Essa aventura foi árdua, longa e cheia de grandes momentos e de muita superação. Exatamente do jeito que todas as aventuras deveriam ser. E como toda boa aventura, ela acaba. Simples assim. E acaba aqui, depois de numerosos sessenta e sete episódios essa aventura chega ao seu fim.

Mas retornemos ao ponto em que o episódio anterior parou. Os escolhidos têm a sua frente o seu último inimigo, o seu último desafio, a sua última batalha. E sobre ela, não há palavras para expressar o quão incrível ela foi. Pois a beleza dela, e a bela de todas as coisas no final das contas, não está apenas em sua forma, mas no seu conteúdo.

Há muitos animes com cenas de ação incrivelmente bem animadas e esteticamente incríveis, mas que nem por isso são necessariamente significativas. Pois o valor de uma luta não está apenas na luta, mas no que a motiva, no que ela resulta, nos sentimentos que se entrelaçam enquanto ela ocorre, etc.

E não podemos esquecer que essa batalha era a mais importante de uma aventura fantástica que agora nos despedimos. De que não apenas essa batalha decidiria o destino de um mundo inteiro, mas de dois mundos.

De que essa batalha era a finalização de uma jornada muito maior do que aquela narrada pelo próprio anime. De que ela é por agora (porque felizmente virá mais coisas no futuro) a finalização de décadas de uma franquia que transpassa gerações.

Portanto, aquela batalha envolvia também as memórias de inúmeras pessoas que assistiram Digimon ainda crianças e que agora podem ver as suas doces memórias recuperarem cor ao serem revividas nesse reboot.

É por esses motivos e por muitos outros que exalto o quão magnifico foi a cena de batalha desse episódio. Mas o que dizer então sobre a maravilhosa coreografia e a incrível animação que esse episódio nos apresentou? Eu fiquei maravilhado com essa batalha, ao ponto de assisti-la diversas vezes.

Se os últimos episódios tiveram uma animação pouco merecida dessa reta final, então esse nos presenteou com uma animação majestosa. Ela é linda, bem idealizada e ainda por cima significativa. É perfeita.

E ainda que ela aconteceu graças ao Tai e ao Yamato, não só na dupla de líderes esse episódio focou. Muito do mérito dessa vitória está nas mãos dos outros escolhidos. Até porque, se não fossem por cada um deles eles não teriam chegado aonde chegaram.

E mais do que representar algo passado, mas de fato a presença de todos eles traz consigo tudo aquilo que essa aventura representa. Pois os brasões nos remetem aos principais elementos dos quais aquela aventura é composta.

Isso vai muito além de representar apenas as virtudes que aquelas crianças possuem, mas de representar algo que eles compartilham com a própria aventura. E justamente por isso é que podemos ver cada um dos brasões representados em todos os escolhidos ao longo do anime.

Pois essa aventura deu-lhes coragem, sabedoria, confiança, lhes inspirou a agir com sinceridade, mostrou-lhes aquilo que verdadeiramente merece ser amado, e nela fizeram e fortaleceram amizades. Essa aventura também os ensinou a ter esperança, e no final, essa aventura foi uma luz que iluminou os seus corações.

Interessante notar como todos os brasões se unem para que o Omegamon seja invocado. E que aqui novamente foi graças a essa união que ele conseguiu atingir uma nova forma. Achei ela incrível, conseguiu passar grande imponência além de harmonizar completamente com o cenário espacial da cena.

Mas gostaria de destacar algo curioso sobre o Omegamon, na sua forma original mesmo. É que a cor temática dele é a cor branca. Mais do que apenas simbolizar algo sagrado, temos o fato de que o branco é a união de todas as cores. O branco é assim a cor perfeita para representar a união de todos os brasões e por consequência a totalidade dessa aventura.

E falando nela, o valor dessa aventura é algo que destaquei desde o início. E após repetir tanto essa palavra nesse artigo me sinto satisfeito em notar que o anime não apenas a trabalhou corretamente, mas até o fez muito melhor do que eu sequer imaginava.

O anime está de parabéns, essa aventura foi fantástica. Mas é aqui que ela chega ao seu fim. E novamente, em uma cena muito linda. O anime soube mostrar muito sensibilidade ao optar por uma cena mais lenta e intima. Prefiro o final do anime antigo? Muito mais. Porém, esse possui o seu charme também.

Agora o que nos resta é apenas a memória dessa história que chega ao seu fim. Mas essa memória permanece, e permanece firme como uma árvore. Vemos que essas memórias criaram raízes no digimundo, como se fosse uma história antiga e milenar de um mundo distante e já inalcançável. Embora na prática nem deve ter passado tanto tempo assim.

Agora, já o mundo humano ainda é um mistério para nós, talvez tenha sofrido alterações, mas dúvida que sejam mudanças drásticas. E de todo modo, ao menos para um grupo de crianças essa mudança foi inesquecível. A aventura que viveram não acabou, ela sempre irá acompanha-las e inspira-las daqui para frente.

Mas nem por isso esse final deixou de ser bastante curioso. Os digimons dos escolhidos foram com eles para o mundo normal, enquanto o Taichi parece ter retornado ao digimundo, ou talvez apenas ter ficado lá. Estranho? É, mas não é estranho que seja assim tão estranho.

E digo isso porque Digimon não acabou, teremos novos animes da franquia. E nem estou dizendo que “algum dia” teremos novos animes, não, bem, na verdade sim. Mas esse “algum dia” será visto já na semana que vem. Então parece certo supor que essas duas temporadas estarão conectadas de uma forma bastante clara, o que é bem curioso.

Sendo assim o que vemos aqui é o final dessa aventura. Mas talvez tenhamos mais coisas sobre esses personagens e sobre o seu legado. De toda forma, fico por aqui. Mas antes de ir, gostaria de deixá-los com as últimas frases do último episódio do Digimon Adventure antigo, na versão dublada.

Lá vai: “As aventuras dos oitos escolhidos terminaram. Mas o portal não foi fechado para sempre, não foi a primeira e nem a última história de aventura dos oito digiescolhidos. O portal para o digimundo pode se abrir de novo, se você não esquecer os digimons. Se você quiser, talvez.”

Até mais.

  1. E mais uma temporada da Franquia Digimon termina. Foi bom acompanhar suas análises e não ter deixado levar pela nostalgia ou querer defender onde o anime falhou. Não fui com altas expectativas e até que se deu bem, não por inteiro, porque houve momentos que a narrativa desandou ou era inútil; roteiro e animação não andaram juntas, isso já esperava da Toei Animation.

    Acontece que para um reboot de uma série feita por eles, podia ter sido melhor. Engraçado, pois nas temporadas anteriores, havia um certo capricho e cuidado para apresentar as tramas e personagens, algo que aqui teve falta de uma abordagem mais sensata. Parece que a máxima do estúdio quando quer mesmo, faz bem, quando não quer, faz de qualquer maneira se manteve por aqui.

    A batalha final foi muito bem, deu a sensação de final de jornada e não o da aventura. Ah, antes que me esqueça: o Leomon tá vivo, fugiu do seu destino habitual. Ele merecia esta chance de continuar vivinho da silva.

    • Muito obrigado pelo comentário e também por levantar pontos tão interessantes sobre essa temporada. O anime de fato perdeu uma oportunidade de ouro enquanto reboot, ainda que em parte não seja por incompetência, mas por uma limitação do próprio estúdio como você mesma apontou. Mas acima de tudo, foi bom frisar que finalmente o Leomon sobreviveu. O coitado era perseguido em toda que é temporada, mas aqui finalmente teve paz, rsrs.

    • Eu que agradeço pelos comentários. E estarei acompanhando a nova série sim. Óbvio que assim como essa temporada ela terá os seus vários defeitos também, mas espero que a experiência desse novo anime seja proveitosa assim como foi a dessa temporada.

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