós mais um motivo (como se precisássemos disso) para ansiar por uma quarta temporada.

Esse final só não foi melhor porque acabou, pois a ideia de acelerar as coisas em um episódio e cadenciar no outro foi sublime, além de ter deixado as pontas soltas perfeitas (a Sofia, o Ogata, o grupo do Hijikata, o que a Asirpa lembrou, etc) para mais nesse misto louco de ação, aventura e comédia.

Até a próxima!

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