Super Cub teve uma estreia bem interessante ao abordar com delicadeza o cotidiano da calma Koguma, as suas questões pessoais e modo como vê a própria vida. Dado o primeiro passo para que o seu mundo vá se abrindo cada vez mais, o que pode ser dito sobre a forma como ela vem evoluindo nesses outros episódios? Vamos ao nosso bate-papo para responder.

JG: O que eu gosto bastante analisando o conjunto dos quatro episódios até aqui, é o modo como o anime vai desenrolando gradualmente o amadurecimento da personagem, como se buscasse nos fazer ir descobrindo essas pequenas alegrias da vida junto com ela. Enquanto assistia eu me senti imerso no mundo da Koguma e achava o máximo quando ela alçava uma nova conquista – como as partes da Cub, a nova amizade e o primeiro emprego.

Flávio: Para quem dizia que não tinha nada, agora possui várias coisas conquistadas por meio da moto

JG: O primeiro episódio meio que já tinha me feito enxergar isso, mas nesses outros percebo mais claramente que essas pequenas coisas afetaram a visão dela de tal forma, que isso fica expresso nas cores do cenário, como se ganhassem vida com a chegada da Cub e suas infinitas possibilidades.

Flávio: Um dos exemplos sobre como coisas consideradas banais mudaram a vida da protagonista é quando ela faz um desvio no caminho da escola para casa e para num mercado.

JG: Essa cena é curiosa porque depois de ver a euforia da Reiko ao falar de sua Cub, é que ela começa a pensar diferente e com sua parceira moto para levá-la aonde quiser. Depois de viver aquela experiência simples, mas estranhamente satisfatória, ela tem aquele feeling de “que outras coisas mais posso descobrir?”. Falando na nova personagem o que achou dela?

Flávio: Gostei da personagem. A aproximação entre a Reiko e a Koguma foi natural. Algo que poderia acontecer com qualquer pessoa, incluindo nós mesmos.

JG: Um negócio que me chamou muito a atenção é que as duas estavam em uma situação muito clichê e foram por um caminho totalmente diferente. Você tem a menina tímida que não tem amigos, a outra que é mais falante e chega ali para se aproximar, mas as duas não criam esse vínculo imediato de amiguinhas pra sempre, elas ainda tem aquela estranheza de ir se acostumando com o jeito do outra, entender como chegar, é como você disse, tudo muito natural e realístico.

Flávio: Achei interessante mostrar a expectativa da Koguma que imaginou vários colegas de classe se aproximando dela ao falar que tirou a carteira de motorista (ou foi sobre ter comprado a moto) como se fosse a coisa mais incrível do mundo. A realidade foi completamente diferente. Um dos colegas até demonstrou algum interesse, mas ao saber que a moto se tratava de uma Cub, o interesse do mesmo diminuiu.

JG: Isso foi engraçado porque pouco tempo depois a cena meio que aconteceu na aula de economia doméstica, mas aí ela já estava escolada por causa da própria imaginação, então reagiu aos colegas sem alarde.

Flávio: No dia seguinte após a Koguma ter conversado com a Reiko, a protagonista cumprimentou a colega esperando que ela respondesse de volta e iniciasse uma conversa, o que não ocorreu. Durante o almoço, Koguma quase perdeu a esperança de ter contato com a “companheira de Cub” quando algumas amigas da Reiko a convidaram para almoçar.

JG: Nesse momento eu senti o impacto dessa “abertura” que ela se deu pra vida, porque antes podia cair o mundo ali do lado e aquilo não teria significado nenhum, mas a partir do momento que ela já estava diferente e a colega criou a proximidade, a Koguma sentiu a necessidade de cultivar aquela amizade em potencial porque era algo que estava gostando de ter depois de tanto tempo sem ter nada.

Flávio: Por falar em cultivar a amizade, o desenvolvimento é lento, mas natural. Até agora elas não fizeram atividades juntas ou tentaram fundar um clube de Super Cub

JG: Exato e isso me surpreendeu bastante porque já estamos no episódio 4 e as duas ainda estão engatinhando nessa amizade. Ainda assim eu confesso que gosto desse ritmo, especialmente porque a Reiko tem uma forma bacana de lidar com o jeito mais introvertido da Koguma, ela não tenta forçar, mas apela para aguçar a curiosidade da “companheira de Cub” sobre as várias experiências que pode ter (e que inclsuive a menina já está pondo em prática).

Aproveitando que você comentou sobre um possível clube, acho que ele não deve surgir, mas as duas junto com a outra moça que aparece na abertura, devem fechar um grupo de viagens “cubista”, tipo as protagonistas de Yuru Camp.

Flávio: Apesar da diferença temática, ambos possuem uma “vibe” semelhante.

JG: Sim e muito, inclusive no fato de que as meninas nos dois animes precisaram recorrer ao emprego de meio período para sustentarem seus hobbies, como aconteceu agora no episódio 3. Por sinal, que trabalho ótimo e ampliador de horizontes, eu acharia legal ter algo assim na minha época de estudante.

Flávio: Os dois animes fazem um bom uso dos cenários para contar a história.

JG: Eu penso que eles carregam bastante essa intenção de mostrar a beleza do mundo, nos instigando a explorar e curtir essa simples alegria que temos nas mãos, que consequentemente casa com o foco das atividades mostradas neles.

Flávio: A cada pequena grande conquista, A Koguma estava percebendo como a vida dela estava mudando. Ou seja, a felicidade da garota, não se limitou apenas a Cub. O bagageiro, o óculos, o relógio, a capa de chuva, o trabalho temporário e, claro, a amizade com a Reiko também são importantes para a protagonista.

JG: Quando se trata de conquistas, algo que achei bem legal no episódio 4 é o fato da Koguma ter decidido aprender mais da sua Cub sozinha, fazendo a troca do óleo sem ajuda. Ela poderia continuar ali contando com o tiozinho da oficina, mas é recompensador o quanto ela está demonstrando que quer experimentar mais sensações, quer tentar outras coisas, especialmente pela sua parceira de duas rodas que tanto lhe deu alegrias desde que fora comprada.

Flávio: Desde o início ela tem aprendido muito sobre a moto e continua fazendo isso.

JG: Depois de ver que ela se abriu e está se jogando mesmo, fico curioso só para saber se o próximo episódio vai ajudar no estreitamento definitivo dos laços entre ela e a Reiko (já que foi visitar a cabana da moça), mas principalmente, para saber quando a outra garota chega, porque quero meu time completo logo!

Flávio: Eu também estou curioso sobre a visita a casa da Reiko. É a primeira vez que a Koguma visita uma amiga. Outro detalhe importante, é que o convite partiu de quem costuma tomar a iniciativa dessa relação de amizade, que é a Reiko.

JG: Pois é, e a personagem ao mesmo tempo que é tranquila e naturalmente alegre, me transmite a sensação de que ela também não está tão habituada assim a ter amigos próximos (embora seja comunicativa), então acho que vai ser bem interessante a condução desse momento mais longo entre as duas.

Flávio: Tirando as colegas que a convidaram para almoçar, não a vi interagindo com outros colegas/amigos, além da Koguma, com quem almoça e conversa todo dia, abrindo margem para essa dúvida.

JG: Bom, já seguindo para conclusão do nosso extenso depoimento (risos), eu queria abrir um pequeno parêntese que é sempre bom ressaltar: a trilha sonora do anime. Eu fico simplesmente pasmo com a beleza do piano clássico e como ele encaixa com perfeição na narrativa mais serena e diria que reflexiva de Super Cub. Se a experiência ao assistir já é boa pela qualidade geral, com isso fica ainda melhor.

Flávio: Uma boa trilha sonora e belos cenários são fundamentais para uma história que se propõe a ser contemplativa e relaxante.

Enfim, com tudo o que nos é oferecido nesses episódios, acho que nossa expectativa agora é ver como vão continuar trabalhando essas personagens, mantendo esse nível único, em uma obra única.

Agradecemos a quem leu e até a próxima!

 

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