Godzilla, o kaijuu mais conhecido das telas parece estar de volta e numa roupagem totalmente original e animadamente nipônica, seja para quem é fã ou para quem sequer conhece suas origens. Essa estreia ainda não disse muito e não sei como pretendem abordar essa história aqui, ou se de fato vão aproveitar o réptil gigante de algum modo, mas confesso que estou bem curioso para descobrir.

Para ser sincero eu sei do que se trata a história do Godzilla em linhas gerais, mas admito que não tenho muita bagagem, quando o assunto é assistir com afinco as adaptações feitas ao longo dos anos para o cinema. Ainda assim, por se tratar de algo novo, acredito que o anime deve encontrar seu caminho sem que se precise saber muito do que aconteceu antes ou quem é essa figura lendária.

O início é um tanto confuso, pois durante boa parte do tempo muitos diálogos são lançados entre falas científicas, sobrenaturais, aleatórias e por aí vai, porém mesmo com o excesso de texto, ainda é possível compreender a base dos protagonistas dentro da história, para começar a especular o que podem encarar e fazer daqui para frente.

Kamino Mei é uma universitária que se empenha em desvendar mistérios e o lado “oculto” de tudo aquilo que se relaciona a sua formação científica. Ela tem uma personalidade engraçada no sentido de que gosto do jeito meio ácido e simplista da moça, ainda que ela seja bem simpática e tranquila.

Do outro lado, Arikawa Yun é um gênio da tecnologia que demonstra ter um interesse no sobrenatural e os seus enigmas, trabalhando nisso junto a seu parceiro Haberu. Esse já me chama atenção porque ele mostra um lado empolgado enquanto foca no trabalho, ao mesmo tempo em que é péssimo para lidar com pessoas e deixa isso bem claro nos mínimos detalhes.

Desde já eu quero enfatizar que o brilhantismo do Yun nos entrega o AI mais carismático que vejo há tempos, o que dizer do Naratake? É maravilhosa – e igualmente surreal – a forma como ele tem identidade própria e ao mesmo tempo incorpora as necessidades de seu usuário. Acredito que além de útil, ele vá carregar boa parte do alívio cômico da obra, pela sua personalidade única e divertidamente volúvel.

Enfim, voltando a quem importa, acho curioso como essa dupla de mentes afiadas tem interesses tão opostos e mesmo assim, terminam se juntando em prol do mesmo assunto, tendo como fio condutor apenas o amigo em comum, e num grau ainda desconhecido a possível conexão entre os seus “mestres”.

Depois de entender um pouquinho mais as origens do Yun e da Mei, somando a revelação que é feita no final do episódio pelo diretor do Misakioku, consigo entender que o destino é algo que não se substima. Tenho quase certeza que assim como os jovens farão agora, aqueles que lhe ensinaram, já fizeram parte de uma mesma força tarefa protetora no passado, o que justifica a existência de tudo o que eles veem agora.

Fiquei um tanto surpreso com o diretor, porque pensei que ele se tratava de um fulano qualquer que estaria ali porque precisam de um chefe, mas captei um certo cinismo nele que me deixou com uma pulga atrás da orelha, especialmente quanto ao seu papel na trama. Seria ele o responsável por abrir as portas para um grande problema, ou apenas a ferramenta que vai ajudar os protagonistas a revidarem a ameaça exterior? Fica a dúvida.

A revelação do esqueleto gigante me trouxe a mente a possibilidade desse ser o Godzilla original fossilizado, e independente do motivo dele estar guardado no subsolo, não vejo com bons olhos esse segredo.

O dinossauro me sooa um prenúncio do juízo final, ou melhor dizendo, ele é literalmente um alarme, pois a chance de invasores virem passear pela terra é grande, só que ele também pode estar vivíssimo e mandando sinais para fazer a sua aparição, afinal lembremos que o sinal transmitido vinha do subsolo onde ele estava – e numa ficção tudo é possível.

Bom, essa estreia apesar de jogar informações de um jeito bem doido, conseguiu me fazer gostar dos seus personagens e me intrigar quanto aos rumos da história, justamente pelas inúmeras possibilidades que pode explorar, em cima do pouquinho que apresentaram. A ambientação tranquila e ao mesmo tempo bem movimentada também me agrada, mas penso que ela deve mudar conforme o perigo cresça.

A animação está muito boa, com designs legais e mesmo não esbanjando grandes momentos de ação ainda, acredito que nesse aspecto só podemos esperar o melhor dessa adaptação, afinal temos aqui uma fusão entre os competentes Bones e Orange, um conhecido pelo bom 2D e o outro pela qualidade impecável do CG em suas obras, ou seja, ela não podia estar em mãos melhores.

Godzilla Singular Point – ou Godzilla: S.P para quem preferir – faz uma entrada discreta, porém sólida, fisgando fácil pela sua apresentação decente e acredito nele como uma das zebras dessa temporada, então se você curte monstros gigantes, investigação e ação, com pitadas de outros elementos, vale a chance.

Agradeço a quem leu e até o próximo artigo!

 

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