O sangue jorra, o ouro lavado agora fecha os olhos. O que reluz é o homem, o sobrevivente que levanta, ou ao menos, é carregado em mais alto grau de consideração para um breve repouso. O rei reina, mesmo que na beira do abismo.

 

 

Estamos no ápice, no limite que extrapolou a sua natureza e que resiste por puro capricho da insanidade. Os homens, combatentes e combatidos, combalidos, convergem em esperança, mas a cúpula nobre e que aperta as rédeas, ajoelha perante o desespero.

O velho conselheiro implora que se faça fuga à derrota inevitável, há de surgir uma luz no coração do povo, quem sabe o que o futuro guarda? O que sabemos do presente é o amargo gosto do fracasso.

Cabe ao amigo, ao lutador e impávido guerreiro, prosear o argumento ao rei. A resposta já está dada, antes de cruzar a porta ou adentrar o recinto, a resposta é clara. Por desvios e tolices, que se costure os afetos, pois a pergunta é apenas uma formalidade.

 

 

Quem em sã consciência, após o sacrifício de tantas almas, súditos e irmãos, abandonaria o barco a própria decrepitude, que dignidade existe no governante que repousa vivo sobre os cadáveres de um reino em limbo?

O dia nasce, a morte acompanha. O inimigo já está ciente da verdade velada, que agora se escancare o ato final de uma dança assassina interpelada pelo néctar da existência. Aos trancos, na exaustão que atrofia o destino, os herdeiros lutam.

Quem repele que em berserk encarne, a transcendência de uma chama em puro plasma. Os conselheiros, estrategistas e zeladores do portão do matadouro guiam os esparsos recursos rumo ao desfecho. O rei cavalga, acena e sustenta o espírito dos desencarnados.

 

 

O dia, o último dia, o segredo de todas as promessas. O defensor repousa, o silêncio esfria os músculos lesionados que repeliram qualquer ameaça que ousou subir à masmorra da fortaleza, ao muro intransponível onde a besta urra.

No intenso colapso inevitável a escada é o alvo, a abertura, uma realidade. Quando finalmente se concretiza a queda, um momento de catarse pelas quais as lágrimas correm, o cerco é uma sangria que seca a vida e pavimenta a conquista, era questão de tempo, todos sabiam.

No horizonte, longe e perto o suficiente, existe o amigo. Xin enxerga paciente, espera consciente, ainda não acabou. O clímax é o momento que revela o óbvio, mas o percurso é o nutriente que preenche os corações do espectador, estamos todos aqui, iludidos, mas felizes.

 

 

O preço é incalculável, mas sabíamos desde sempre o resultado. Foi um belo trajeto, um grande e épico suspense. O rio de sofrimento preencheu os civis descartáveis enquanto arremessava seus corpos no mundo inferior, no entanto, o objetivo vingou, se ergueu em toda a sua superação, redenção e sobrevivência.

Não tenho do que reclamar frente à composição, o que nos resta é apreciar os momentos decisivos que consolidam a cobertura do bolo, pois ele já cresceu e saiu do forno. Estamos presenciando um intenso crescimento de nossos protagonistas, uma longa e exaustiva batalha chega ao seu fim.

 

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