O papel dos vampiros ao longo do tempo – Uma curta análise envolvendo filmes e animes
Vampiros… sim, vampiros, aqueles seres amaldiçoados que deveriam causar a discórdia na sociedade. Porém, como estamos falando de animes, esse papel é o contrário. No mundo 2D japonês tudo é possível. Como podemos ver ao longo dos anos, percebemos que o papel de vilão foi virando coisa do passado, resultando que hoje em dia os vampiros são algo como os protagonistas da sua própria história.
Alias, eu estou aprendendo sobre isso na minha faculdade. Sim, eu tenho aula sobre vampiros na faculdade. E não, eu não tô aprendendo a ser um vampiro. É uma aula que nós estudamos o impacto dos vampiros na literatura e como esse tipo de obra reflete a sociedade de seu tempo.
Antes de começar a falar sobre os vampiros nos animes, eu gostaria de mencionar rapidamente a passagem dos vampiros em produções ocidentais. Como eu falei no começo, a ideia ter vampiros como vilões era bem comum no passado. Um dos filmes mais “famosos” é Nosferatu (1922). O filme não é famoso para os jovens de hoje, a não ser que você esteja realmente por dentro desse tema, porém, não precisa ter visto o filme para você entender o que eu vou falar. Na real, não tem muito o que falar, já que o filme é a ideia clássica de um vampiro. Sim, o clássico vampiro que só sai de noite em busca de uma novinha cheirosa pra dar umas chupadas no pescoço. Adicionando o fato que ele tem as fraquezas clássicas do vampiro (não posso falar todas, já que no filme ele só morre de uma forma). Porém, é seguro falar que Nosferatu é um dos filmes que ajudou a moldar a nossa ideia clássica (e talvez possamos falar antiga em vez de clássica) de um vampiro. Logicamente, junto do Drácula, que não vou citar porque muitos daqui já devem conhecer quem é ele.
Nosferatu é um típico vampiro que mora em um castelo e que só tem tara por mulheres. Tanto que ele tem algumas restrições, como só pode sair se tiver com o seu caixão de areia e é derretido pela luz do Sol. Fora que como é um filme antigo, e a sociedade naquela época era mais mente fechada. O vampiro era um vilão, porém não tinha uma personalidade ou mente, ou seja, ele só queria dar umas chupadas mesmo. Nada de mais ou de menos.
Voltando ao ano 2018, dos anos 1990 até 28 são 18 anos. Em 18 anos, os vampiros nos animes sofreram uma mudança bem considerável. Porém, se compararmos com 1922 (que é o ano que Nosferatu saiu), aconteceu uma revolução. Desde os anos 1990 os vampiros nunca foram tão “zumbis” como o de Nosferatu. Um exemplo é Alucard, de Hellsing. Mesmo eu não tendo visto Hellsing, eu tenho uma ideia de como ele é (eu digo que não vi porque quando eu vi na minha infância eu tive pesadelos e tenho medo até hoje). Mesmo em Hellsing, você consegue ver semelhanças com o vampiro clássico, como ambos serem considerados “do mal”, no sentido que causam medo aos humanos. Esse fato deles serem humanoides é uma semelhança. Isso pode ser meio bobo, mas é importante, porque permite que as pessoas se identifiquem com eles. O que causa mais medo. E bom, eu já falei que eles estão pouco se fudendo pros humanos? Pois é né, mais uma similaridade.
Porém, se compararmos Nosferatu com Vampire Knight, que tem um foco voltado mais pro lado romântico… Mesmo os dois tendo públicos-alvos diferentes eles têm uma certa semelhança. Como os vampiros de Vampire Knight possuem uma força superior a dos humanos, mas ao mesmo tempo eles são forçados a viver sob o controle dos humanos, o que é similar ao vampiro de Nosferatu, que tecnicamente está vivendo entre os humanos como um. Bom, ele não está vivendo como um humano por escolha própria, ele meio que se adaptou ao tempo dele, ele precisa viver como um para atrair mulheres e se alimentar. Enquanto isso os alunos de Vampire Knight vivem em um acordo com os humanos.
Tudo bem que não cobrimos os dois animes com muitos detalhes, e foram só alguns pontos dos dois. Mas o que eu quero dizer é: será que essa mudança no papel do vampiro nas histórias é necessária? Digo, a gente precisa realmente dar um gênero pro vampiro?
É possível falar que atualmente criamos sub-categorias quando falamos de vampiros. Nas obras passadas, o vampiro cobria tanto o gênero romântico como o de horror. Porém, a história, em termos de qualidade, não era considerada uma obra de arte. E sim algo que se preocupava em agradar o maior público possível, enquanto isso, hoje em dia, as coisas ficaram mais categorizadas, ou ele cobre romance ou ele cobre horror. O que é algo benéfico em termos de marketing, já que vimos filmes de vampiro fazendo grande sucesso (Crepúsculo). No mundo dos animes isso também é algo popular, temos animes como Blood Lad, Blade, Bakemonogatari, as séries Blood, Dance in the Vampire Bund, além dos recém comentados Hellsing e Vampire Knight. Infelizmente, o sucesso desses animes não é o suficiente para se comparar aos de obras americanas. Mas vamos falar a verdade, mais pessoas assistem séries do que animes.
Para concluir, é possível falar que o papel do vampiro nunca mudou, ele sempre foi uma figura que cobre ambas categorias românticas e de horror, a diferença de antes pra hoje, é que ele não cobre as duas ao mesmo tempo. Com a opção de focar em uma ou outra, temos a chances de ver filmes que fazem mais sucesso. A desvantagem? É o fato dos filmes atuais focarem em uma das categorias e a outra perder o brilho. Digo, um filme de romance nunca vai dar medo, e vice-versa, fazendo com o que o público acredite que só existem vampiros que dão medo ou vampiros que são românticos. Enquanto na realidade, o vampiro foi criado para cobrir ambas categorias.