Essa provavelmente foi a luta mais longa da temporada. Por isso esperava que fosse carregada de conteúdo ou que possuísse algum fator estratégico para ser mais interessante, contudo, não foi bem isso que presenciamos.

Quando falamos sobre animes e mangás de esporte um elemento que não pode faltar é o conhecimento do autor sobre o esporte de sua história, principalmente se essa é calcada na realidade ao invés de ser uma obra mais fantasiosa como Super Onze.

Apesar de parecer algo óbvio, obras podem ter um grau muito diferente de conscientização sobre esse tema, e já que estamos falando de boxe, temos um caso que ilustra perfeitamente isso, com o já muito citado Ashita no Joe e o mangá de boxe mais vendido e influente das últimas três décadas, Hajime no Ippo.

 

 

Em Ippo, o boxe é o epicentro da narrativa, e como tal sua exploração e estudo é um dos pontos mais importantes da obra. Por isso vemos o protagonista começar sua carreira do zero, para conhecermos desde as bases do esporte até os mais diversos tipos de jabs e uppercuts.

Em contraste, Ashita não possui tamanho conhecimento do esporte, e por isso a narrativa apenas nos dá noções vagas de como os atletas agem normalmente, junto de alguns golpes característicos, pois mais importante que o esporte em si, é a mentalidade dos personagens e como as lutas os afetam.

Em Megalo Box, vemos uma narrativa que se aproxima mais de Ashita, por razões óbvias, porém, esse episódio teve personagens que só foram introduzidos na semana passada, e cujo confronto não atinge diretamente o nosso protagonista.

Por isso creio que um maior foco nas estratégias seria muito benéfico para esse evento, visto que Liu não obteve nenhum crescimento pessoal se comparado a sua luta anterior e Mac só foi mais explorado a partir do último round. Isso somado com as vagas descrições dos estilos de luta dos combatentes faz com que cerca de metade desse episódio sirva apenas como construção para o restante da obra.

Pois qualquer valor que poderia ter, foi apagado por uma coreografia desinteressante e uma animação bem padrão, o que faz com que esse confronto entre os dois melhores lutadores do mundo pareça tão emocionante quanto as lutas que o Chefe teve no começo da temporada com oponentes que mal eram nomeados.

 

 

Apesar das críticas, esse episódio não foi exatamente ruim. A segunda metade funcionou bem como drama, com o dilema do Yuri cujo conceito em si já é muito poderoso, somado a tensão emergente entre Shirato e a empresa Rosco.

Tensão que ao envolver um ex-soldado como Mac abre uma série de possibilidades, como uma nova abordagem da imigração visto que Mac não só não possui relação alguma com Joe, como foi comparado com o Chefe pelo protagonista.

Além disso, uma empresa usar o megalo-boxing como propaganda para suas armas é exatamente o que Shirato aprendeu a repudiar com os eventos da primeira temporada, tornando seu problema com a Rosco algo pessoal, o que reflete o arco de Joe por ser essencialmente uma luta contra o legado.

 

 

Para terminar, reitero que esse não foi um episódio ruim, e mesmo com meus problemas em relação a luta entre Mac e Liu, ela não chegou a ser terrível também. Ela até chega a ter bons momentos, especialmente quando o Mac perde a cabeça, além de que a cena daquele empresário no final foi bem mais fluída do que tinha o direito de ser, o que sempre é bom.

É só que devido a esse episódio não ter quase nada de drama direcionado ao Joe, que é o ponto mais forte dessa temporada, junto da coreografia fraca, isso me fez vê-lo como uma peça que, por mais importante que seja para o todo, não se sustenta bem por si mesma.

 

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