Ano novo, temporada nova, portanto isekais novos e esse é definitivamente mais uma das gratas surpresas que vem sendo trazidas recentemente no gênero. Com um nome enorme e uma sinopse pouco original ou sequer animadora, a obra que conta a história de Lloyd Belladona, chega mostrando que para ser bom, não é necessário reinventar a roda, mas sim usar bem as armas que tem.

Suppose a Kid From the Last Dungeon Boonies Moved to a Starter Town, ou se preferirem o nome original e mais longo, Tatoeba Last Dungeon Mae no Mura no Shounen ga Joban no Machi de Kurasu Youna Monogatari, narra a jornada do jovem que se acha fraco e na verdade é forte, porque vem de um vilarejo repleto dos mais fortes guerreiros e ainda próximo do local mais perigoso daquele mundo.

Bom, considerando essas informações, o que essa história parece ter de especial, baseada apenas em sua estreia? Para minha pessoa a resposta é muito simples, ela tem uma boa execução e é autêntica no que quer oferecer.

Por hora vou usar o nome ” Tatoeba Last Dungeon” – como fiz no título – para facilitar a comunicação quando for preciso, mas indo direto ao ponto, essa estreia me surpreendeu por eu pouco esperar dela e acabar recebendo algo bem satisfatório.

Tatoeba Last Dungeon tem aquele ar de anime genérico que não faz feio e nem bonito, apenas “faz o seu” e desde o anúncio com trailers, nada parecia chamar a atenção, me deixando com a impressão de que ele seria aquele genérico que ninguém ama, mas todos assistem no final, apenas para tentar passar o tempo.

Não sei se foi uma sensação exclusiva minha, porém penso que o episódio tem uma composição interessante, por tornar cada momento muito próprio dentro do que as situações ocorridas pedem, sem parecer desconexo nas transições entre os momentos mais “sérios” ou cômicos e sabendo dosar o exagero e a normalidade.

Nas primeiras cenas por exemplo, acho bem legal como o anime te induz a comprar o sonho do Lloyd e seu jeito, mostrando a fragilidade do menino – mesmo sendo forte -, sua inocência, a admiração pelo irmão e um ar mais sereno que me fez simpatizar com ele logo de cara.

Quanto a suas habilidades super humanas, pouco tenho a dizer porque o episódio não explorou isso com muita intensidade, salve a cena com o lenço e o inseto gigante, mas sinto que a vibe do personagem é similar a de heróis overpower mais “incomuns” como o Saitama (One Punch Man), ou mesmo a Maple (Bofuri) – o que é ótimo para as risadas que pode promover com o absurdo de sua força.

Por sinal, ainda que seja um clichê natural desse tipo de obra ter o herói nobre e bondoso, percebo que no garoto nada disso soa forçado ou irritante, acho até que sua pureza, humildade e insegurança são bem genuínas e o fato dele não incomodar, reforça essa minha teoria – mesmo a trilha sonora o ajuda nesse quesito.

Suas companheiras por sua vez, já não um exemplo de equilíbrio, começando pela divertida Marie que é uma bruxa em treinamento aparentemente tranquila, cuja fachada se desfaz com a presença aleatória de sua mestra Alka – a loli velha, como ela mesma diz.

A interação entre as duas é simplesmente hilária e o anime se aproveita bem da natureza debochada da veterana, para criar o caos com as reações extremas de sua pupila, que com certeza foi um ponto alto do dia, por conta do carisma da moça e sua doidice.

Como o Lloyd tem essa aura fofa, nobre e doce, ele capta fácil as pessoas, o que também ajudou bastante no entrosamento dele com a bruxa novata, que agora é a responsável por guiá-lo com segurança em suas missões. Achei engraçado que ela se preocupa com o bom senso dele, mas me pergunto o que ela fará quando der de cara com a outra peça rara desse grupo, que é a Selen.

A princesa me surpreendeu porque fizeram toda uma introdução dramática em cima do seu problema pessoal – que até me fez levar ela a sério -, mas uma vez resolvido, a menina mostrou a face mais inesperada e cômica possível, dando vida a uma adoradora yandere que não brinca em serviço quando se trata do objeto de sua afeição.

Sendo honesto, caso a direção perca a mão, penso que essa personagem possa acabar irritando alguns com seus surtos, já que esse estereótipo não é lá do agrado de muitos por abusar da loucura, mas inicialmente a achei bem divertida e sua introdução um acerto, até mesmo pela surpresa que causou.

Por último, mas não menos importante temos a Riho, uma mercenária malandra que parece saber bastante do que acontece no reino e demonstra ser a mais experiente que boa parte das pessoas ali, tanto em campo, como fora dele, por ler com facilidade as situações ao seu redor, incluindo o potencial oculto do Lloyd.

Falando nesse poder nato do protagonista, algo que me chamou bastante atenção e que me faz pensar quais os rumos desse anime, é justamente a forma como desenvolvem a questão do seu primeiro desafio. Curiosamente, mesmo com toda a força e habilidade que demonstrou na viagem e salvando a Selen, ele foi incapaz de vencer o teste, quando era esperado que fosse o contrário.

Julgando pelo que um dos oficiais disse, existe por debaixo dos panos alguma coisa relativa a guerras entre reinos, daí a necessidade de novos guerreiros. Isso me leva a pensar se o menino foi reprovado por se mostrar uma possível ameaça, ou por de fato ter falhado por um motivo qualquer – que talvez tenha a ver com a sua natureza mansa, porque talento ele tem.

O anime deixa claro que seu foco é a jornada do Lloyd com suas amigas doidas, em busca da realização do seu sonho, só que de forma leve e descontraída. No entanto, não acho que mesmo com um foco não muito preciso, descartarão a possibilidade de trabalhar algo em cima desse conflito entre os territórios vizinhos, até para criar uma ferramenta de crescimento para o mocinho e sua turma.

Enfim, Tatoeba Last Dungeon começou bem com suas piadas e ainda nos jogando perguntas. A primeira é porque o protagonista não passou no teste e o que fará agora que não foi aprovado? Fora isso, como será que as meninas vão se articular entre si, principalmente por causa da insana Selen? Eis as questões.

Para quem gosta de uma aventura com bons toques de comédia e personagens fora da casinha, essa é uma opção interessante para começar a temporada, com certeza é um que continuarei vendo e estou bastante empolgado para ver como vão trabalhar com essa divertida história e agora apostando algumas fichas no que pode vir dela.

Agradeço a quem leu e até o próximo artigo!

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