Sabe qual é a tendência? Que a deusa seja a verdadeira vilã e o herói não se mostre um vilão. Por quê? Porque nas oportunidades que Sekai Saikou teve para apostar em construção convencionais foi feito justamente o contrário, e vimos isso de novo nesse episódio derradeiro.

Torço para que o anime tenha sequência, pois me diverti com ele e consegui enxergar o esforço em entregar uma história que fizesse sentido. Posso não ter gostado de alguns elementos, mas gostei de outros e acho que no final o saldo é positivo. Então, vamos falar desse grand finale?

O Lugh não cansa de ser elogiado, né? Seja por seu tino para o assassinato, seja por sua capacidade de roubar os corações das donzelas. Mas o que elogio mesmo nele é seu sentido aranha, ou melhor, o cuidado com a trama para aproveitar essas características que vem da vida passada.

Uma das coisas mais legais do isekai é explorar o contraste entre o mundo do qual a pessoa vem e o mundo para o qual ela vai, usando de várias percepções que só são possíveis pela experiência da vida passada. Nesse sentido Sekai Saikou fez escola, pois aproveitou muito bem essa ideia.

Não foi só com o sensor de perigo dele, mas também com o míssil de tungstênio e sua adaptação para um contexto no qual poderia ser usado para o assassinato. Não acho incomum um assassino velho se interessar por armas de muita capacidade de destruição, mas quando as usaria?

No contexto em que estava inserido em sua vida passada? Nunca. No contexto em que está inserido nessa? Era só um cálculo preciso, ainda que não exatamente simples de acordo com a detalhada explicação que ele dá para o feito. É claro, foi conveniente ele treinar para isso, mas…

Se pensarmos que logo após voltar do treino ele recebeu informações da Maha sobre o possível herói, é óbvio que o míssil de tungstênio, sua Gungnir (a lança de Odin na mitologia nórdica), foi preparado para assassiná-lo, como, aliás, ele mesmo dá a entender quando reflete sobre isso.

Aliado a isso tivemos seu discurso de que ele não é um cavaleiro ou um herói, mas um assassino, e como tal, sua vitória reside em matar seu alvo, não seguir padrões de ética ou honra pré-estabelecidos para outras classes. Nisso o Lugh foi magistral, até para enrolar o suposto herói.

Suposto herói até aquela altura porque um telespectador mais atento já havia se tocado de que não se tratava do herói ali. Primeiro que não teria a mínima graça o herói ser derrotado de maneira relativamente fácil. Segundo que, repito, seria um padrão muito previsível para o anime.

O herói que vimos no final, alguém fofo e de aparência frágil (não será uma garota?), combina muito mais com a tendência do anime de explorar contrastes, exatamente como ocorreu com a luta do Lugh e o cavaleiro. E isso é ainda mais irresistível em uma história de um assassino sagaz.

Uma coisa que achei bacana em meio a isso tudo foi a resposta dele a como se sairia em um confronto direto com seu adversário, mostrando que ele mesmo se qualificou para ser o melhor no assassinato, não exatamente no combate corpo a corpo. Lugh é, em alguns aspectos, “fraco”.

Além disso, por mais que esse seja um isekai aos moldes “tradicionais” do isekai contemporâneo, a situação se resolve, mas não exatamente como o protagonista imaginava, equilibrando algum nível de imprevisibilidade que tornou esse último episódio até empolgante.

Não diria que essa foi uma tônica do anime, mas nem acho que precisava ser, o importante é que o elemento externo de conflito foi introduzido previamente e que veio para justamente explorar os contrastes, fortes aqui. Seja do Lugh e de sua vivência ou de elementos do próprio mundo.

E não foi só isso, foi divertido acompanhar o desenrolar da situação, assim como o beijo (dessa vez partindo do protagonista) que marcou bem o final feliz para os pombinhos. Sei que o Lugh tem a mentalidade de um velho, e que isso é questionável, mas devo falar mais disso só na resenha.

Por fim, o Lugh “falhou” ao não ter conseguido fingir o assassinato da Dia, mas, repito, isso foi bom, pois nos passou, junto com sua clareza em dizer que perderia no um contra um, a ideia de que ele não é o mais fodão, o que o torna ainda mais fodão por conseguir vencer mesmo assim.

Sobre o plot do assassinato do herói, só nos resta torcer por uma sequência ou partir para a novel/o mangá. Sekai Saikou não foi um primor, mas sério, quem espera isso de um isekai hoje em dia? O importante é que teve mais acertos que erros, vimos até macaco velho usando truque novo.

Até a próxima!

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