Interessante notar quantos titãs foram envolvidos nessa batalha, mais uma prova do quão grandioso é aquele confronto. Dos nove titãs originais apenas a titã fêmea da Annie não estava lá. Sem dúvidas é uma oportunidade de ouro para acabar com as forças inimigas ao mesmo tempo que fortalece as aliadas. E o Eren parece estar aproveitando essa oportunidade…

O episódio anterior acabou com uma cena aterrorizante para o Galliard, uma visão que poderia facilmente acompanha-lo em pesadelos futuros. Foi uma excelente cena para acabar o episódio, mas logo em seguida o que vemos é a chegada da Pieck para a salvação do seu velho amigo. Não demora muito até a chegada do Zeke, e com ele a vantagem muda para o lado de Marley.

Isso fica muito claro quando a própria Pieck expõe a situação dos seus oponentes. Eles estão encurralados e não irá demorar para que todos sejam eliminados. Uma completa virada de jogo, a pouco o Galliard é que estava em uma situação bastante tensa. Mal sabia ele que acabaria numa situação ainda mais desesperadora do que aquela de antes.

Pois se os ventos sopram para um lado eles também podem mudar o seu rumo e soprar para a direção oposta. E novamente uma sucessão de acontecimentos mudou completamente o rumo da batalha. A chegada do Colossal que destroçou a frota de Marley, a derrota do Bestial para o Levi e por fim o total extermínio do esquadrão da Pieck e por pouco o dela mesmo. Do lado de Marley, sobrou apenas o Galliard.

Uma das coisas que eu tenho que destacar nessas cenas é o quão eficiente foi o trabalho com esses novos personagens. O anime conseguiu dar algum peso a tudo aquilo que acontecia com eles. Ainda mais quando o episódio todo se resume a eles sendo esmagados aos poucos.

E isso tudo ocorre pelas próprias mãos do pessoal de Paradis. É o momento que o antigo Eren sempre desejou mas que agora todos percebem o real significado da guerra. E sobre esse ponto é que o Armin se destaca.

Assim como o Eren disse “eu sou como você” para o Reiner o próprio Armin pode ver o mundo pelos mesmos olhos que o Bertolt vira outrora. Se eles eram maus ou são demônios então o Armin e o Eren também o são e se eles não são demônios e nem são maus com qual direito o Eren e o Armin agora esmagam crianças e inocentes?

Entenda que mesmo que eles “não tenham escolha” eles não são soldados enviados ao campo de batalha contra as suas vontades. Muito pelo contrário, aquilo é exatamente aquilo que eles queriam, tanto que foram os próprios quem idealizaram o ataque.

Mas voltando para a ação, além do já citado Mandíbula, o Martelo de Guerra também estava no campo de batalha ainda que incapacitado de participar da batalha. Nada mais inteligente do que resolver esses dois problemas com uma cajadada só, e isso é exatamente o que o Eren fez. Usando do poderio destrutivo do Mandíbula contra a resistente defesa da cristalização do Martelo de Guerra.

E aqui outra vez o anime faz um grande trabalho em transmitir toda a tenção da cena mesmo que aqueles que estejam sofrendo sejam marlenianos.  Não apenas isso como deixar claro a culpa das tropas de Paradis, culpa bem compreendida por eles próprios. O Armin que já citei é um exemplo e outro é o Jean.

Ele hesitou quando teve a chance de eliminar a Pieck tudo porque teria que matar uma criança para concluir isso. Mesmo que ele esteja decidido em destruir os seus inimigos parte dele luta contra a ideia de matar inocentes, parte dele ainda hesita. Esta é a prova de sua humanidade, é a prova de que ele não se tornou um “demônio”.

É para não ter essas confusões que o anime amarrou as nossas mãos, ele impossibilitou que o espectador dividisse os grupos e personagens como certos e errados. Mas da mesma maneira todas as ações dos personagens estão envoltas em “certos e errados”. Matar uma criança inocente é errado, tentar salvar o seu povo e seus companheiros é certo.

Mas e se para salvar um companheiro for necessário matar uma criança? E se para salvar uma nação for necessário destruir uma outra? Ou quem sabe, até mesmo mais do que apenas uma? Pois esse é exatamente o preço cobrado para a liberdade em Shingeki no Kyojin.

Todos querem ser livres e para isso eles devem tirar a liberdade de seus inimigos. O ponto não é que eles estão certos ou errados de fazerem isso o ponto é que eles não possuem alternativas senão essa. Ou eles tiram a liberdade de seus inimigos ou seus inimigos tiram as deles. Esse é o problema da guerra e de suas implicações. Claro que você pode pensar que o pacifismo seja uma boa resposta para o problema. E quem sabe você esteja certo.

Não entrarei ao fundo das complicações e possíveis falhas de uma visão pacifista do mundo mas apenas direi que ela não se aplica em Shingeki no Kyojin. Na verdade o Rei Karl Fritz até tentou seguir por esse caminho e o resultado é o que estamos vendo agora. Tudo porque o anime criou para si mesmo uma teia de acontecimentos e motivações que tornam a opção de paz completamente impossível ou pelo menos inviável.

Isso só dá a cada um dos lados a opção de seguir em frente com a guerra e destruir completamente os seus adversários. Eu sei que isso é triste, mas a própria história da humanidade nos dá diversos exemplos disso e nos mostra as suas consequências.

E isso é algo para se ter certeza, sempre há consequências. E o futuro de Attack on Titan também irá mostra-las. Até mais.

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