Legend of the Galactic Heroes: Die Neue These Stellar War – ep 10 – E uma nova dinastia nasce?
A guerra no Império já havia sido decidida, mas acabar mesmo ela só acabou nesse episódio e posso escrever que gostei do desfecho, ainda que não tenha muito a destacar, pelo menos nada além da reafirmação de vários pontos que vêm sendo abordados ao longo do anime. É hora de LOGH no Anime21!
Acho bem peculiar a posição da Annerose na trama, pois ainda que indiretamente ela que influenciou na queda da dinastia que reinava a cinco séculos, com sua tranquilidade e gentileza ela mudou o mundo, e ela é uma mulher, mas é uma pena que seja “só” isso. Digo, é uma pena que não tenha papel relevante na trama.
Aliás, é uma pena que essa sociedade não seja muito diferente do que se vê muito ao longo da história. Qual o problema em ela, Annerose, ou Elizabeth, a filha de Otho, serem mais que musas inspiradoras ou mercadoria de troca? Por que o homem morrer representa o fim de uma dinastia e a mulher não? Porque ninguém irá segui-la!
Acho uma pena que seja assim, e não é como se LOGH não tivesse personagens femininas fortes, ou que ao menos parecem ser fortes, mas uma delas morreu e as outras duas são mais suportes para os protagonistas que personagens destacáveis por si próprias…
Sei que não é como se o autor desprezasse o papel da mulher, não acho que seja o caso, o que me entristece mesmo é ver que a perspectiva da sociedade é se manter presa aos mesmos valores, ainda que seu desenvolvimento, principalmente tecnológico, leve a muitas mudanças.
Por outro lado, isso é interessante porque se aproveita da reflexão promovida pela máxima de que estamos fadados a cometer os mesmos erros, a história mostra isso, que o ser humano, passe o tempo que for, não melhora tanto assim.
No fim, a distância entre a sociedade contemporânea e uma de um sci-fi como LOGH não é tão grande, ao menos os autores costumam acreditar que não seria…
Aliás, é também por isso que temos a cena com a discussão entre o Reinhard e Kircheis, um bate boca de mais que chefe e subordinado, uma divergência de formas de pensar e agir entre grandes amigos.
O Kircheis não me pareceu só decepcionado, mas também alarmado, pois se o Reinhard foi capaz de trair suas próprias palavras, o que garante que ele não fará o mesmo que a dinastia tirana que tirou do poder? O que o difere dos nobres que ele desprezava tanto?
Dá para mensurar mesmo qual pecado é pior? E, na verdade, não se trata do tamanho do pecado, mas de ser um pecado horrível, e um hipócrita. Não era para combater o desrespeito a vida humana, banalizada no Império devido aos despautérios dos nobres, que ele chegou aonde chegou?
Se no final o Reinhard se vale dos mesmos métodos dos seus inimigos, ou de métodos muito parecidos aos deles, há alguma diferença entre suas atitudes e o mal que jurou combater?
Fiquemos com a reflexão. Isso não é coisa para ser respondida em uma semana ou duas, mas em um bom tempo, seja de anime ou de vida de cada um, e até por isso não julgo o Kircheis por permanecer ao lado dele.
O que ele poderia fazer? Jogar a culpa toda no Oberstein também seria fechar os olhos para a verdade. Não é assim que a coisa funciona, o Reinhard pode até ter sido minimamente induzido, mas a decisão final sempre foi dele, ele quem escolheu o caminho do diabo e precisará arcar com as consequências dele.
Aliás, o Oberstein realmente é o diabinho no outro ombro do Reinhard. Se um é a luz, o outro é a sombra e isso é legal, porque cada um extrai o mais belo e severo do mesmo personagem. Chego a pensar que o Reinhard não seria um personagem tão interessante sem um braço direito como o Kircheis e um braço esquerdo como o Oberstein.
É tão óbvia essa situação que a dupla dinâmica, os dois subordinados mais atentos, percebe isso e pondera sobre o peso que esse amalgama de relações terá no meio deles. Qualquer que seja o desenrolar, a certeza é de que deve impactar diretamente os rumos do Império Galáctico daqui em diante.
Enfim, nem tenho o que comentar sobre o ataque direto e imbecil do duque, talvez que reforçar mais a estupidez dele não era algo ruim e nem incoerente, porque gente estúpida a esse ponto já se cegou completamente sobre o que está ao seu redor? Não à toa o sobrinho teve o “delírio” que teve, né…
E uma morte nada honrada, pelas costas, miserável mesmo. Por quê? Porque não entendia nada da grandeza que tanto evocava, ou melhor, não entendia que tal grandeza não tinha mais valor algum, se algum dia sequer teve… Esse nível de estupidez costuma ser paga com a vida em uma história feito LOGH.
No final das contas, a derrota já era certa, quer o Otho tivesse passado a usar algo que nunca pareceu ter, bom senso, ou não, o caso era só como aconteceria e, honestamente, ocorreu da pior maneira possível para os “rebeldes”. A Dinastia Goldenbaum teve um fim ridículo!
A conversa entre Merkatz e Schneider foi outro desses momentos em que algo que vem sendo trabalhado discretamente ao longo do anime, principalmente nos últimos episódios, teve sua “recompensa”. Se há uma coisa certa nessa vida é que apreço genuíno não se compra, se faz por merecer e foi exatamente o que pudemos ver entre Merkatz e seu homem de confiança.
Quer ele faça parte de uma nação livre ou não, isso não significa que sua vida e sua pessoa não tenham valor, pelo contrário, é ainda mais legal ver que ele parece não só um militar, mas uma pessoa de respeito, mesmo inserido no meio horrível no qual se encontrava.
Que o Yang não vai matá-lo nem coisa parecida eu tenho certeza, mas como ele e seu subordinado serão aproveitados não sei mesmo, duvido que seja como um oficial de alta patente pelo lado da Aliança, mas talvez um braço direito tático? Ou um consultor?
O fato é que sua aceitação a ideia de desertar só foi possível devido a sua clara insatisfação com seu senhor e o Império que ele desejava literalmente para si.
Merkatz é um homem inteligente e que ainda pode ser bem útil nessa trama, resta sabermos como será aproveitado. O importante para mim é que as breves interações entre ele e seu braço direito, assim como sua cara fechada quando via o Otho defecar pela boca, foram justificadas com seu desfecho nesse ponto.
Ele ter ficado ao lado do Braunschweig até esse momento eu posso comparar a um(a) namorado(a) que mantém um relacionamento infrutífero devido a acomodação, a família, ao status quo, etc. Com uma ruptura abrupta das amarras mentais que o prendiam a relação tóxica ele finalmente se libertou de seus grilhões.
O fim de Otho von Braunschweig e, por tabela, da Dinastia Goldenbaum já era esperado, mas a forma como se deu foi certamente patética, digna do homem deplorável que o duque foi.
Envergonhando sua linhagem até o último minuto, não tendo sequer coragem para aceitar o papel que lhe cabia, que ele mesmo buscou para si ao entrar em uma guerra que não pensou direito em como vencer.
A Dinastia Goldenbaum caiu por mérito próprio, digo, de seus descendentes vivos no período em que o Reinhard ganhou poder e se tornou o que é, o muito provável novo número um no Império, o líder de uma nova ordem. Ainda uma tirania, é verdade, mas uma tirania diferente, ou ao menos é nisso que ele quer acreditar…
Achei o episodio bom, gostei dos momentos de personagem do Flegel e do Merkatz, assim como da discussão do Kircheis com o Reinhard e do estranhamento subsequente, só quero saber quais desdobramentos essa divergência entre os dois terá, e o que o Reinhard fará contra a Aliança agora que detém o poder no Império.
Finalmente está chegando a hora dos heróis se enfrentarem de novo, contudo, imagino que isso só veremos em uma vindoura e, creio eu, possível terceira temporada.
Quer ela seja lançada em formato de filme e depois passe para o formato episódico, ou nem isso, se mantiver Binary Star e a qualidade que LOGH tem (aturo até os defeitinhos que não costumo citar muito…) vou assistir e cobrir com gosto!
Até a próxima!