Procurei pelo em ovo, pois as intenções da Hayase meio que já estavam claras faz muito tempo. A mulher é louca, pirada da cabeça. Foi por isso que ela matou a Parona, perseguiu o Fushi, o encurralou na ilha e quis se deitar com ele. Ela não está mais nem aí para a nação dela ou poder, ela só quer viver intensamente na sombra da imortalidade do Fushi, afinal, ela não vai e nem quer matá-lo, ao menos não antes desse episódio…

Além disso, Fumetsu mostrou culhões e nos presenteou com o final bacana que eu especulei episódio passado. Só espero que a Tonari não vire uma Parona da vida ou que a Hayase a mate (isso nem faz mais sentido, afinal, o Fushi foi embora da ilha), mas sim, quero que ela retorne no futuro. Por favor, não me surpreenda episódio final. Apesar do tom triste da prévia, espero um desfecho sem maiores perdas para nosso herói.

Lidar com a morte de quem a gente ama nunca é fácil, né? Não foi para a Tonari, mas não interpreto a abdicação da própria vida como um ato de covardia da parte dela, afinal, por que ela se jogou com a Hayase? Para ajudar o Fushi. O que ela fez no momento foi pensar de uma maneira que facilitasse a assimilação desse sentimento de resignação que a acometia, o qual, repito, faz todo sentido, ela não voltou a ilha à toa.

Ainda mais após ver seus amigos morrerem quando eles claramente retornaram por ela. Sim, sei que por um lado ela poderia ter pensado em sua decisão como um desperdício da vida que eles lutaram tanto para salvar, mas, convenhamos, deixar a Hayase ganhar em cima do Fushi depois de tudo que ela fez é que seria a verdadeira derrota. E essa construção que pavimentou a decisão dela após o salvamento do amigo.

 

 

Porque o Fushi finalmente conseguiu salvar alguém, não que achasse que ele “perdeu” as outras pessoas que passaram por ele e morreram, mas é que para ele, e acredito que para a narrativa em si, essa quebra de ciclo de tragédias era necessária. Aliás, nem foi uma quebra completa, afinal, os amigos da Tonari e do Sander morreram, mas já deu para arrancar sorrisos e lágrimas de felicidade minhas, e imagino que suas também.

Eu disse que na abertura em nenhum momento a morte dela (aliás, nem o futuro perdido) aparecia, não disse? A Tonari foi uma personagem das mais marcantes e cativantes do anime para mim, não à toa fiquei tão feliz com o fato dela ter sobrevivido. E não foi só isso, ela também foi uma das mais bem escritas se pensarmos que foi capaz de seguir em frente sem precisar sair do lugar (literalmente falando) como geralmente ocorre.

A liberdade para escrever a própria história que ela tanto almejava não dependia necessariamente de sair da ilha para desbravar o mundo, mas poderia também ser encontrada naquele mesmo lugar, dependia apenas de uma mudança de mentalidade. Fica até a mensagem de que é mais fácil abandonar o que se tem do que procurar mudar para melhor, o que ela faz ao convencer as pessoas a não matar, a mudar a ilha por dentro.

Depois de tudo que ela falou sobre o pai, de ter visto seus amigos morrendo naquela ilha (para proteger ela e o Fushi, mas também as pessoas daquela ilha) e do quanto se culpava por ter abandonado os adultos erráticos de lá; decidir ficar e reconstruir, recomeçar após toda a dor e o sofrimento que passou só demonstra a maturidade da garota, capaz de estender sua mão em gentileza e com isso encontrar significado na vida.

 

 

A Tonari ter sobrevivido paga todas as dívidas (com juros e correção monetária) que Fumetsu poderia ter deixado para trás. Além disso, eu não posso esquecer do Fushi, que deixou sua algoz à deriva e deu margem para a criação de um inimigo formidável que deve alcançá-lo no futuro (Hayase e Nokker, que dupla carne-de-tetéu isso não deve dar?) no que poderia ter sido uma conveniência de roteiro, mas nem acho que foi.

Se a ideia era demonstrar o quão mais humano o Fushi está se tornando, que saída melhor para a situação que ele se deixando levar pela raiva e não pela razão? Porque deixar a Hayase ali foi bem isso. Pela obsessão dela me pareceu claro que não voltaria a ilha, que perseguiria o Fushi até os confins do planeta, por outro lado, o faltava coragem para dar cabo da vida dela. Sendo assim, a escolha era óbvia, se livrar do problema.

Enquanto possível, repito, pois eventualmente ela o alcançaria, agora que foi absorvida por um Nokker então, vai ser ainda pior quando cruzarem caminho de novo. Aliás, isso se ela foi mesmo completamente absorvida pela criatura, pois ela lida com um na ilha mais cedo no episódio, e essa deve ser a mesma que a atacou já que o Nokker sumiu de cena e voltou a cena pelo mar. Se o Fushi não tivesse sido tão humano eu diria que…

Que foi um puta artifício de roteiro ter deixado a Hayase ali. E ele não queria matá-la, pois pode não ter se dado conta, mas lá no subconsciente com certeza sabia que ela conseguiria se livrar de suas amarras e remar a terra firme. Só o que ele queria era se livrar dessa figura problemática que o levava a sentir coisas muito complexas para quem tem apenas 5 ou 6 anos de vida. E eu entendo o Fushi, não tenho no que questioná-lo.

Por fim, enxerguei boas justificativas nesse episódio, além de ter adorado o desfecho da Tonari, surpreendente em comparação aos outros arcos. No do Gugu mesmo a gente sabia que ele morreria, era só questão de tempo. Dessa vez não, vimos uma alternativa a tragédia, vimos um herói capaz de seguir em frente sem sair do lugar (no sentido figurado também), afinal, ele voltará a viajar com a Pioran, só que agora mais maduro.

Até a próxima!

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