Kingdom 3 – ep 17 – O último instinto que sorri através do fim inevitável
Dentre a tempestade, surge o olho do furacão. Nesse clímax onde o que reluz é sangue, as lanças apontam o desfecho de uma intuição sem igual. O sorriso do homem em berço de guerra aponta para o futuro, mas seu destino deve findar rente ao solo.
O imenso de uma vida, nesse episódio presenciamos o ápice da experiência que consegue enxergar através do véu da astúcia, um homem de puro merecimento que sobreviveu pelo labirinto empunhando a chama da vitória.
Li Boku, embora imbatível como maestro, não é, por sua vez, uma fera de metal que perfura e retalha, no entanto, para suprir sua carência, não há melhor do que o carrasco que só sabe sorver vidas sem nunca viver.
O redemoinho espirala entre o inevitável atrito de lanças onde escudos nada defendem, que se faça o esclarecimento de sua derrota. Ou Ki é o nome de sua ilusão, quão tolo é o seu sonho que engatinha pelo ingênuo delírio.
Mas sim, se reconhece que a arapuca fisgou o alvo, não existe escapatória, que se ofereça a melhor oferenda ao limbo de uma queda predestinada. Os irmãos de armas, que se debatam sobre as estacas que transpassam a força de vontade sem piscar.
Jovem, avance, sua cova não pertence a esta ravina, sua luz deve brilhar no amanhã, carregue o orgulho e aprenda com impotência que te arrasta ao suicídio fútil. Derrota é uma palavra para os que não lutaram, aqui e agora, estamos vencendo.
O clamor arredio é guiado pelo punho amigo, leve o escudo, o totem da memória e a lápide do pecado, aquele que excomunga qualquer arrependimento sem pestanejar, que amputa e sacrifica, que se contorce e agarra a fratura enquanto gravita pela hesitação que o subestima.
É hora de partir, mas que se recue para honrar o dever que ainda clama sobre a sua alma, se deseja ser um dos grandes, a lenda que te inspira deve ser superada, sobreviva. O gosto amargo da bebida deve ser sorvido em gratidão e respeito.
Por fim, para além do turbilhão que sugou o ímpeto final do sorridente, pelas bordas se desliza ao reagrupar as pontas soltas, muitos tombam, outros tantos já tombaram, todos sabiam o preço e o juros, o pagamento já havia sido quitado antes mesmo do nascer do sol.
Um grande percurso narrado pela certeza do esforço que a faísca lança quando a luz se apaga, quem na jornada nunca sofreu, há de sofrer, e se já sofreu, sofrerá uma vez mais. Os táticos compreendem, mas não sentem, e mesmo os que agem como súditos da destruição, estão cegos para o sentido real de suas feridas e fraturas.
Vamos em frente à espera de mais um embate de vidas, que se floresça o mais hábil e de boa sorte, pois a cavalaria deve retornar ao coração do país que lhe abraça as esperanças. Ali, e apenas ali, ou se morre em casa, ou se habita a sobrevivência ao expurgar a ofensiva dos demônios que os amaldiçoam.
Estamos à postos, em espera, que o próximo grilão da existência nos conduza em seu caudaloso estrondo.