Nami yo Kiitekure – ep 3 – Nas ondas da rádio, da necessidade nasce a oportunidade
Ao fim do dia, por mais bêbado que você possa ter ido dormir, e por pior que seja a ressaca ao acordar, há algo que preocupa a todos – ricos e pobres, homens e mulheres, pessoas reais e personagens de anime –, o money, que é good e nois num have (aliás, se quiser fazer uma doação para ajudar o blog a se manter funcionando saiba que terá toda a minha gratidão), e não poderia ser diferente para a Minare-san…
A estrela desse programa semanal que perdeu o emprego, saiu de seu apartamento e descobriu algo nem tão surpreendente sobre si mesma, além de ter faturado um programa as 3 fuckin’ da manhã. Em um dia ela passou por mais reviravoltas na vida do que passei em décadas, mas não sou eu o protagonista dessa anime, não é? É por ser ela a estrela que estou aqui e vou comentar o ato final de apresentação da sua história.
Para quem já havia sido intimada sobre sua demissão a Minare até que tentou resistir bravamente, mas é claro que não daria certo, e que bom que não daria certo, porque é na adversidade que a heroína dessa obra faz o que sabe fazer de melhor, falar pelos cotovelos, sobre tudo, sobre todos, não destilando veneno, mas despejando verdades (ou o que ela toma por verdade) e brincadeiras; todas tão criativas que me fazem até pensar…
Que a Minare Koda é uma mulher real. É sério, o autor de Blade se supera na forma como constrói a personagem, sem apego a qualquer cartilha que diz que personagem x deve agir de maneira y devido a motivo z. Nananinanão, a Minare é a mesma pessoa que diz não generalizar os outros enquanto baixa o cacete em uma pessoa próxima a um estereótipo e em outro momento zoa o chefe devido a uma observação sua dele.
Ela foi maldosa, mas, honestamente, pessoas são maldosas o tempo todo quando estão com raiva, ainda mais ao conversar com um amigo, ainda mais tomando todas. Me reservo o direito de achar divertido ver alguém bebendo, ao menos na ficção, mesmo sem eu saber a sensação, ainda mais quando é uma personagem que nem muda muito com a bebida, no máximo diz sem mais pudor ainda o que sente e perde parte da memória.
Enfim, o episódio pode ser dividido em quatro momentos principais e são eles que vou comentar agora. O primeiro compreendeu a bebedeira dela com o ex-colega de trabalho e sua clara tentativa de se aproximar dela. Por um instante pensei que ele tinha tentado encostar nela, acho que você entendeu, antes de acordar, mas não, voltei o vídeo e vi que ele queria acordá-la. Ufa, aliviar uma tentativa de abuso não é comigo, não mesmo…
A verdade é que ele tem sim interesse nela, mas ela só o vê como amigo e, na boa, não esperava outra atitude da personagem. Ela acabou de sair de um relacionamento tóxico (se pegar grana e dar um pé na bunda não for tóxico eu não sei mais o que é), foi demitida e está sem grana; a última coisa que deve querer é se apoiar em alguém e se aventurar em uma relação desequilibrada, em que poderia sofrer ao depender do parceiro.
Okay, talvez ela sequer tenha pensado nisso tão a fundo, ainda mais bêbada, mas fosse outra talvez aceitasse a oferta, até se aproveitaria da situação, mas não, Minare é uma mulher independente que quer ganhar a grana das suas biritas com seu suor; se estiver tão frio para suar, com seu esforço. Sendo assim, nada de relacionamentos por enquanto, mas reações inusitadas e ideias malucas sempre vão cair bem, ao menos se vierem dela.
Nisso desemboca o segundo momento, meio que explicando o que o quatro olhos era da Minare, seu vizinho. Ele vai trabalhar ou trabalha na rádio (pensei nisso porque ele aparece na abertura junto dos outros caras de lá)? Não sei, a única certeza é que ele é um cara prestativo e que deveria ser mais sincero.
Não que contar a Minare que ela parava bebaça no ap dele fosse com cem por cento de certeza mudar os hábitos questionáveis dela, mas ele deveria ter tentado. Enfim, não entendi muito bem a cena inicial dele antes da abertura, se era só zoeira ou tem explicação, mas me diverti demais com a situação completamente absurda que ela cria devido a bebedeira.
Isso devido a não ter bebido demais, ou só ter conseguido manter a consciência. A tentativa dela de se aproveitar da situação, já entrando em desespero, mas na maior parte (espero eu) por zoeira, tirou o melhor do meu riso. Não que o anime já não faça isso praticamente o episódio todo. Wave é uma comédia bem peculiar em que você se fascina com o quão a protagonista é louca ou você não se diverte. Eu adoro, então…
Continuei curtindo bastante o episódio em sua segunda metade, momentos três e quatro, e, apesar de alguma seriedade ter sido trazida a trama, as zoeiras não ficaram de lado. Pelo contrário, encaixaram muito bem para mostrar como funciona o universo de uma rádio de médio porte regional, ou como funciona o mundo da rádio em geral Além disso, foi bom para ver que mesmo a Minare quer compreender o que está tateando.
Uma mulher em sua situação precisa arriscar, mas precisa também ter alguma segurança, se não isso, a certeza de que o custo daquilo em que está se envolvendo é um preço que ela pode apagar. Não estou me referindo a dinheiro, mas ao quanto ela vai poder garantir seu sucesso com os próprios esforços. Um emprego mais estável seria mais conveniente, é claro, mas em qualquer lugar ou situação ela “sairia para caçar” do mesmo jeito.
Então, se é para fazer isso, que seja onde a oportunidade para ela já estava aberta, não que sua necessidade tenha feito a oportunidade (mesmo sem precisar ela já a teria), mas foi ela que a fez caminhar nessa direção. E é quase sempre assim na vida, repare na sua vida como mesmo nas piores situações surge uma oportunidade de endireitar as coisas, ainda que para uma realidade diferente. Se nada de bom surge do aperto, então você é…
Alguém azarado, algo que a Minare certamente não é. Quem diria que ela nasceria a cara (apesar de eu nem ter achado as duas tão parecidas) da tal Sissel Komei? E melhor, fosse capaz de fazer algo similar ao tipo de comédia que ela fazia, e tudo isso ao natural? Okay, tomar uns corotes não é a melhor definição de natural, mas a gente já viu ela fazendo coisas mais loucas bem lúcida. A Minare é um diamante bruto a ser lapidado.
Na verdade, ela talvez seja um diamante bruto tão raro que nem precise de lapidação. É autodidata que chama, né? Eu nunca fui assim em nada, talvez no máximo para escrever sobre anime. É, eu sei que não é bem por aí, estou zoando. Enfim, a conversa da Minare com o Mato foi bem legal não só pelas zoeiras dela, mas também pela situação em que ela foi colocada, com um programa nas madrugadas e um desafio do bom a superar.
03:30 da madrugada é um horário bem específico e, sejamos honestos, horrível em todos os aspectos, não é tão cedo da manhã para que quem acorda com as galinhas já esteja de pé (ou esteja deitado, mas tenha acordado), nem tão tarde da noite para que alguém que dorme tarde e/ou pouco possa ouvir o programa. Então, dentro desse cenário, ela vai ter que ralar para atrair a atenção de um público inicial limitado.
A campanha boca a boca precisa vingar e não só isso, é necessária uma audiência fiel para atrair patrocínio e estabilizar o programa na grade. Isso não se conquista com pouco esforço na rádio, afinal, ainda que quem apresente o programa não dê a cara a tapa, a voz também é uma forma de atuação, e é justamente com ela, seu ponto forte, que a Minare precisará encontrar forças para suceder Sissel Komei, ainda que nem queira isso.
O quarto e derradeiro momento desse episódio foi uma conversa entre garotas, o batismo em uma casa nova, ótima para que o público conhecesse um pouco mais a assistente que vai trabalhar com a protagonista e pudesse tanto vislumbrar como funciona a paixão pela rádio para alguém que trabalha no ramo, quanto o impacto, e um positivo, que a Minare é capaz de causar em um ouvinte, Só ela mesma para querer o negativo…
Só eu mesmo para me encantar com uma personagem de anime tão sem noção e, muitas vezes pelos piores aspectos, tão humana. Ou não, talvez você também se sinta assim pela loira (oxigenada, será?) má de copo, mas boa de papo. Nami yo Kittekure segue excelente e já estou na expectativa do que a maluca da Minare vai aprontar daqui em diante. Espero que a pandemia do coronavírus não atrase um divertimento tão “huehue”…
Até a próxima!