Não esperava por um episódio com essa pegada, mas posso garantir que o adorei, pois ao invés de focar em drama a intenção foi de trabalhar ainda mais a relação das heroínas e a “recuperação” da principal delas, o que funcionou muito bem. Além disso, teve muita fofura e um giro pelas coadjuvantes que tiverem bastante espaço nessa temporada. Sem mais delongas, gostosuras ou gostosuras?

A volta ainda temerosa da Teiou fez todo o sentido dado tudo que ela passou, mas o ponto principal disso foi o pouco foco dado a recuperação física da corredora, só que em compensação a narrativa investiu em outras coisas, como a comédia gerada por seu “trabalho investigativo” e a recuperação emocional que veio através de seus agradecimentos.

É uma construção de personagem bem adequada essa, pois com isso a Teiou começou a se reaproximar no time, nos treinamentos e na expectativa de retornar aos páreos, afinal, com sua investigação serelepe ela achou algo que pudesse retribuir ao Spica, e com a manifestação de sua gratidão as coisas voltaram a se reequilibrar para ela.

E sério, foi muito divertido ver a Teiou disfarçada com todo mundo a reconhecendo. Ela não enganou ninguém, pagou uma de stalker sem noção e até conversou com as observadas. Inclusive, mesmo essa dinâmica sendo muito cômica não se deixou de falar sério, e foi uma seriedade pertinente a esse momento de reabilitação da personagem.

Porque antes de correr também é importante que a Teiou esteja em paz com seus próprios sentimentos e saber que a Nice Nature se inspirou nela, em sua garra para insistir em correr, para não desanimar em sua própria jornada com certeza ajuda muito nisso. Tudo isso sem precisar ser repetitivo no drama, coisa em que a zoeira não ajudaria.

Outra conversa, mas essa bem menos relevante, foi a dela com a Biwa Hayahide, que deixou transparecer um pouco de sua personalidade bem “profissional”, parecida com a Bourbon, e de uma forma diferente me passou a impressão de respeitar e valorizar muito a Teiou, presumindo que ela era uma atleta mais atenta com os detalhes do que realmente é.

Essas demonstrações da importância que a Teiou tem frente a outras companheiras de ofício já ocorreram, mas não é ruim que ainda rolem, pois elas dão mais sustentação a empreitada que ela está enfrentando e que ficou um pouco de lado nesse episódio, mas foi, repito, para dar lugar a algo que também era muito importante.

Todo atleta precisa lidar com a confiança, com a perda dela ou a conquista, e esse episódio com certeza deu uma grande impulsão na ainda frágil e pouca confiança com a qual ela contava. Outra coisa importante para o reequilíbrio emocional da heroína foi agradecer e por mais que a coisa tenha parecido um pouco exagerada aqui e ali, adorei o desenrolar dessa questão.

Porque para agradecer as amigas ela não teve problemas, só teve com a McQueen dada a peculiaridade, a proximidade e a rivalidade, da relação que tem com ela. A roupagem da questão toda brincou com o amor romântico e a confissão, o que foi cômico e fofinho, mas também eficiente em passar essa ideia de desconforto em ser sincera da Teiou.

Foi esse o problema que carregou o resto do episódio e abriu caminho para dois encontros para lá de fofos, relaxantes e gratificantes. Partir para algo mais leve em contraposição ao drama que a Teiou ainda vivia pode ter parecido inadequado, mas a verdade é que era a melhor e talvez a única hora em que esse momento poderia acontecer e agregar algo a trama.

Escrevendo sobre o primeiro encontro, apesar de ter minhas ressalvas sobre a nerfada que a Special Week recebeu, é inegável que ela podia dar a sua mãozinha com algum conselho útil, apesar de agora ser mais alívio cômico que tudo, e foi o que ocorreu, pois foi bem legal a cena em que ela e a Teiou encontraram as fãs mirins, Kita-chan e Dia-chan.

O uso do tema Halloween foi um tanto inesperado, mas fico pensando se não faltava um pouco desse moe no anime e acho que a resposta é sim. Mas não foi um moe inútil, afinal, as duas emularam o que a Teiou quase passou e ainda passaria se não tivesse chamado a McQueen para sair, encontro esse que deixou as duas mais confortáveis uma com a outra.

E aí chegamos a frase, “quanto mais íntimo de alguém, mais difícil é se abrir com a pessoa.” Não me parece que essa ideia é vendida no ocidente da forma que ocorre no oriente por meio da ficção e acredito que isso se deva a diferença cultural incutida na ideia de que japoneses têm dificuldade em expressar seus sentimentos de acordo com a importância da pessoa as quais esses sentimentos se referem.

A construção narrativa da situação dá a entender que é isso, o que também faz sentido devido a tudo que a Teiou passou. que mexeu justamente com sua confiança, a qual ajudaria qualquer um a se abrir com alguém importante. E não é como se as outras companheiras de clube não fossem importantes, é que é só com a McQueen que ela tem, para o bem e para o mal, essa relação de “almas gêmeas”, de grandes amigas e rivais.

Humildemente a Teiou aprendeu algo com as crianças e até deu uma compensada na atitude “negativa” que teve com a Kita-chan no episódio anterior ao mostrar que carregava consigo o amuleto da fã. É sério, nos detalhes esse episódio foi animal, construiu uma base emocional ótima para uma recuperação triunfante da Teiou, que eu acredito que pode rolar tranquilamente nesses dois últimos episódios.

Enfim, o encontro de Halloween das protagonistas foi super gostosinho de acompanhar. As fantasias ficaram uma graça, as coisas que ela fizeram foram bem engraçadinhas e deu para perceber como as duas foram se soltando uma com a outra e que a amizade delas é muito forte, não só a rivalidade, mas isso não é um problema. Aliás, acaba sendo é a solução.

Porque os sentimentos foram postos no lugar, as duas relaxaram e conseguiram falar abertamente uma com a outra e, principalmente, têm uma opinião e gosto muito parecidos, e que faz todo sentido que assim o seja. Não esperava menos do roteiro, pois era óbvio que a Teiou admira muito a McQueen e até por isso tinha dificuldade em se abrir com ela, e o mesmo vale para a McQueen.

Também é legal observar que as duas têm formas diferentes de comunicar esses sentimentos. A McQueen passou força a Teiou ao ter deixado claro que seguiria na mesma estrada almejada pelas duas, enquanto a Teiou passou por sua jornada e sentia a necessidade de agradar e meio que “zerar” o que passou. Mas não porque foi ruim e sim para se sentir leve a fim de recomeçar de novo (sem redundância, né).

A “confissão” da Teiou foi muito fofinha e até teve direito a resposta, finalizando um episódio inesperadamente leve e irreverente que agregou demais ao emocional da heroína, algo muito importante mesmo antes dela avançar nos treinamentos e voltar a correr “pra valer” porque com essa base a tendência é que ela recupere a confiança e consiga se reerguer com mais certezas que o contrário.

Por fim, achei esse episódio sensacional, confesso que não esperava o caminho pelo qual ele seguiu, mas reconheço que fez todo o sentido deixar as lágrimas de lado e focar em coisas boas necessárias para remendar os cacos da Teiou e dar a ela uma base consistente sobre a qual reconstruir sua história, que pode não acabar tão grandiosa como ela imaginava, mas pela jornada talvez não deixe nada a desejar.

Até a próxima!

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