I’m Standing on a Million Lives 2 – ep 7 – Por que não fizeram um found footage?
A sexta integrante, Glen, é uma cinegrafista e eu jurava que a Yuka só estava sendo cringe quando falou sobre sua experiência isekai na internet, mas não, isso facilitou a adaptação da nova integrante a party e a ideia de viajar para outro mundo, além de expandir definitivamente o leque de possibilidades dessa experiência, afinal, há outros viajantes e nem todos têm o poder do protagonismo, portanto, fracassam, portanto…
Isso pode significar que mesmo com a party do Yotsuya fazendo tudo certo, ainda assim, algo vai dar errado no futuro? Aliás, por que esses outros heróis nunca foram referenciados na trama? Será que eles aparecem em outras regiões e épocas, ainda que no mesmo mundo? Há muita coisa que ainda não sabemos, a única certeza que esse episódio deu foi de que nossos heróis não estão sozinhos, para o bem e para o mal.
Voltando a gravação amadora que introduziu a nova heroína ao grupo, o lance da tradução simultânea foi bem espertinho para resolver um problema com o qual alguns se preocupam quando envolve contato entre pessoas de diferentes países que falam diferentes línguas, ainda que muitas vezes não se questione isso a fundo. Infelizmente, a obra já não foi tão esperta na hora de lidar com outra coisa.
A caracterização da Glen como lésbica foi muito tosca, pois ela não só declara isso de forma meio aleatória, como as reações dos personagens a isso foram ainda mais toscas. Sério mesmo que em plena segunda década do século XXI alguém ainda se surpreende com uma mulher lésbica? E o pior, tem falas dela de muito mau gosto quando aborda a questão. Sério que precisava falar da garotinha e agir como “predadora”?
Engraçado que para trabalhar com relações de amizade na trama não se apresenta essa dificuldade, afinal, a Iu foi bem simpática com o Yotsuya ao pedir a ele que se soltasse mais, que fosse mais ele mesmo, em grupo. Não interpretei esse movimento dela como um indício de interesse amoroso, mas uma vontade de estreitar os laços de companheirismo que vêm se formando entre o garoto e o resto do grupo.
Outro momento bacana desse episódio foi a volta a cidade da Kahvel, a descoberta da morte dela (esperada, convenhamos) e o que a filha dela diz aos heróis. Se para o Yotsuya ela foi apenas uma ferramenta, a Kahvel não pensava assim, muito pelo contrário, e isso pode até não invalidar a forma com a qual ele encarou a experiência que compartilharam, mas, espero eu, deve fazer o herói se dar conta da força dessas relações.
Digo, acho que só de refletir sobre ele já está se dando conta, até porque, convenhamos, por mais edgy que o Yotsuya seja, seria bem ruim se ele não amadurecesse ao longo da jornada. Começar a perceber que ele é capaz de trocar coisas boas com pessoas através de experiências (nesse caso, aventuras) compartilhadas é o mínimo. Espero que ao fim da temporada ele descubra que é capaz de dar valor a quem dá valor a ele.
Enfim, eles partiram rumo a vila após decidirem de maneira extremamente inteligente (sqn) que quest pegar e encontraram um goblin fortão, o que imagino ser característica da região ou da vila mais especificamente e um desafio a mais para os heróis. Aliás, sobre esse lance da escolha, se havia a opção, então quem ficou com a outra quest foi outro grupo? E se eles não a resolverem, qual será o peso disso no futuro?
Não sei, só sei que esse episódio foi bem interessante pela percepção de expansão de mundo que promoveu, além de ter sido bacana pelos momentos envolvendo o Yotsuya e sua constante jornada de desenvolvimento pessoal em meio as relações interpessoais que cultiva com seus companheiros e os moradores do outro mundo, sendo essa misteriosa questão da vila uma nova oportunidade de trocar figurinhas.
Porque, obviamente, se a missão é proteger a vila da destruição, então ela está sendo ameaçada, o que é reforçado pela existência de monstros mais fortes do que deveriam ser e a forma horrenda em que o pai da garotinha se encontrava. Talvez ela seja a única criança da vila (ou uma figura especial, como eram as sacerdotisas da ilha) e saiu dela justamente devido a instabilidade na qual os moradores se encontravam?
Não é difícil sacar o quadro geral da situação, mas claro, os detalhes só serão revelados nos próximos episódios. Por ora, o que dá para falar é que o cliffhanger final pode não ter sido exatamente instigante, mas com certeza foi bizarro, até um pouco pesado se pensarmos que a tendência é os heróis terem que matar o pai da garotinha na frente dela. Quer melhor início de missão que deixar uma criança órfã?
Por fim, o que posso falar mais? Que a Glen falar como falou pode dar margem a manifestações preconceituosas contra a personagem pela maneira caricata como ela tratou a própria orientação sexual? Okay, isso eu já falei ao longo do texto, mas vale sempre reforçar a bola fora que os animes (quase sempre) dão ao tratar do assunto. Sobre o resto, gostei bastante, só preferia que o vídeo fosse um found footage hahahahaha.
Até a próxima!