Foi só eu que me incomodei com a “urgência” gritante dos goblins que até trocaram de roupa depois que chegaram da lutinha? Devem ter tomado banho e trocado as vestes para não correr riscos com a covid…

Besteiras a parte, um deles seguiu do mesmo jeito, no passo de urgência que me parecia mais adequado a situação, a Fena. Obviamente, o Yukimaru sobreviveu. Mas e sobre esse episódio, o que prestou?

A opinião dura do Shitan sobre a Fena tem alguma razão para existir ainda que, principalmente pelos trechos de flashback, me pareça motivada por uma pontinha de ciúmes do Shitan.

E achei bacana esse atrito mais direto, essa exposição de uma dúvida sobre a natureza da heroína. Por outro lado, não é um tanto leviano jogar a culpa pelas escolhas alheias em uma garota jovem e inexperiente, sem malícia alguma?

Digo, o Shitan acha que ela enfeitiça os homens e age com malícia, mas em nenhum momento ela deixou transparecer isso para ninguém, então é sacanagem culpar a beleza da garota, suas origens ou sua função para achar um tesouro.

Se os homens “enlouquecem” não é por culpa dela, é por culpa dele, seus próprios interesses ou carências, e nem acho que esse seja o caso do Yukimaru, mas com certeza é o do Abel.

Como último adendo sobre esse momento mais desolador (para não dizer babaca) do Shitan, não curti o encaixe de cenas, com o flashback mais contundente desse episódio tendo vindo após as coisas duras que ele fala.

Por outro lado, entendo que não tenha sido diferente, o lance é que se a intenção era limpar um pouco a barra dele, justificar suas preocupações com o amigo, acho que não serviu muito não.

E o pior foram as pazes que a Fena tenta fazer, apesar de entender que ela tinha mais o que pensar ali do que na história de chamarem ela de bruxa, então limpo a barra dela, não do roteiro, que trata de forma muito leve uma treta que parecia bem mais séria.

Esse assunto não será retomado posteriormente entre eles? Ou será? E se não for, o Shitan realmente se convenceu de que ela não é uma bruxa porcaria nenhuma?

Não sei, a única coisa que sei é que não achei as ideias trabalhadas nesse episódio ruins, só que talvez a construção narrativa para chegar aqui não tenha oferecido o suporte necessário a execução, exceto em outro tópico que é abordado na conversa dos protagonistas.

Depois que o Yukimaru acorda e conversa com a Fena o papo puxa muito para o lado dele, mas é inegável que a crise de identidade dela também é importante.

Ela está no meio de um turbilhão de expectativas e preconceitos que a fazem questionar quem é, o que quer, o que pode fazer; e com isso buscar o fácil, o refúgio na relação que mais a cativou desde a infância, que é a vida de aventureira com um grupo de mercenários bonzinhos.

Me parece insustentável seguir assim para sempre, até infantil, mas compreensível dada toda a pressão que tem sido depositada sobre os ombros dela.

Mas claro, ela não vai abandonar a aventura imposta a ela, não tem como, ainda mais após o que o Yukimaru fala para ela, algo que talvez tenha sido até mais forte que uma declaração direta.

Se não foi mais impactante, deixou tão óbvio quanto. A Fena é a pessoa mais importante para o Yukimaru, ele não vai deixá-la fugir de suas responsabilidades, mas irá ajudá-la a concretizar seus objetivos. Quem é que está enfeitiçando quem mesmo?

Porque, sério, eu sei que ele também é obcecado por ela, mas quem disse aquelas palavras fortes e definitivas foi ele, a tratando como um cavaleiro apaixonado trataria sua princesa. Isso, aliás, é o que a Fena é. Eu já desisti de esperar por mais, não tem jeito.

E ela não é uma personagem necessariamente ruim ou desinteressante por isso, é só que o anime cai no clichê de cabeça, de uma forma que mina completamente seu potencial.

Menos mal que a relação deles é bem bonitinha, razoavelmente bem construída, e que o anime está divertido, ainda que, repito, tenha se sabotado com alguns desenrolares estúpidos, por mais que eles plantem construções interessantes para o futuro.

Na verdade, é justamente por promoverem algo bacana para depois por meio de algo tosco que o roteiro se fragiliza, demonstrando que não é tudo isso mesmo.

E não é nem como se eu não soubesse disso, só não sabia que seria tanto, pois apesar de só trabalhar em um território seguro, Fena vinha seguindo sem grandes problemas, os quais se desnudam chegando na reta final da primeira temporada após equívocos descarados.

Por fim, se não me incomodou chamar mercenários com submarino e uma pseudo-cortesã de piratas, essa donzela em perigo constante enlatada já é demais.

Até a próxima!

Comentários