Re: Zero voltou com tudo para a segunda parte de sua segunda temporada, com direito a “morte” de personagem importante e uma virada de clima, ainda que uma bem clichê, mas necessária para acabar logo esse arco. Nada contra ele, mas espero mais variações para essa continuação. É hora de Re: Zero no Anime21!

O caminho de solidão do Subaru até aqui foi tortuoso, certamente foi, mas por que as coisas sempre têm que ser resolvidas passando a impressão de que na verdade o Subaru sempre teve como fazer alguma coisa, só não havia acordado para isso ainda? Além disso, ele é capaz, ou deve ser, de atingir seu objetivo sem sacrifícios, e melhor (ou pior, depende do ponto de vista), com apenas uma vida dessa vez.

Da forma que o Subaru assimilou o sermão que levou, se abriu para o mundo e decidiu agir com a cabeça mais fria fico com a impressão de que o anime só dificultou tanto a jornada dele até agora para espichar a história, uma história que não precisaria ser necessariamente espichada, ao menos não da forma que foi.

Não me entenda mal, gostei do roteiro desse episódio e também da direção, é só que acabei parando para pensar nisso e me veio a mente como essas viradas do Subaru sempre me parecem abruptas demais, como se ele só conseguisse usar a cabeça depois de chegar ao fundo do poço, não que as experiências que teve não tenham influência em sua capacidade de virar a chave para acertar, mas precisa mesmo parecer tudo tão heroico?

Toda a virada do Subaru no primeiro quarto do episódio foi bem clichê e espero que você tenha se dado conta disso. Seu desafio ao Roswaal, assim como a passada de pano que ele representa, também não passa impune, mas se me permite e contradição, pelo menos Re: Zero acerta na forma. Não dá para negar que foi bem legal ver o Subaru agindo com toda aquela confiança ao som de Straight Bet.

É disso que o anime se alimenta, de chafurdar na lama com seu protagonista até o ponto em que a situação parece sem salvação, mas na verdade tem, ele só não havia tido a força de vontade e a confiança de que daria certo, além da experiência com seus erros, eu sei. Isso me deixa no meio termo entre a crítica e o elogio, pois é inegável que esse tipo de desenrolar empolga, mas ao mesmo tempo é passível de questionamentos.

Enfim, o conselho óbvio da Ram, de que a Emilia deve perceber onde está falhando, finalmente acordou os olhos do Subaru para algo que estava bem na sua cara e ele ainda não havia se dado conta. É sério que o Subaru não tentou entender o que fazia sua amada fracassar, o que a causava tanta dor? A fala da Ram pode ter sido óbvia, mas mais óbvio ainda era a atitude que ele finalmente tomou.

E mais óbvio ainda era que eu deveria ter criticado mais isso como, se não me engano, pouco ou nada fiz, acabou me passando batido com todo aquele vai e vem de bruxas. E falando nelas, antes de comentar a conversa dos dois e o que se sucedeu a ela, não poderia deixar de lado o que a Ryuzu revelou, quer dizer, uma das quatro, ou melhor, uma das três que ainda são sociáveis.

Juro que não percebi os nomes diferentes da “mesma” personagem, mas achei bem interessante a história que ela contou, principalmente pelo que revelou sobre o passado do Garfiel e o segredo que ele compartilha com a Ryuzu Shima. O Garfiel é uma das chaves para resolver toda a problemática desse arco, mas o Subaru não poderia se desdobrar para “convencê-lo”, então é aí que vemos como a ajuda do Otto veio a calhar.

Próximo episódio falo mais do Garfiel, pois quanto a esse há muito o que se comentar sobre a conversa da Emilia com o Subaru, e principalmente da conversa dela com o Pack. Confesso que não esperava um passado aparentemente tão comum para a heroína, sabia que ela esteve congelada, mas não que querer ser a dona do pedaço estava ligado a isso. Chega a ser irônico para alguém que tinha ideias tão simpáticas ao coletivo.

Ao mesmo tempo, isso me fez simpatizar mais com ela, pois se desprende um pouco da ideia de bondade incorrigível que ela emanava e a torna um pouco mais humana, mais falha. Não que seu “egoísmo” seja algo recriminável, nada impede que ela faça o que prometeu porque quer descobrir uma forma de descongelar a família, mas ficou claro como ela sentia vergonha em revelar isso.

Foi um dos motivos para ela nunca ter contado ao Subaru, mas acho que mais relevante para isso foi ele nunca ter perguntado, ao menos não no período em que ela está no vilarejo tentando quebrar a barreira, porque desde o começo de todo esse tortuoso processo o que a Emilia mais tem demonstrado é fragilidade, o que somado a intimidade crescente dos dois facilitava esse tipo de diálogo.

Para mim ficou claro como faltou mais dele tentar entendê-la, tentar ajudá-la, tentar ouvi-la. Não que ele não fizesse tudo que fez pensando no bem-estar da garota, mas existe uma diferença entre agir no quadro geral e demonstrar apoio, servir o ouvido e passar confiança, coisa que ele tentou fazer dessa vez e deu certo, ao menos até ela acordar após um acontecimento bastante doloroso.

Partir dizendo para a pessoa que ela é a mais importante para você é uma forma cruel de se despedir, mas ao mesmo tempo reconfortante, pois a pessoa sabe que não restaram mágoas e que foi amada enquanto os dois polos daquela relação resistiam. O Pack tinha sumido há uns episódios e agora reaparecer só para dizer adeus me pegou de surpresa, mas pelo que ele fala (sobre quebrar o selo das memórias dela) fez sentido.

Mas apesar de fazer sentido, não foi um tanto abrupto partir assim? Alguém que não leu previamente estava esperando? Recuperar as memórias é algo essencial para que ela vença a provação e quebre a barreira, mas o que será da Emilia agora sem o seu fiel escudeiro e quais as circunstâncias que cercavam não só o contrato dos dois, mas a quebra dele? Além disso, foi uma baita cena a da despedida (não à toa virou a capa deste artigo).

Todos que mentiram para a Emilia são uns vacilões? Não. Acredito que a Mãe Fortuna (ela é mesmo mãe da Emilia?) teve seus motivos (isso se ela sequer sabia que não poderia cumprir o que estava prometendo), assim como o Pack e o Subaru tiveram e nós vimos isso. A Emilia é meio azarada mesmo, e não só pela aparência que a faz sofrer com o preconceito das pessoas, mas também por perder quem se aproxima demais dela.

Ou ao menos era assim até ela conhecer o Subaru, que não deve se afastar, afinal, é o protagonista e agora com seu plano em curso deve não só “conquistar” o Garfiel, como também ajudar a Emilia a lidar com seu passado o suficiente para passar no teste. Espero mais da conversa deles dois no próximo episódio do que tivemos na conversa desse, mas vai ser insano se tivermos mais do que os melhores momentos desses 28 minutos.

Por fim, foi um baita episódio cheio de cenas impactantes e desenrolares interessantes. Repito, tenho minhas ressalvas sobre as escolhas narrativas até recorrentes de Re Zero, mas não nego os méritos da direção em produzir um espetáculo capaz de entreter tanto por suas cenas dramáticas, quanto por suas revelações interessantes. O Subaru fez uma aposta arriscada, uma aposta no futuro.

Até a próxima!

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