Kingdom 3 – ep 16 – Três passos à frente por dia, um sol e um cego de bom olfato na correnteza do rio
A aplicação prática da metáfora: de grão em grão a galinha enche o papo, hoje pode ser entendida como: de tropa em tropa uma massiva massa de soldados atropela os fortes inimigos. Parece simples, mas é uma de uma engenhosidade e precisão magistral.
Li Boku não é apenas uma ameaça, é uma máquina programada para humilhar os seus oponentes. Pode parecer pouca coisa, mas pensar à frente e com precisão, executar estratégias alternativas e mobilizar adequadamente os seus recursos, exige uma grande mente.
Durante 15 dias de pressão, confiando as rédeas às tradicionais lideranças dos reinos da coalizão, ele foi um espectador na primeira fileira do palco. No entanto, ele não apenas é platéia, como diretor e ator protagonista da peça.
Sua ambição sempre foi a vitória, mas não apenas isso, foi a vitória em equipe. Moveu durante 15 dias pequenos segmentos de soldados, um pouco de cada vez, enquanto as tropas principais entretinham os defensores, era não apenas uma jogada de segurança, mas uma real contra ofensiva, ou melhor, era a real e única tática que levaria a uma vitória avassaladora.
Chin é protegida pela geografia, não é fácil ludibriar uma fortaleza natural tão bem arquitetada, com diversas fortalezas que usam o espaço ao seu favor, uma geografia complexa, que impede a mobilidade e a liberdade de ação, e que com poucos homens pode com eficiência repelir ataques com certa facilidade.
No entanto, a distração estava posta e era real, uma gigantesca parede de homens que pressionavam a muralha principal como nunca antes, mas isso era só o cavalo de Tróia da tática, o real objetivo de uma guerra de atrito que atraiu a atenção de todos no palco.
Pela tangente, os tripulantes do cavalo se esgueiravam na surdina, deslizando entre o ponto de cego ampliado ao seu limite. Com uma força de ataque tão superior, a coalizão se vê com a faca e o queijo na mão, não estão em maior número, eles estão em muito maior número, e quem diabos os enfrentaria sem dispor de todas as forças para segurar essa barra.
Exatamente essa brecha, e a vantagem absurda em quantidade de soldados, propicia a Li Boku a ardilosa artimanha. Com as tropas lentamente movidas para dentro da fronteira de Chin, a armadilha estava posta, e o rato, estava condenado.
Duas falhas, no entanto, atrasam o seu avanço, uma é o excesso de consideração que possui pelos peões no tabuleiro, seus companheiros de coalizão, com os quais mantém um acordo, e em respeito, os convida para dividir as glórias e as conquistas, mesmo que não precise deles, pois já construir adequadamente a arapuca. A outra de suas falhas, é a incompetência prepotente de seus aliados, a qual é somada com o excesso de coragem e percepção do general sorridente de Chin. Esse erro levanta a poeira que é farejada pela astúcia do oponente, o qual sem nem piscar, age em resposta com a velocidade certa.
Flanqueado por sua gentileza, Li Boku se vê em um impasse que precisa de atenção imediata. Todos os demais personagens no tabuleiro são apenas coadjuvantes no momento, a dança é a estratégia de enfrentamento entre o general sorridente, Li Boku e Xin. Sejam os nobres do reino de Chin, seja a coalizão, ambos estão de mãos atadas e na expectativa do resultado.
Não bastasse a elaboração meticulosa dessa ofensiva, temos a aplicação surreal de dispersão e controle do fluxo militar dos oponentes, no entanto, sem uma explicação outra que o puro tato instintivo, essa estratégia de turbilhão não obtém êxito completo, e mesmo Li Boku se vê em risco por um momento.
Cabe a nós esperar o desfecho da correnteza interpelada por Li Boku, as ações de Xin e sua estrategista, e apreciar esse ato empolgante que rege os ventos da guerra.