E agora sim, chegamos ao último filme de One Piece, bem, na verdade é o mais recente, um passarinho verde me contou que o décimo quinto está engatilhado para nascer. E por grata surpresa, Stampede é um dos melhores filmes da franquia. É puro fanservice bem feito, só isso, muito bom.

 

 

Como já revelei, é um filme com uma proposta bem definida, agradar os fãs, e consegue. Mas não é porque a obra assume com sinceridade essa premissa, que ela não constrói um bom fundamento para sustentar o palco.

Primeiramente, temos Douglas Bullet, um ex-membro do bando de Gol D. Roger, libertado de Impel Down pelo Barba Negra. Douglas tem desde a infância um percurso de abandono, traição e inveja em relação ao seu poder. A palavra desconfiança exemplifica bem a sua trajetória, e para além de Roger, ninguém mais aceitou e construiu laços reais com o homem. Esse rancor se amplifica e se desenvolve na forma da ambição pelo poder, força bruta, sobrevivência. É uma pessoa puramente solitária que deseja ser o mais poderoso no mundo, simples assim.

 

 

Ao contrário de Douglas, Buena Festa, não é um ex militar e não ajudou a libertar o seu povo, muito menos é alguém realmente poderoso ou necessariamente abandonado. Entretanto, assim como Douglas, ele também experienciou a decadência, seu passado glorioso foi atropelado pela nova era dos piratas, e a sua maior ambição é varrer essa nova era em um ato de vingança. E claro, elevar novamente a sua antiga glória como organizador de eventos e festas lendárias.

As duas figuras reúnem em um grande evento incontáveis piratas, prometendo o maior prêmio de todos, o One Piece, ao vencedor. Esse é o gatilho para atiçar a curiosidade não apenas da nova geração de piratas, contemporâneos à Luffy, mas também os olhares da marinha, dos revolucionários e da força de inteligência, CP0. Como bônus também somos agraciados com a presença de alguns Shichibukais.

Montado o palco, a festa se inicia. É claro que toda a contextualização é meio rasteira, mas intensa, ou mesmo divertida, quando os Mugiwara turisteiam pela ilha do evento e Zoro se perde. Esses elementos de descontração funcionam como um trampolim para a competição entre os piratas, os quais, em algazarra, combates e atritos, atropelam uns aos outros ao navegar pela pista surreal da competição.

 

 

O filme não erra a mão ao construir um evento instigante, mesmo que tenha que manter um ritmo acelerado e dinâmico para direcionar o momento do clímax. No caso, quando Douglas aparece, e destrói com a aventura, somos levados a um segundo momento na obra, o momento dos combates.

Douglas é o destaque absoluto, todos os piratas, e são muitos, a pior geração inteira, menos o Law que efetiva uma função particular no filme, estão em combate e apanhando humilhantemente de Douglas. Ninguém tem sequer chance contra o lendário pirata.

O bacana é que essa aura indestrutível de Douglas é bem apresentada, e tudo no filme começa a girar em uma estratégia de como diabos será possível derrubar essa monstruosidade. Temos o completo caos quando a marinha chega para capturar os piratas na ilha, e ao mesmo tempo, temos a investigação dos revolucionários e de parte dos Mugiwara, que são avisados por Law sobre as tramoias de Buena Festa.

 

 

O festeiro ameaça não apenas os piratas, mas até mesmo a rede do submundo que o esqueceu, sua intenção é, junto ao solitário Douglas, destruir tudo e todos para instaurar uma nova era no mundo. O pior é que isso até parece meio crível quando vemos o potencial de Douglas.

A ilha é uma armadilha, o tesouro One Piece, uma isca, todos caem na arapuca e dentro dela dançam segundo a música dos antagonistas.

Descobrimos, ao mesmo tempo em que incontáveis personagens famosos e canônicos interagem e bolam um plano para vencer Douglas, que o prêmio é um Eternal Pose que oferece a localização de nada mais nada menos do que ilha de Laugh Tale, a ilha final da Grand Line.

O filme consegue satisfatoriamente, ou até mais que isso, utilizar uma gama enorme de personagens e oferecer destaque para quase todos. Somos imersos por uma luta incessante contra um cara mega apelão e que parece invulnerável. Não vou citar nomes e eventos, mas as estratégias para enfraquecer a supremacia de Douglas, levadas a cabo por várias pessoas, Hancock, Crocodile, Lucci, Law, Sabo, Smoker e Usopp, levam ao instante em que Luffy pôde desferir um golpe final.

 

 

Assim, tipo, foi foda. Só isso.

Tem nuances no que tange a detalhes do roteiro, que é simples, mas é tudo muito frenético e empolgante, e toda utilização adequada de uma ost já clássica e nostálgica, mais os elementos chave de cada personagem em sua função, mesmo que clichê, elevam e muito o grau de satisfatório que o filme propaga.

A animação não decepciona, a enxurrada de elementos e personagens os quais temos curiosidade, o modo como são utilizados e interagem, o ritmo da coisa toda e o desfecho, que no fim, mesmo que um pouco forçado, pois Luffy não deveria derrubar Douglas, é respeitável. É um bom filme, é um bom fanservice.

 

 

Fechou muito bem a minha jornada por esse tortuoso caminho de resenhas dos filmes da franquia. E claro, ainda surgiram mais filmes, mas até o momento, esse desfecho fez valer a pena todo o esforço que empreguei nos últimos meses.

Um filme que não deixa a bola cair, e em que Usopp é mais central do que o Luffy, dentre tantos outros detalhes que não consigo nem raciocinar direito pois atingem exatamente a parte de fã, e prejudicam o meu julgamento, mas enfim, é isso, até a próxima pessoal, até breve.

 

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