Episódio muito bom, o primeiro mini-arco fechou bem e foi o pontapé inicial para uma expansão de mundo. É hora de Jujutsu Kaisen no Anime21!

O Yuuji é feito de refém pelo Sukuna em uma das melhores cenas do anime até agora, com direito a momentânea sobriedade da maldição dando lugar a uma insanidade “cadenciada” em sua melhor forma. O Sukuna ainda é capaz de coisa pior, obviamente, mas a brincadeira dele com o Fushiguro já deu a palinha do que o personagem é capaz.

Do outro lado, a hesitação do Fushiguro deu lugar a seu forte, mas insuficiente, espírito de luta, só que logo ficou claro que ele não conseguiria lutar de igual para igual e precisaria usar seu trunfo. Faz tempo que apontei isso, que em detalhes o garoto dava a entender que era capaz de mais do que já havia mostrado.

Mas antes disso ele tomou uma surra bem dada com direito a animação de qualidade, ainda que longe de espalhafatosa, e uma trilha sonora que deu o tom não só desse trecho, mas de todo o episódio, principalmente de sua metade mais tensa. De maneira contida a produção demonstrou qualidade suficiente para empolgar em cenas mais importantes futuras.

Enfim, o Yuuji morre em uma cena triste e bela, mas que não engana ninguém, né, logo mais ele volta. É mais interessante comentar a filosofia de vida do Fushiguro e como seu passado triste a afetou positivamente. Aliás, não vou dar spoilers da história do personagem, mas posso entregar uma coisa ou outra.

Por exemplo, o pai dele é um desgraçado como ele mesmo cita, a Tsukimi é sua irmã adotiva e ela demora bem mais a dar as caras no mangá, então a ideia da produção de pelo menos pincelar sua aparência e até mesmo dar a ela um belo momento na abertura foi muito bacana. A direção tem feito um trabalho de “encorpar” a trama adequadamente.

Quanto a filosofia do co-protagonista, gosto muito dela, porque é muito realista e ao mesmo tempo é bem flexível. Inclusive, repito o que escrevi no artigo anterior, acho que a forma como ele colocou a situação para o Yuuji não foi a melhor, mas entendendo como pensa fica claro que ele se referia a isso, a “discriminação” positiva que ele propõe.

Não dá para salvar todo mundo igualmente até porque nem todo mundo precisa do mesmo cuidado, da mesma atenção, e é consciente disso que o Fushiguro segue em seu caminho tentando salvar o amigo a frente, mas fracassando de maneira retumbante. A sorte dele é que Jujutsu Kaisen é um battle shounen e eu nem preciso dizer o que isso significa.

Enfim, os vilões são brevemente apresentados e entre eles há um humano, o que fica claro porque ele é visto por outros humanos ao entrar na lanchonete, além de ter cara de humano, apesar de existirem maldições que poderiam ser facilmente confundidas com um. Focando no que interessa, não tem como não abordar o desejo das maldições e a lógica por trás delas.

Se os seres humanos se valem de suas fachadas, mas por dentro são bem diferentes, muitas vezes chafurdando no fundo do poço da hipocrisia, por que são as maldições, criaturas que nascem dos desejos genuínos dos humanos, que devem ser exterminadas? Não seriam as maldições a expressão da verdadeira natureza humana?

Eu acho que seriam (ao menos da parte ruim), assim como acho que existe alguma lógica por trás do que eles querem. Entretanto, também é impossível negar que as maldições só existem por causa dos humanos e que os feiticeiros jujutsu mesmo são uma prova de que “coexistir” não é exatamente impossível, apesar de ser um caminho tortuoso que ninguém parece querer trilhar não.

Nem mesmo os manda-chuvas da organização de feiticeiros, a qual, como bem exposto pelo Gojou, mandou três adolescentes para uma missão de alto risco a fim de se livrar de um problema permitido pelo queridinho, mas ao mesmo tempo temido, Gojou: o maior feiticeiro de sua geração. Quem se opõe a ele certamente teme seu poder e influência, a qual aumenta tendo Sukuna debaixo do seu sovaco.

Isso faz a gente ver que mesmo em uma organização dita protetora da humanidade, ainda assim, existe politicagem, briga de interesses, invejas e armadilhas para dar a perna em quem pensa e age diferente. A própria organização é uma prova de como os humanos estão errados, ainda que não só eles, o que nos leva a não ver todos os feiticeiros como meros aliados da justiça.

Quer outro exemplo da politicagem barata dessa gente? O intercâmbio é ou não e um artifício para medir forças entre facções distintas? Os estranhos segundanistas se apresentam e chamam os primeiranistas restantes para o evento e se você me disser que existe motivo para lutarem além de medir forças entre as alas eu vou chamar você de inocente.

Daria para treinar e medir a força dos garotos com o Gojou e o respectivo dele em Kyoto, né? De toda forma, o importante é que mesmo entrando em mais um clichê, o da competição entre heróis em uma espécie de “torneio”, Jujutsu ainda entrega bastante coisa pé no chão e interessante para a trama, que vai além do estilo e da ação.

Nem falei dos senpais, porque no episódio ficou claro o quanto são estranhos, mesmo a Maki tem características peculiares, apesar de sua aparência e jeito mais normal. Eles acabam contrastando um pouco com o trio de protagonistas mais “basicão” e sim, o panda é um panda que se tornou inteligente devido a energia amaldiçoada. Já o carinho das frases aleatórias é uma espécie de Shaka de olhos fechados de Jujutsu Kaisen.

Por fim, foi um episódio mais sério e ao mesmo tempo bem interessante, até pelo que ele expande na trama. Tem os clichês quase que inerentes aos battle shounens e deles a série não vai se livrar, mas nem precisa, o importante é que se mantenha divertindo com um bom punhado de qualidade narrativa e artística. Gostei muito desse episódio, me deixou animado para a sequência do anime.

Até a próxima!

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