Esse é um episódio traz algo muito forte com relação ao propósito que cada ser carrega consigo enquanto vive. Nele se explora como se é capaz de mudar e crescer quando se encontra essa missão pessoal e o seu coração e vontade são postos nela.

Assim como o propósito, o anime constrói o que é a personalidade das I.A, pois mesmo não possuindo um “coração”, é impressionante como a programação delas supera a própria humanidade, pelo modo que buscam entender tudo ao seu redor, como dão sentido as coisas e se entregam ao que acreditam.

Destacamos logo no comecinho do episódio 3, uma fala bem interessante do técnico que conserta as I.A, pois ali ele se posiciona de uma forma que foge bastante de um dos clichês que envolvem essa temática, a questão de jogar na cara do robô que ele é um robô e nunca vai processar emoções.

Por mais mecânicos que sejam, ele parece acreditar que os mesmos tem um potencial real para entender em algum grau o que seriam os sentimentos humanos – o que na Diva é ainda mais visível -, logo a sua resposta tinha a intenção de fazer ela descobrir experimentando, porque é algo que não tem uma definição certa e precisa nem mesmo para um humano.

O reforço dessa mensagem logo no comecinho, ajuda bastante a amarrar com sutileza e beleza o que acontece depois, no encontro entre Vivy, Estella e Elizabeth – onde logo chegaremos.

Algo também curioso de se comentar nesses episódios, é a passagem de tempo no anime, pois a princípio pensamos que essa restauração de 100 anos de história se daria de uma forma mais pontual em um certo período, quando na verdade agora a Vivy precisou reescrever um evento de 15 anos a frente, pós o ataque ao deputado.

Ali a história nos instigou ainda mais, porque percebemos que de fato a Diva vai encarar uma jornada maior, encontrará muitos indivíduos, alguns completamente novos, outros ligados ao seu passado – como já pudemos ver em dois deles -, mas esse detalhe torna o processo ainda mais rico, por entender melhor as nuances de como funciona a linha temporal que ela está alterando e as pontes que ela faz no caminho.

O Matsumoto depois de um bom tempo sumido e descansando, retorna, e despertando mais uma vez o nosso ranço adormecido por 15 longos anos – literalmente amamos odiar essa criatura. A Vivy continua tendo problemas com o parceiro e é curioso acompanhar como eles trabalham juntos, mesmo se opondo, pois ainda que busquem um mesmo caminho, a moça não se desvia dos seus princípios e é legal ver isso trabalhado nela para torná-la mais forte.

Para que essa missão de fato seja um sucesso, é preciso unir a inteligência e a praticidade dele, com o coração e a coragem dela, tanto isso é real que percebemos que as alterações a mais que ela sozinha causou – em nome de sua consciência -, tiveram uma importância e consequência que não melhoraram muito, mas também não pioraram o cenário, ao menos até o dado momento dessa nova singularidade.

Olhando essa dualidade ficamos nos questionando, porque mesmo o urso nos incomodando altamente com seu comportamento desumano – vejam a ironia -, ainda é necessário pontuar que entendemos o raciocínio direto que expressa, e o desenrolar dessa missão apenas desperta uma reflexão.

Bom, é óbvio que a intenção dele não é cuidar do psicológico de ninguém, porque ele pouco se importa com qualquer coisa, mas se considerarmos as conexões e sentimentos criados pela Vivy, será que o Matsumoto não tem um pequeno ponto, quando se trata dos questionamentos e das marcas inevitáveis que ficam na moça a cada missão dolorosa que encara?

A Momoka por exemplo foi uma cicatriz infeliz, contudo uma que ainda mexe com a I.A e a forma como ela vê as coisas, no que a presença da Yuzuka – irmã mais nova -, vem como uma redenção, para que ela se alivie do pesar que carrega com essa morte que não pode evitar, mostrando que a vida segue seu fluxo e algo melhor pode ser deixado para trás, quando ela se esforçar por alguém.

Assim como a protagonista, o conflito sentimental também é parte da existência da Estella e da Elizabeth, com ambas carregando um destino bem triste, sem o direito a viverem juntas e partilharem sua função de cuidar de outras vidas.

A Estella ganhou uma missão sua, enquanto a irmã foi desprezada como um lixo qualquer, sem sequer ter a oportunidade de mostrar algo. Desde a sua criação a andróide passa por uma situação similar a da Vivy, com as perdas, o autoconhecimento de seu “coração” e o desejo de cumprir a missão que lhe foi confiada, acima de tudo – características comuns que acabam formando um laço sincero entre as duas.

Falando em elos, o anime inclusive fez uma jogada bem legal ao colocar o terrorista de anos atrás no caminho da robô descartada, porque mesmo com o ódio que prega, a sua conveniência lhe permitiu dar a Elizabeth um propósito até o final da investida deles, talvez por um pequeno reflexo do que a Vivy fez quando lhe salvou antes.

É bem interessante como a própria I.A supostamente defeituosa, tem características muito sentimentais por entender a importância de proteger aquele que lhe estendeu a mão, mesmo que o tenha feito de um jeito torto. Achamos até engraçado como agora, duas irmãs que nasceram com um mesmo propósito, por conta de diferentes formas de interferência humana, acabaram cada uma transformando isso de um jeito novo – a Estella cuidando de todos e a Elizabeth apenas focando no seu mestre.

A cena em que a protagonista lhe acerta na cabeça também é bem simbólica e discreta, porque é com a junção entre duas cabeças que as informações são passadas – e porque não os sentimentos também -, então ali de uma forma totalmente desproposital, ela meio que acaba despertando o que estava perdido na irmã ferida pelo passado.

O final depois de tanta luta e enfrentamento é simplesmente lindo, e aqui aplaudimos a direção pelo cuidado e a delicadeza do momento, com a união definitiva das irmãs outrora separadas e que agora puderam partilhar com alegria a missão que receberam juntas no dia em que nasceram.

Depois de algo tão intenso e tocante, as dúvidas que ficam são, como o Matsumoto vai retornar a sua parceira depois de ter sido entregue a Yuzuka como uma lembrança, e qual o impacto que novamente a Vivy terá sobre o abençoado terrorista, que insiste em se manter no status de inimigo e criar problemas.

Terá esse homem o seu arco redentor ou vai deixar um discípulo ressentido? Outra coisa, será que ele vai ter uma nova chance de se reencontrar com a Diva em uma próxima singularidade? Esses são pontos a se pensarem, até porque agora ele também carrega – involuntariamente – os sentimentos da Elizabeth e da Estella, que assim como sua primeira salvadora, queriam cuidar do sorriso de todos.

Agradecemos a quem leu e até o próximo artigo!

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