Café com Anime – Magical Girl Spec-Ops Asuka, episódio 3
Bom dia!
Bem-vindo a mais uma sessão do Café com Anime! A mesa redonda virtual na qual eu, o Diego (É Só Um Desenho), o Gato de Ulthar (Dissidência Pop) e o Vinicius Marino(Finisgeekis) conversamos sobre alguns animes que estamos assistindo juntos.
Cada um publica em seu blog sobre um anime diferente, e nessa temporada nos dividimos assim:
Dororo no É Só Um Desenho
Kouya no Kotobuki Hikoutai no Dissidência Pop
The Promised Neverland no Finisgeekis, e
Magical Girl Spec-Ops Asuka aqui no Anime21!
Leia a seguir nosso bate-papo sobre o episódio 3:
Quando você só quer assistir Cheerleader Samurai vs Mecha Shark com suas amigas mas é sequestrada por uma garota mágica do mal.
Que episódio bom na caracterização de personagens, não acharam?
A Kurumi é mesmo apaixonada pela Asuka. E parece que tem fortes tendências yandere também. Bem que eu achei ela meio assustadora no episódio anterior. E ela era violentamente maltratada na escola, e aposto que a Asuka a salvou em algum momento e foi aí que tudo começou. Claro que hoje ela é forte (ela é uma garota mágica!), mas trauma é um troço complicado. Ela se sente fraca e ainda é dependente da Asuka.
A Sayaka está bastante traumatizada, falando nisso. Doces de mau gosto que fazem barulhos parecidos com tiros (ainda que baixos) são suficientes para causar trigger nela. E, curiosamente, nas garotas mágicas também, embora elas sejam treinadas para reagir de forma diferente e mais útil, ficando alertas. E na piscina a Sayaka decidiu desafiar outro medo seu, o de altura, para tentar lidar com isso. Ela está tentando se tornar mais forte.
Com o episódio anterior e esse agora acredito que entendi o que o anime chama de fraco e forte. Óbvio que não é literalmente força física, ou poder mágico, ou poder de fogo. É o poder mental de conquistar seus próprios medos. A Sayaka no episódio anterior disse que se sentia fraca porque não conseguiu sequer pensar em tentar fazer algo pelas pessoas que foram mortas pelos terroristas. Não é uma forma razoável de pensar porque não havia mesmo nada que ela pudesse fazer, mas dá pra entender o sentido. Enquanto isso, a Kurumi não é das garotas mágicas mais poderosas, mas mesmo assim enfrentou um disa sozinha. Saiu quicando mas não pretendia correr ou recuar. Ela é forte. A Asuka vive dizendo isso para ela, e está certa.
O que isso torna a Asuka então? Ela está fugindo. Ela diz que é para proteger aqueles que ela ama, mas a Kurumi já enxergou através de sua hipocrisia. Asuka está fugindo porque está com medo. Durante a guerra ela era a mais forte das garotas mágias, mas hoje Asuka é fraca.
Episódio bacana mesmo, e isso que foi um episódio em parte de piscina! Uma subdivisão do típico episódio de praia para os que não possibilidade de irem até o litoral! E o fanservice nesse episódio? Foi bem generoso, piscina, academia, peitões para lá e para cá…
A Kurumi foi assustadora e isso dá um tempero na relação dela com a Asuka, estou ansioso para ver onde isso vai parar!
O Fábio não mencionou, mas eu gostei também de ver aquela mahou shoujo dos EUA em ação, foi bem interessante lidar com mais um ponto de vista diverso, de alguém que assume uma responsabilidade de “limpar a escória” e não foge desse seu suposto “destino”. Bem pertinente o que foi levantado sobre o que é ser forte e o que é ser fraco, ver a Sayaka em plena crise de transtorno pós-traumático foi revelador, e isso conjugado com as próprias dúvidas da Asuka deu o tom do episódio.
E falando de uma curiosidade, talvez nem tenha sido proposital, mas no interrogatório do terrorista ele dá dois nomes para a organização mágica terrorista, o primeiro é “Biblioteca de Babel”, depois ele já emenda “Brigada de Babel”, que creio seja o nome oficial. Mas é curioso terem mencionado Biblioteca de Babel, talvez seja só uma confusão mental do terrorista, mas em todo caso é o nome de um dos contos mais famosos do escritor argentino Jorge Luis Borges, um dos maiores expoentes do realismo fantástico.
Neste conto, Jorge Luis Borges criou uma biblioteca infinita que abrigaria todos os livros possíveis, pois a biblioteca conteria todas as combinações das letras do alfabeto, então em algum lugar dela você encontrará todos os livros já escritos e os que ainda serão, até mesmo um rabisco seu qualquer ou uma lista de compras. A história se inicia com uma complexa descrição da arquitetura do ambiente, formado em suas próprias palavras por “um número indefinido, e talvez infinito, de galerias hexagonais, com vastos poços de ventilação no centro, cercados por balaustradas baixíssimas”. Basicamente a biblioteca se pareceria com isso:
Mesmo sendo fisicamente inviável criar algo do gênero, já desenvolveram uma versão online, onde dá para brincar com a biblioteca, recomendo darem uma fuçada nesse site.
A Kurumi totalmente quer o corpo da Asuka nu. E possivelmente numa gaiola, só pra ela. Tinha momentos que eu estava só esperando a cena dela decapitando as duas amigas da Asuka em algum beco escuro 😛 Só espero que o anime não chegue a ir por esse lado, já que aí estariamos entrando em níveis irrecuperáveis de trash.
Mas bom, eu curti o episódio. É legal ver esse dia a dia comum da Asuka, dá pra entender muito bem porque ela não gostaria de abandonar isso em prol de mais uma guerra. E após o que aconteceu com os pais dela, é compreensível que ela tenha decidido que lutar é mais perigoso para seus entes queridos do que apenas ficar no canto.
Infelizmente, o anime parece discordar. A genki girl da vez foi sequestrada, e enquanto eu espero que ela saia dessa viva, não sei se vai sair inteira. E ver uma amiga sua “quebrar” pode ser exatamente o que a Asuka precisa para abandonar de vez a hesitação e voltar à ativa. O que é uma pena pra Nozomi, que está em péssimos lençóis.
A decisão da Asuka é compreensível, sem dúvida, na mesma medida que é compreensível que a Sayaka tenha ataques de pânico ao escutar barulhos que a lembram de tiros ou sirenes ou qualquer coisa que tenha a ver com aquele dia fatídico do primeiro episódio. É trauma. É medo. A Asuka está fugindo. A Kurumi pode ser meio doida de pedra (por causa do trauma dela também?), mas a avaliação mental que ela fez da Asuka acertou em cheio: para proteger, ela pretende não lutar?
Quando a Asuka vai reunir coragem e “mergulhar”, como a Sayaka? O que será preciso para que ela finalmente tome essa decisão?
Tempos atrás o Fábio criticou um artigo meu por ter citado o Borges sem explicar quem era. Graças ao Gato, estamos agora todos na mesma página. 😝
Voltando ao assunto, acho que o final do episódio já nos deu a resposta, Fábio. O sequestro da amiga na certa será o gatilho que fará a Asuka mergulhar. Isso bate com aquele discurso críptico da Kurumi em que ela diz que está fazendo as coisas “ao contrário”. A saber, que ela precisa lutar, não deixar de fazê-lo, se deseja preservar a vida que tem.
É un tijolo a mais na caracterização dela como uma veterana de espírito quebrado. Que, como vocês bem disseram, foi um entre tantos ingredientes num episódio repleto de caracterizações fantásticas. Nesse sentido, a “Just Cause” Mia foi de longe minha favorita. Ela não ficaria mais americana se tatuasse uma águia na bunda.
Faltou ela comer um hambúrguer no final da missão 😃
Mas ok, já que você puxou, eu acho que ela deu uma palhinha nesse episódio só pra gente saber que ela existe, o que anda fazendo, e pra dar a primeira pista sobre a organização por trás de tudo. Quero dizer, se fosse só aquele terrorista torturado no Japão, a gente ainda poderia ficar em dúvida sobre o tamanho da ameaça, mas como eles apareceram também literalmente do outro lado do mundo não resta espaço para dúvida: a Babel é a organização vilã que eles precisam derrotar. Pelo menos por enquanto, não sabemos mais nada e ela pode ser só a frente de algo ainda maior, mas enfim. Mas deixa a Babel para daqui a pouco.
A Mia, o que acharam da Mia?
A Mia? ela é a típica norte-americana né? Mas gostei da personagem e do pragmatismo dela, não importa se os terroristas são humanos ou seres mágicos, ela vai chutar a bunda de todos igualmente.
E é como você disse, foi fundamental mostrar ela chegando na constatação de que a ameaça é global e não meramente japonesa.
E interessante como esse grupo de garotas mágicas é bastante globalizado. Parece mesmo uma trama policial de espionagem internacional do que um mahou shoujo, e isso está sendo bem legal.
Eu fiquei meio indiferente à Mia, pra ser sincero. Gostei da cena dela, avança o plot mais do que eu esperava quando ela começou, mas a personagem em si… Sei lá, acho que vou precisar ver mais dela (não só em ação, mas também em seu dia a dia mais mundano) antes de sentir qualquer coisa que seja pela personagem.
Eu amei que a “varinha” dela é uma arma que parece assumir várias formas diferentes. Nada mais americano, mas também mais útil para uma combatente de linha.
Eu chuto que a varinha só pode assumir formas de armas de fogo. Porque “América” 😃 Se bem que isso levanta a pergunta de se teremos coisas como bazucas, canhões, etc. 😛
Falando de armas, achei bem legal as armas da Asuka, as karambits, quando escutei esse nome me pareceu familiar, demorei para lembrar que são adagas de origem indonésia adaptados para uso militar moderno. É que eu lembrei dos karambit warrioes do Age of Empire II, mas especificamente é a unidade única dos malaios.
E Sobre a Brigada de Babel então? O que acham que ela é e qual seu objetivo?
Causar o caos? Porque pelo menos por esse começo é isso que vem parecendo. Não imagino muitos objetivos que necessitem liberar um monstro de pelúcia tecnologicamente alterado no meio da cidade 😛
Eles têm o objetivo de caçar ou capturar ou, enfim, as garotas mágicas são seu alvo. Não é apenas caos totalmente aleatório, o que imagino que seria muito fácil para eles conseguir.
Parece que a Brigada de Babel quer uma espécie de vingança pelo resultado da guerra.
Você acha? Não senti essa vibe de vingança em nenhum momento. Lembrando que a guerra foi só contra os Ursinhos Carinhosos (os disas).
Pelos comentários do núcleo dos inimigos lá no primeiro episódio. Me passou a impressão que querem se vingar.
Eu também senti que eles têm negócios inacabados. Não sei se apostaria em uma vingança, mas certamente parece gente que desejava ver a guerra terminar de outra forma. Ou, pelo menos, estender-se um tanto mais.
Eu não duvidaria se as próprias garotas mágicas “rebeldes” estivessem por trás disso. Não seria a primeira história de uma super-arma de guerra se rebelando contra seu usuário.
Quem teria tal interesse? Bom, sabemos muito pouco sobre a Brigada de Babel ainda, não sei até que ponto vale a pena especular muito nesse momento.
Mas podemos especular sobre seus planos imediatos: por que acham que elas estão caçando garotas mágicas? Ou será que é só a Asuka que elas estão caçando?
Como o papai adotivo da Asuka disse no primeiro episódio, não há exatamente força na Terra que seja páreo para elas. Isto abre portas para uma porção de justificativas.
Eles podem querer neutralizá-las para um suposto plano maligno. Podem querer cooptá-las para algum conluio. Podem querer aprender mais sobre elas para todo tipo de depravidade.
Acho que as garotas mágicas estão sendo caçados justamente por serem garotas mágicas, que não por acaso são a força de combate mais poderosa da Terra, seria natural os inimigos tentarem neutralizar uma ameaça tão formidável.
É meio complicado imaginar um motivo quando as que estão caçando são também garotas magicas. Talvez só queiram as atuais fora da jogada, para que não atrapalhem planos futuros, ou talvez na verdade queiram é recrutar as garotas de alguma forma.
Compartilho de sua interpretação, Diego, acho que o fato delas terem garotas mágicas próprias torna a coisa bem mais complexa. E digo mais: a minha impressão é que o alvo é especificamente a Asuka, não todas as garotas mágicas. Mas vamos ver nos próximos episódios, sempre lembrando que o mangá está em andamento e talvez não tenhamos esse tipo de resposta no curso do anime. Pelo menos o desenvolvimento das personagens está muito bom, e estou curioso (e morrendo de pena) para ver o que será da Nozomi.
Até lá!