Chegamos ao último desfecho, ao combate prometido. Kingdom encerra sua jornada estendida, ou adiada, devido a forças maiores, com grande êxito. Não é um anime impecável, mas é constante em intenção e coerente em sua condução.

 

 

Nesse momento de conclusão, somos apresentados para o real poder de Kyou Kai, a meditação de imersão, que pelas profundezas da consciência visa expandir os limites da corporeidade, é uma técnica que amplia a sensibilidade dos instintos ao limite.

Os comandos são mais velozes conforme maior é a desvinculação da mente do corpo, no entanto, quanto mais fundo se mergulhar, mais perigo se corre, pois é uma jornada que pode não ter volta.

A tradição dos assassinos, à qual Kyou Kai uma vez já foi vinculada, prega a competição e o abandono para visar o aprimoramento. Abandono de que? Da humanidade. Tanto é que o ritual de passagem visa, nada mais nada menos, do que aniquilar os seus companheiros em prol do refino de sua técnica de combate.

 

 

A dança da morte é a dança de um humano morto, pois no fim das contas, um assassino pleno é alguém que nem sequer se vincula à vida, que apenas cumpre a sua função, eliminar o alvo. Surpreendente e aterrorizante são as palavras que melhor descrevem essa construção efetivada junto ao que entendemos por assassinos.

No entanto, Kyou Kai, inspirada e mesmo guiada por sua irmã adotiva, Kyou Shou, descobre que para além do vazio completo, é muito mais eficiente e poderoso, manter junto ao completo nada, uma luz de esperança, uma âncora que abriga e protege o coração do assassino.

Kyou Shou, que uma vez teve como missão superar a insuperável Kyou Kai, descobre que pelo afeto e amor que em relação a ela nutria, pode extrapolar os limites de sua dança, que ao lado desses sentimentos de resgate, pode mergulhar e cruzar a linha da humanidade sem que com isso dissolva completamente sua consciência e sentimentos.

 

 

Kyou Kai efetiva o mesmo em sua luta com Yuu Ren, sobrepujando a oponente em uma situação onde o seu próprio corpo já estava para além da possibilidade de qualquer esperança de vitória. Yuu Ren, uma guerreira assassina em sua plenitude, que embora seja ardilosa e vil, ainda assim é hábil em grau de excelência, é o obstáculo final e alvo da vingança de Kyou Kai.

Yuu Ren, irmã biológica de Kyou Shou, revela que seu aprimoramento como assassina se concretizou às custas do abandono completo de seus laços humanos, incluindo o sacrifício de sua própria irmã de sangue. Já Kyou Shou, que apesar de desenvolver uma técnica primorosa para não perder para sua irmã adotiva Kyou Kai, não conseguiu fazer frente a Yuu Ren devido aos métodos injustos desta.

Por fim, temos a contradição do vazio, o ponto yang dentre do yin, a supremacia da habilidade que surge apenas quando a luz resgata a alma do abismo. Kyou Kai, aplicando a mesma técnica de sua irmã, consegue superar Yuu Ren, selando assim o destino e concretizando a sua vingança.

 

 

O interessante, neste pós desfecho, é o retorno de Kyou Kai para a sua nova família, Xin e a força Fei Xin, que a recebem de braços abertos, apesar da tristeza e do luto, da amarga jornada de redenção, e ainda mais, do ostracismo ou mesmo da possível caçada de sua vida, como traidora e desertora, Kyou Kai abre um novo capítulo em sua vida, mas carrega consigo um futuro de luta pela sua própria sobrevivência.

Yuu Ren pode estar morta, mas sua maldição ainda assombra, e mesmo que se esconda o seu corpo e a sua morte, como bem relatados no anime, ainda assim é apenas questão de tempo para que o preço pelas escolhas retorne para Kyou Kai.

Kingdom termina assim como começou, pertinente e adequado, e assoma ao futuro, em 2022, uma continuação dessa aventura rumo às conquistas no período dos reinos combatentes. Estamos no aguardo. Agradeço pela companhia e por todos que até aqui me acompanharam, que conjuntamente apreciaram esse anime e que por agora dele se despedem. Até breve pessoas.

 

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