Fena: Pirate Princess – ep 7 – Caos
Ferraram o ponto forte do episódio anterior com esse desenrolar clichê da lei dos goblins ser soterrada pelo poder da amizade. Sério, foi muito vacilo, ainda que não tenha sido nada surpreendente e que anime faça isso o tempo todo.
Sabe o que teria atenuado essa mudança de direção? Não ter aplicado tamanho gravidade na ação de resgatar a Fena. Enfim, vamos falar do pior episódio do anime até agora?
Sim, eu sei que os goblins dariam um jeito de se reunir com o Yukimaru, mas, por exemplo, e se o Kei chegasse e ele mesmo desse a ordem para que fossem de encontro ao Yukimaru, assim subvertendo as expectativas de sua rigidez com a situação?
Acho que seria um desenrolar menos ruim, ou até bom, em comparação ao que ocorreu, o que praticamente jogou fora o peso dramático do longo trecho que tratava disso.
Em todo caos, não foi esse a única derrapada que o anime deu, pois se a paixão do Abel pela mãe da Fena e a projeção que ele faz disso na garota (a cena dele chamando pela mãe dela ao tentar segurá-la só reforçou) foi um acerto, o ataque do Humble Rose contra a marinha inglesa não teve sentido algum.
Não consigo crer que uma capitã pirata safa para caralho tenha arriscado tudo por causa de um bonitão inglês. E não só isso, toda a patota dela comprou a briga cegamente, sem pensar que poderiam ser destruídas senão no combate corpo a corpo, na briga de artilharia.
Um navio militar de uma nação em guerra constante não deveria ser alvo de um ataque pirata de alguém que até poucos instantes agia como aliado e atacou apenas por capricho. Isso jogou fora toda a consistência da personagem da capitã para mim, na boa.
E pior é o artifício de roteiro que isso indica, afinal, não mostraram o corpo das principais delas, e quem vai ter motivos para querer se vingar dos ingleses agora, certamente se aliando aos goblins (um dos gêmeos já gamou na loirinha pirata)?
É sério, um desenrolar idiota usado para justificar um suporte em momento oportuno na trama é uma derrapada de roteiro que até agora o anime não havia denunciado ser capaz de fazer.
Enfim, para dar uma compensada, o surto da Fena ao ver de longe uma reprodução do evento traumático que a separou do Yukimaru e ceifou a vida do pai foi talvez o único grande acerto desse episódio, afinal, não teve uma base estranha para ganhar vida.
E a recuperação de memória dela pode ter parecido oportuna demais, mas sério, entendo uma criança reprimir lembranças de uma carnificina da qual mal saiu viva. Além disso, não é como se não fosse fácil de imaginar, mas isso veio para confirmar que foi o Abel e seus bluecaps que atacaram o barco do pai da garota.
Se de um lado os demônios vermelhos eram os goblins que lutavam para proteger o clã Houtman, do outro os demônios azuis eram a marinha inglesa, que tinha interesse na Fena ou no tesouro que só o pai dela, e agora ela, sabia onde achar? Ou nos dois?
Isso pouco importa agora, pois se já estava na cara quem é o inimigo, o Abel (que o Cain ainda não matou), o Yukimaru deixar tanta abertura para ser pego de surpresa pelas balas do vilão não.
O que ele fez pelo medo de arriscar a vida da Fena em seu resgate? É por aí. E tudo isso após o breve trecho em que ficava clara uma característica que o personagem persegue e notei há algum tempo, o controle do medo.
É por isso que ele evita se envolver demais, se expor demais, ficar com a guarda baixa, para que não se veja encurralado e se deixe dominar por seu medo. Gosto dessa construção de personagem, assim como gosto dela ter sido bagunçada pela única pessoa na história que o faz perder o controle, a Fena.
Ele não vai morrer, esse seria o pior desenrolar possível para o ocorrido, mas talvez tire uma lição valiosa de tudo isso. Só espero que seus amigos não fiquem se culpando demais pelo que aconteceu, deveriam é se culpar pelas decisões questionáveis do roteiro em algumas fases desse episódio.
E isso foi corroborado pela direção que entendendo o quão desprezível era o embate no navio inglês, e também pelo tempo acabando, cortou a luta e chegou sem demora ao desfecho até esperado, que era um resgate com sequelas dolorosas.
Por fim, não sei o que o anime vai aprontar agora, mas temo que outro desenrolar imbecil aconteça só para comportar uma construção narrativa mais cômoda, menos criativa e coerente, para o roteiro.
Repito, o Yukimaru não deve morrer, isso desperdiçaria toda a tensão romântica e desenvolvimento dos personagens principais da trama, que mais uma vez protagonizaram uma peça de herói apaixonado e donzela em perigo.
Ficaremos nesse samba de uma nota só ou Fena abraçará o potencial que a certa altura vislumbrei? Veremos!
Até a próxima!