Kimetsu no Yaiba: Entertainment District Arc – ep 4 – O contraste entre o exibicionismo e a discrição
O pilar do som se move sem fazer barulho, e era um ninja, só o Inosuke que é meio bicho do mato para se surpreender. Aliás, essa é uma das coisas que mais tenho curtido nesse arco, o contraste entre o exibicionismo e a discrição, presente em ambos, heróis e vilões.
Pedir para exterminadores abandonarem o posto após o sumiço de um amigo é sacanagem, além de tender mais a surtir o efeito contrário, ao menos levando em consideração o que o trio já passou até aqui e porque estão no esquadrão, principalmente o Tanjiro.
Inclusive, me divertiu muito o trecho em que o Inosuke (que surpreende mais a cada episódio) explica a ele sobre as classes dos exterminadores e como eles subiram de posição recentemente. Esse arco tem sido bom para ver novas facetas de vulnerabilidade no Tanjiro, não acha?
Por outro lado, o Inosuke tem sido um personagem bem mais equilibrado, mas não esperava que ele observasse as coisas como o Tanjiro, até devido a sensibilidade fora do comum com cheiros do herói, que é quem infere o uso de passagens secretas e dos panos para passar entre elas.
Apesar dos soquinhos (algo mais cômico), a dupla Tanjiro-Inosuke mostrou boa sincronia e me deixou empolgado para como podem combinar seus ataques no decorrer desse arco. Só espero que o Zenitsu passe a integrar essa dinâmica alguma hora, foi o que faltou no arco anterior.
Quanto a Koinatsu, se por um lado entendo ela ser o alvo da Daki, por outro, não parece nada inteligente por parte da oni atacar quando sabe que estão na sua cola. Mas é aquilo, né, ela já matou sete Hashiras e parece muito dada a impulsos, então também entendo se expor assim.
Além disso, como comentei em artigos anteriores, tudo indica que há mais de um oni agindo junto da Daki, o que não repetiria exatamente o padrão do arco anterior, mas certamente sua dinâmica. Sobre a Daki, ela deve se expor tanto assim por isso também, por ter uma retaguarda.
Mas saindo um pouco da vilã e observando outro ponto bem humorado desse episódio, já podemos cravar que os ratinhos musculosos muque-muque Ninju são as melhores mascotes desse anime? E a obra não só respondeu minha dúvida sobre as espadas como proveu outro contraste.
Os ratinhos são um pouco como o Hashira, agem nas sombras, mas são figuras naturalmente espalhafatosas. Aliás, chega a ser engraçado como o Uzui quis se desprender de seu ofício como ninja, mas a forma como ele age é, em muitos e muitos detalhes, igualzinho ao que um ninja faria.
Conceitualmente a Daki também é assim, pois se expõe, mas tudo indica que tenha uma carta na manga. Outro detalhe é seu trabalho, o de uma ouiran, alguém que se veste espalhafatosamente, mas só trabalha na discrição. Ela mesma só sai a rua como uma oni quando vai matar ou lutar.
Luta essa que despertou uma hesitação natural no Tanjiro, ainda mais após ele ter visto um Lua Superior matar um Hashira. Só o que ele pôde fazer contra a Daki, com ele ainda engatinhando na respiração do sol, foi garantir a segurança de sua vítima e atrasá-la até a chegada do Uzui.
O Tanjiro nunca decepciona, né? E eu diria que com a Daki foi o mesmo, pois ela tem um jeitão de onee-san maluca que me diverte, além de ter ameaçado o Tanjro sem cerimônia, sem ligar para o nível de poder dele, e ter hábitos alimentares bem específicos, que devem ser sua ruína.
Se pensarmos que o Tanjiro se aproximou da Koinatsu e que essa luta também está ocorrendo a fim de salvá-la (o que seria descobrir uma forma de retorná-la a sua forma original), além do sumiço que a Daki deu nas esposas e no Zenitsu, é claro que a vila vai morrer pela boca.
O que pega é a peculiaridade do kekkijutsu dela, que tende a tornar a luta mais interessante até pela simbologia encarnada em seus panos. Quando está coberta por eles é porque está em seu modo “discreto”, de humana, quando os libera entre em seu modo “exibicionista”, de oni.
Esse arco está cheio desses pequenos detalhes que ressoam com um todo, o qual até aqui se mantém muito bem orquestrado, aproveitando para mostrar facetas outras dos personagens principais, além de contar a história lentamente, como esperado de um grande sucesso como esse.
Até a próxima!