Peach Boy Riverside – ep 9 – Sorria
Não esperava pelo plot twist desse episódio, mas o ADOREI, afinal, contou de maneira muito bacana o passado do Mikoto, o qual contextualiza bem demais as facetas que o personagem demonstrou até aqui e saiu logo após um episódio com certo nível de contestação as idiossincrasias dele. Mikoto não é um herói edgy, ainda que o pareça às vezes, mas um azarado que teve a sorte de aprender a sorrir.
Momotaro é uma figura folclórica japonesa, portanto, é no Japão antigo que a história dele se passa, assim como a do Mikoto, que ele conheceu após espantar os ogros que aterrorizavam sua região, ato que evidenciava sua força, mas não necessariamente a colocava em perspectiva, não à toa os Kishin, os ogros mais fortes, foram anunciados e apareceram algum tempo depois. O poder do pêssego em si não resolve tudo.
E sabe por que encaixar esse episódio logo após o último, em que a Sally perde para o Sumeragi, foi bom? Porque prontamente justificou isso. Eu, e imagino que você também, imaginava que bastava o poder do pêssego para detonar com praticamente qualquer ogro, mas não. E sim, eu sei que isso pode ter a ver com ela só ter um olho com poder, enquanto o Mikoto tem dois, mas será que não tem a ver é com a origem dele?
E aí vem o grande plot twist, o Mikoto é um ogro. Tecnicamente, meio ogro, mas isso não faz muita diferença para a análise, pois a questão é que na situação em que se encontra ele não deveria transitar entre os dois mundos por causa de sua mãe humana e seu pai ogro? Se não o faz, se nega sua identidade como ogro e prega ódio a toda a raça, é porque tem um motivo, não é? O que vimos nesse episódio pareceu suficiente?
Eu acho que sim, afinal, além de ver o pai devorar a própria mãe, ele sofreu violências diversas dos vizinhos (que podem até ter sido horríveis com uma criança inocente, mas também não tiveram coragem de matá-la logo de uma vez) e viu a única pessoa que aprendeu a amar e passou a confiar ser morta na sua frente. Eu super entendo ele odiar a existência dos ogros se tudo o que eles o fizeram foi mal, mal e mal.
Outro detalhe, a própria experiência dele justifica ter processado tão bem o caso da Millia (afinal, é meio inevitável que se enxergue nela) e ter tentando fazer um “experimento” com a Carrot. Tentativa essa que pode simbolizar uma inclinação inconsciente pelo desejo da Sally, ou melhor, uma chance que ele me parece estar se dando de se deixar cativar por ela e por seus ideais. A Sally preencherá o vazio do Mikoto? Veremos!
Aliás, esqueci de falar disso com alguma profundidade no artigo anterior, mas me retrato nesse. Se lembrarmos do primeiro reencontro dos dois e de como o Mikoto sai pela tangente ao recusar a proposta da Sally. fica ainda mais evidente o quanto foi corajosa a resposta da garota a cruel dualidade apresentada a ela pelo próprio Mikoto e pelo Sumeragi. Ela não escondeu suas preferências por temor de ser convencida a mudar.
Pelo contrário, a Sally comprou a briga que é mudar a cabeça do Mikoto e com isso buscar um meio termo de coexistência, o que ela já declarou saber que não será fácil, mas que mesmo assim quer tentar. A Sally está, e aparentemente sem se dar conta, resgatando o Mikoto do buraco no qual ele se escondeu após a perda de seu mestre. A questão que fica é se dará tempo de vermos o garoto ao menos se convencendo a mudar.
Isso não significa que não veja sentido em sua vingança, acho que há sim, o lance é ele restringir o seu ponto de vista sobre as coisas a isso. Ele poderia muito bem continuar matando ogros maus (aliás, que ogro bonzinho vimos na obra até agora?), mas não buscar o conflito, exatamente como a Sally faz. Ela não se furta a lutar para proteger alguém indefeso ou os seus amigos, mas também não procura ogro para matar sorrindo.
Sabe um fechamento bacana para o anime? A Sally descobrindo a natureza do MIkoto e o aceitando. Acho que é isso do que ele precisa, de alguém que descubra que ele é um ogro e não o rejeite, que o mostre que nem todo ogro é necessariamente mal. Olhar para a Millia e para a Carrot (para as transformações pelas quais elas estão passando) deve fortalecer essa ideia, e com ela talvez o garoto consiga voltar a sorrir feliz.
Achei o episódio realmente muito bom devido ao desenvolvimento das circunstâncias do Mikoto e aquele final arrasador, que foi um show de bom senso para construir um personagem complexo e interessante que nem ele é. Além disso, esse link entre a Sally e o mestre dele foi muito bem-feito, justificando o flashback ter vindo só agora, para exaltar a construção da relação dos dois, essencial para mudar o herói para melhor.
Por fim, o próximo episódio vai ser o verdadeiro final do anime, o décimo primeiro cronologicamente falando, então devemos ver esse enrosco ser resolvido. Só quero ver como os dois últimos episódios, o quinto e o sexto na cronologia, encerrarão PBR de forma melhor do que o final natural o faria. Estou achando o anime melhor que a encomenda, mal posso esperar para ver um fim que na verdade é só o meio da história.
Até a próxima!